
Embora muitos acreditem que a “infância é a melhor fase da vida de uma pessoa”, infelizmente isso nem sempre é verdade. Enquanto as depressões do adolescente e sobretudo as do adulto já estão há muito descritas e comentadas, a das crianças e sobretudo, as mais pequenas, ficaram até pouco tempo atrás, no silêncio, como se estas não pudessem senão ser poupadas pelo sofrimento de uma moral que não tinham acesso, isto porque, não se acreditava que as crianças pudessem sofrer deste tipo de perturbação emocional.
Apenas à cerca de umas décadas atrás, começou-se a tomar lentamente a consciência de que efetivamente as crianças podem sofrer deste problema, e que quando isto acontece é tão difícil para elas como para os adultos.
Muitas depressões da criança, poderão estar ligadas a um acontecimento vital, como por exemplo, a separação dos pais, mudança de escola, mudança de região ou país, a permanência num hospital, ou numa casa de acolhimento, falecimento de algum dos pais, ou irmão, ou de alguém muito próximo…
A criança pode expressar esse quadro depressivo de uma forma mais ou menos evidente, pois varia de acordo com as caraterísticas da própria criança, ou seja, a depressão infantil pode ser manifestada por diferentes sintomas, (muitos deles, diferentes dos adultos e dos adolescentes). Por exemplo, a depressão de um bebé, não tem as mesmas caraterísticas comportamentais da depressão de uma criança de 5-6 anos ou de uma criança de 10-12 anos. Isto porque, quando as crianças são pequenas, têm menos capacidade de se expressar e podem apresentar choro intenso ou irritabilidade, agressividade e queixas somáticas. Deste modo, o quadro semiológico da depressão da criança é, portanto, muito menos preciso do que a depressão do adulto.
As crianças em idade escolar, podem manifestar um humor irritável ou rabugento, com uma fraca concentração, memorização e consequente queda acentuada do rendimento escolar. Podem manifestar um certo isolamento e até tornarem-se agressivas, recusando-se a participar nas atividades e jogos coletivos.
É aqui que a Depressão Infantil se apresenta na sua forma atípica, escondendo os verdadeiros sentimentos depressivos sob uma máscara de irritabilidade, de agressividade, hiperatividade e rebeldia. O pensamento pode estar confuso, pois os sentimentos estão exacerbados.
Contudo, apesar de algumas crianças poderem apresentar a depressão de uma forma atípica, alguns dos casos apresentam os designados, sintomas clássicos, tal como nos adultos, onde predomina a tristeza, ansiedade, expectativa pessimista, mudanças nos hábitos alimentares, no sono ou, por outro lado, problemas físicos, fadiga, cólicas intestinais, dores inesperadas, fraqueza, tonturas, mal-estar geral e desinteresse pelas atividades que habitualmente eram interessantes.
As famílias, os professores e as pessoas mais próximas, apercebem-se das mudanças na criança, mas na maioria das vezes podem não compreender a sua causa, pelo que muitas vezes, tendem a adiar a procura de ajuda profissional. Até porque, o sentir-se triste ou com raiva devido a perdas ou frustrações são na maioria das vezes, sentimentos normais e passageiros, e até nem necessitam de tratamento. No entanto, dependendo da intensidade, da persistência e da presença de outros sintomas, essa tristeza e a irritabilidade podem ser indícios do desenvolvimento de um quadro depressivo infantil. Assim, os traços que apontam para a doença só são percebidos muitas vezes quando passam a compor um quadro de atitudes e comportamentos muito salientes e frequentes.
As consequências da depressão infantil, possuem um índice de prevalência cada vez maior, pelo que se deve iniciar um tratamento precoce, evitando dessa forma, maiores danos futuros. Até porque, estudos recentes, sugerem que a maioria dos adultos deprimidos começou a ter esses problemas quando era criança, daí a importância de recorrer à ajuda de profissionais especializados.
Assim, é necessário estar atento pois, diante da suspeita de depressão é importante a procura de uma intervenção psicológica que permita não só a diminuição da sintomatologia depressiva, como também a promoção de um desenvolvimento saudável e adaptativo, proporcionando um ajuste socioemocional destas crianças, ajudando-as a enfrentar as suas dificuldades agora e futuramente.
Se sentem que necessitam de apoio, marquem a vossa consulta, podem contar com a minha ajuda!