O mês de Setembro pode representar, para muitos de nós, um mês de recomeços e o início de um novo ciclo no nosso ano. Isto significa que pode trazer consigo diversos desafios e oportunidades para nós.
Para recomeçarmos da melhor forma possível pode ser muito importante conseguirmos dar a nós próprios um bocadinho de tempo para refletir em algumas questões como:
Estas reflexões são muito importantes para sabermos onde queremos ir, o que temos ou precisamos para chegar onde queremos e que caminhos podemos seguir para chegar ao destino desejado. Contudo, nem sempre é fácil encontrar o tempo e espaço para o fazermos. Se for este o caso, a consulta de psicologia pode ser um lugar privilegiado para o fazer.
Estarmos atentos à perspetiva que temos do nosso caminho: à forma como estamos a pensar acerca de nós e do que nos rodeia. Que propósito ou sentido encontramos no caminho que estamos a percorrer.
Tirar alguns momentos de reflexão e balanço ao longo do caminho que permitam mudar o que for necessário ou procurar novos recursos em caso de necessidade.
Por fim, gostaria de destacar a importância do início de um novo ano letivo para as crianças, adolescentes e jovens, sobretudo depois de anos letivos tão desafiantes para todos eles e para as famílias a vários níveis. Por este motivo, pode ser particularmente útil e importante que os adultos de referência nas suas vidas possam aproveitar a oportunidade deste recomeço para se fortalecerem do ponto de vista emocional e do seu auto-conhecimento de forma a poderem servir de modelos positivos para apoiar crianças, adolescentes e jovens na sua saúde emocional e nas vivência suas tarefas de desenvolvimento.
Nem sempre tudo sairá como planeámos ou desejámos. Amizades acabam; amores eternos esfriam; aquela relação que tinha a certeza que era para sempre, termina. Porém, o grande amor está por vir, – aquele não era o seu grande amor. A relação é tóxica, já não é saudável e as pessoas acomodam-se, negam para não terem de recomeçar.
No trabalho, onde pensava ficar até se reformar, em determinado momento acaba por ser demitido ou pede demissão. Na verdade, não era mais o que queria. No fundo, não estava feliz e não aguentava mais. Foi libertador, não foi?
Quantas vezes, de facto, as coisas não acontecem como esperado? Mas fica a sensação de culpa e vem aquele pensamento do “não posso falhar nas minhas escolhas”, “vai passar, vai melhorar, tem que dar certo”.
Esse é um ano de muitas expectativas, e muitos de nós estamos à espera que tudo possa voltar à normalidade. Se há algo que possamos ter aprendido com a Covid-19 é que, de facto, criar muitas expectativas gera ansiedade e grande parte das vezes frustração. É claro que quando criamos uma expectativa, criamos uma imagem, uma projecção do que esperamos, mas o mundo real é muito mais caótico do que nossa imaginação, e 2020 provou-nos isso. Então, em vez de gerar grandes expectativas, vamos encarar 2021 como mais um ano, como qualquer outro, onde precisamos continuar a aprender e evoluir.
Recomeçamos quando chegamos no nosso limite, quando não temos mais paciência, estamos desanimados, desmotivados, até quando ficamos doentes. Sim, a doença é sinal de que precisa de atenção, amor, afecto. O corpo fala e você não ouve. A vida começa a sinalizar que é hora de mudar e recomeçar.
Essa fase é desafiadora e transformou muitas coisas. Apresentou-nos uma pandemia inesperada, até certo ponto, onde tivemos que repensar a forma de trabalhar, de ajudar outras pessoas, do nosso papel no mundo e da nossa realidade diante de um vírus. Transformadora porque deixou claro que problemas irão repetir-se se não pensarmos na forma como nos relacionamos entre nós humanos, e também entre o meio ambiente e os animais.
Sendo assim, trace metas, faça planos, sonhe (não importa o tamanho do sonho), ame mais, reveja algumas atitudes e posturas, desapegue do que não é relevante, recicle, pense em algo que sempre quis fazer e ainda não fez. Agora é a hora!
Podemos permitir-nos arriscar, errar, aprender, voltar atrás e recomeçar quantas vezes desejarmos. O fim também significa o início de algo que está por acontecer e pode ser muito melhor se conseguir desapegar-se. É preciso dar espaço para coisas novas entrarem na nossa vida! Marque a sua consulta hoje para alcançar o recomeço certo.
A forma como nos pensamos na autoestima, traz-nos a infância a reboque. É neste tempo e neste lugar do crescimento, que ela se edifica. Vem do útero, daquele bebé que nasce antes de nascer, o bebé que é possível ser imaginado, com a criatividade e o afecto da família, no diálogo da relação precoce. Crescemos portanto, lado a lado, com todo este pacote que nos é tão deliberadamente transmitido nas vivências diárias, recheado dos fantasmas dos nossos Pais, e das suas vivências como filhos, nas suas experiências de sucesso e insucesso. Por exemplo, num contexto familiar conservador, em que uma mulher aprendeu desde cedo a negar e a reprimir a sua feminilidade, deparamo-nos muitas vezes com jovens mulheres inseguras, na sua imagem de mulher face aos outros. A forma como nos vemos a nós mesmos, e que é imediatamente reflectida na forma como nós achamos que os outros nos vêm, contém na sua gênese toda a bagagem emocional que a família nos imprime, e nos delega transgeracionalmente.
A ideia de que a autoestima é como qualquer coisa que se cola, porque sim, quando esbarramos com títulos apelativos de como fabricar felicidade nas muitas prateleiras do caminho, tão apregoados por uma sociedade moderna, numa espécie de “fast-living”, toma-nos como frustrados imbecis, porque a autoestima não se adquire como uma coisa que se compra. Somos ou temos de ser todos aparentemente muito bem resolvidos, nesta visão urbana da autoestima, quando o que sobra é ficarmos cada vez mais longe de nós próprios, para tentar encaixar numa medida que a sociedade de conceitos criou, e que parece uma forma mais digestiva de lidar com os desconfortos da vida. Tiremos a capa de super heróis por favor, o que nas palavras simples de Krishnamurti poderia ser o tomar consciência das condições da nossa existência diária, dos nossos desgostos, das nossas aflições, dos nosso ruídos, e conflitos, e tentar compreendê-los muito profundamente, de modo a estabelecermos uma base correcta para começar. É importante que deixemos que estas “pedras nos sapatos” nos moldem, porque as condicionantes da vida com as quais todos nós crescemos, quando bem usadas, serão uma boa arma para sempre.
Algumas famílias fazem infelizmente a negação das dificuldades dos filhos, e isto não ajuda, apesar de parecer bondoso. Mas não é nem será uma mais valia para a criança, já que os miúdos são muito perspicazes para perceber quando o sentimento não corresponde à palavra. Vemo-nos ao espelho nos olhos das pessoas que olham para nós, e nas pessoas que gostam de nós em especial, e é nesta subtileza de troca de olhares que a autoestima se fere por vezes.
Alguns Pais, sempre com o melhor das intenções, privam os filhos das primeiras experiências de fracasso, e sem querer enchem estes preciosos momentos com as suas inseguranças, que são na maioria falhas na autoestima dos próprios. São as crianças que não podem cair, porque a ideia de um mundo ideal lhes trará a felicidade eterna.
Às vezes é necessário suspendermos as crenças e os padrões, para pensar de novo. Largar o mito do “Super Eu”, tal como dizia Carlos Amaral Dias, “o Super Homem é a negação da infância, e portanto, o contrário da sua resolução”. Negando assim as fragilidades da infância, e a incapacidade de as contextualizarmos naquilo que entendemos que deverá ser ajudado a pensar e não a negar, para um desenvolvimento do indivíduo e consequentemente da referida autoestima.
Por outro lado, temos Pais que gostam de poupar nos elogios. Têm medo de comemorar os sucessos, e acham portanto que os elogios podem ser perigosos, porque fazem dos filhos preguiçosos. É outro tipo de privação, no outro extremo, de quem priva um filho de uma arma poderosa para a vida, e que quando bem aplicado, faz milagres. Os Pais confundem o seu cansaço, o ritmo frenético dos dias e as birras dos filhos, com aquilo que na verdade não é mais do que o esquecimento de uma parte tão importante para a cumplicidade e para o afecto na relação com os filhos, e que esta capacidade de lhes dizermos com a verdade do coração, o quão importante e o quão incríveis eles são. Isto não é o mesmo que passar a vida a dizer que sim a tudo.
O sonho é a realidade interior, e relembro João dos Santos que dizia que a actividade criativa está intimamente ligada à busca do eu. Portanto, deixem as crianças brincar, para serem adultos fortes e saudáveis. É no brincar que o interior comunica com o exterior, e que nos permite aceder à experiência da criatividade, motor de encontro connosco próprios, indo ao encontro da nossa integridade como seres únicos que somos. É no brincar que usufruímos da nossa liberdade de criação. Tal como dizia Coimbra de Matos, que nos deixou tão recentemente: “O peso da realidade normativa sufoca o desenvolvimento do imaginário e do simbólico”, e portanto num contexto em que a vida mental se reduz à funcionalidade adaptativa, não se tem auto nem se tem estima.
Deixo-vos uns minutos deste fantástico documentário de Nicolas Philibert que retrata o tema da evolução humana, onde a autoestima se conecta transversalmente desde o início ao seu fim, numa aliança muito interessante entre educação e amor, sem os idealismos derrotistas do ser da sociedade moderna. O professor eleva a autoestima, e permite que a criança sonhe, deseje e se construa, na descoberta da sua individualidade como um indivíduo capaz de enfrentar as vicissitudes da vida. Com uma voz muito próxima da vivência da infância, Georges Lopez ensina as crianças nas várias áreas da vida e muito próximo da capacidade criativa de cada um, a acreditarem nas suas próprias habilidades, trabalhando a frustração, aceitando os limites e motivando as crianças a vencer os obstáculos. Porque a mensagem implícita em toda a sua acção, neste estilo de relação único com os alunos, é a capacidade de acreditar verdadeiramente que cada um deles é suficientemente capaz.
Sente que está o tempo todo a correr, mas sem direção? Sente que está a viver uma vida que não é sua? Que está apenas a resolver urgências e tarefas que são importantes para outros, mas não para si? Sente-se na maior parte do tempo cansado, stressado e desmotivado?
Se respondeu sim a estas perguntas, isso significa provavelmente que a sua vida pode estar desequilibrada.
Segundo o dicionário de psicologia da Associação de Psicologia Americana (APA) o equilíbrio é caracterizado por um estado de estabilidade física ou mental (por exemplo, na postura, processos fisiológicos e ajuste psicológico). O equilíbrio da vida pode ser visto como um estado de níveis de satisfação moderados a altos, em áreas importantes contribuindo para a satisfação geral com a vida.
A verdade é que tudo na vida precisa de equilíbrio. O nosso corpo precisa de estar em equilíbrio / homeostase, nós precisamos que a nossa temperatura, a nossa pressão, os nossos batimentos cardíacos, os nossos estados emocionais, se mantenham constantes. Caso haja uma desregulação, não conseguimos funcionar de forma adequada.
Quando se perde este equilíbrio, o mais certo é encontrar-se nesta dicotomia de excesso e escassez. Em excesso de trabalho, de hábitos não saudáveis, de emoções desagradáveis, que por sua vez se traduzem em escassez de relacionamentos positivos, de autocuidado, de propósito de vida.
Muitas vezes, isso acontece porque se despende demasiado tempo em determinada área da vida, acabando por negligenciar outras áreas que são importantes (faça o teste aqui e perceba como está a sua vida agora).
Imagine que todos os dias, quando acorda lhe é dado uma energia limitada. Esta energia repõem-se todos os dias, mas é sempre uma quantidade exata, nunca é a mais nem a menos. Se durante o dia usar muita energia numa coisa, vai faltar energia para outra coisa. Então é muito importante perceber onde coloca e investe a sua energia todos os dias e como a distribui. Por exemplo, se gastar toda a energia no seu trabalho, será muito difícil conseguir ter um bom desempenho nos seus relacionamentos com a família ou amigos.
O tempo é uma questão de prioridade. Se sente, que está “sem tempo” então é importante avaliar como está a gerir esse tempo e de que forma pode ser mais eficiente. Na maior parte das vezes, quando alguém diz que não tem tempo, está apenas a dizer que isso não é suficientemente importante para ela. Reveja as suas prioridades!
Lembre-se que você também é uma prioridade. Precisa de cuidar de si para cuidar dos outros. Crie na sua agenda tempos para si, atividades que lhe dão saúde, alegria, relaxamento.
As nossas vidas acabam, mas a vida em si é infinita. Este conceito vem do autor Simon Sinek, que distingue dois tipos de jogos: os finitos e os infinitos. A vida é um jogo infinito, as regras estão sempre a mudar e a partida nunca acaba. Isto significa que temos de ter flexibilidade e perceber que se trata de um jogo a longo prazo, o que importa é continuar a jogar e ser melhor a cada dia. Ao percebermos que a vida é um jogo infinito, que não são declarados vencedores, talvez possamos encarar o jogo com mais leveza, não nos concentrarmos tanto em ganhar, mas mais em ser lembrados pelo nosso jogo bonito.
Um passo importante para o equilíbrio é conhecermos quem somos e trabalharmos nisso. Não podemos atingir o equilíbrio se internamente não estivermos resolvidos.
Por exemplo, todos sabemos que a maioria dos nossos medos, inseguranças, e padrões de comportamentos têm uma base no nosso passado e naquilo que experienciamos, muitas vezes determinados acontecimentos podem ser marcantes e ao não resolvê-los estamos a cultivar um desequilíbrio interno que mais cedo ou mais tarde se irá manifestar. Quando curamos essas feridas internas, estamos mais perto do equilíbrio e do bem-estar.
Num estado de equilíbrio aceitamos e estamos atentos a nós mesmos e aos outros ao nosso redor. Conseguimos compreender e aceitar que somos seres humanos e que inevitavelmente vamos passar por problemas e por uma variedade de emoções e sentimentos, mesmo aqueles que muitas vezes tentamos evitar, como a tristeza.
Uma vida orientada por um propósito é muito mais fácil de manter em equilíbrio. Repare como um malabarista quando tenta manter as bolas no ar, foca-se num ponto em frente e nunca se concentra em cada bola. Na nossa vida, precisamos de ter este ponto, esta visão, este objetivo maior, desta forma torna-se mais fácil manter o equilíbrio nas diferentes áreas da nossa vida.
Alcançar um estilo de vida equilibrado é diferente para cada um de nós porque todos temos prioridades diferentes e vidas diferentes. Trata-se de uma tarefa contínua, que precisa de trabalhar nisso todos os dias. Irão existir sempre desafios, responsabilidades, distrações, altos e baixos…,mas é neste equilíbrio que conseguimos ser o melhor de nós, para nós e para aqueles que nos rodeiam.
O equilíbrio entre as diferentes áreas da nossa vida tem a ver com a relação entre o nosso interior e o exterior. Se estivermos equilibrados por dentro, será mais fácil ter sucesso no exterior. Um psicólogo ajuda-o a perceber os problemas relacionados à falta desse equilíbrio na sua vida e como transformar esse caos em ordem.
A vida pós-covid contempla um aumento de crises de ansiedade, dificuldade em respirar, desconexão entre o corpo e a mente, inseguranças e instabilidades generalizadas.
As repostas a estas perguntas evidenciam que as pessoas, além de dormir, precisam de descanso e de relaxamento. A Dra. Felicity Callard, investigadora de um estudo desenvolvido na Universidade de Durham (Rest Test), em Inglaterra, destaca a correlação entre a capacidade das pessoas conseguirem descansar e os seus níveis de bem-estar.
A ansiedade constante causa sintomas físicos desagradáveis devido à libertação constante de adrenalina. O mesmo sistema nervoso que nos obriga a sobreviver a qualquer custo, possui uma natureza que nos protege. Uma parte que nos tira da ativação excessiva e outra parte protetora que nos tira do congelamento. Mas estas partes precisam de serem desenvolvidas e estimuladas.
Práticas que estimulam e conectam mente-corpo são simples, efetivas e podem ser feitas em poucos minutos, trazem descanso para o corpo e para o sistema nervoso. Tais práticas promovem a capacidade de estar alertas e calmos ao mesmo tempo.
Sugiro, abaixo, algumas práticas simples que atenuam a ansiedade, potenciam o sistema imunológico, melhoram a qualidade do sono, aumentam as reservas de energia e fazem a curva de ativação do stress descer, fortalecendo as nossas capacidades para o ´enfrentamento.`
Pausar não significa sentar-se no sofá e navegar nas redes sociais durante horas. Embora possa pensar que está a relaxar, na verdade, não está a fornecer ao corpo a pausa necessária para restaurar o equilíbrio e realmente recarregar baterias. Pode e deve dedicar um tempo à sua pausa e literalmente descansar, deitado ou sentado confortavelmente. Estabeleça ainda um limite saudável para com as pessoas com quem convive, referindo “Agora, vou descansar uns minutos!”
Outra prática interessante é a ‘monotarefa’, isto é, concentrar-se numa atividade de cada vez.
Trocar constantemente a atenção entre várias tarefas pode parecer algo bom e produtivo. Mas é muito provável que prejudique o seu desempenho em qualquer uma das tarefas que está a desempenhar. Esta situação é extremamente desgastante para o sistema nervoso, uma vez que aumenta os níveis de stress e diminui a performance. Já foi o tempo em que multitarefas era sinónimo de produtividade. O hábito de fazer várias atividades ao mesmo tempo – também chamado de multitasking – é cada vez mais refutado por especialistas em gestão de tempo. Estudos da Universidade de Londres indicam que as pessoas que fazem muitas coisas ao mesmo tempo, experienciam uma redução de QI. A multitarefa crónica pode diminuir a densidade da matéria cinzenta na região do córtex pré-frontal.
Experimente, por exemplo, tomar banho mantendo o foco de atenção nas sensações do corpo, no barulho e na temperatura da água, no cheiro do sabonete. Experimente trazer os pensamentos apenas e exclusivamente para as sensações do banho que está a experienciar, o tempo todo e quantas vezes forem necessárias.
Pode ainda escolher alimentar-se em silêncio, sem o telemóvel por perto, sentindo apenas o sabor dos alimentos e mastigando-os conscientemente. Conectar-se com o alimento favorece o processo digestivo, traz consciência da quantidade a ser ingerida, para além de trazer prazer e satisfação. É, sem dúvida, uma excelente fonte de bem-estar.
Sugiro ainda, um exercício que gosto muito e que consiste em esfregar as mãos, como se estivesse a lavá-las. De seguida, toque nos braços, ombros, pescoço e nuca, fazendo uma automassagem. Volte a esfregar as mãos e depois toque suavemente no rosto, massajando-a. Quer as mãos quer o rosto são partes do corpo muito importantes para o cérebro, pois ocupam a maior fatia do nosso córtex somatossensorial, ou seja, o nosso cérebro dedica mais recursos neuronais às mãos e ao rosto do que a qualquer outra parte do corpo. Por esta razão, este simples exercício produz uma sensação de paz no cérebro.
Exercício: Irá produzir uma sensação de paz no cérebro
O Dr. Gabor Maté diz-nos que, quando temos consciência de nós próprios, somo capazes de nos reconectarmos e auto-regularmos.
A consciência é uma poderosa ferramenta de felicidade e é tranquilizada através de uma boa pausa ou de meditação diária.
O equilíbrio interior é um processo, portanto, observe-se mais, seja curioso sobre si e sobre o seu corpo. Viva intensamente no presente e um dia de cada vez.
A Dra. Mafalda Fernandes da Clínica Learn2Be apresenta o ciclo de entrevistas exclusivas: “Conversas que curam”. Neste sétimo episódio o tema abordado: Sem estigma: A Saúde Mental. Uma conversa entre a Psicóloga Clínica Dra. Mafalda Fernandes e João Francisco Lima (filho do actor português Pedro Lima).
“Já ultrapassara os 40, os filhos estão a ficar autónomos, e deu consigo a pensar na vida que leva há 19 anos com o marido com quem até é feliz, tem segurança e sem grandes atritos. Mas lá no fundo, algo despertou nela e deu por si a pensar se seria tão feliz assim, ou se a imensidão daquela vida quase sem vida, a fazia, na verdade feliz. Casa trabalho, trabalho casa… Se dantes não se importava com isto, hoje é lhe quase insuportável. Este e outros hábitos com que aprendera a conviver e a sobreviver.”
Uma pequena verdade que nos diz que a vida passa a correr e o que um dia era presente, torna-se passado. As coisas vão acontecendo, a vida vai passando diante os nossos olhos. Coisas boas vão fazendo e más vão fazendo parte dela. Vivemos com cada vez mais pressa, mas pressa do quê? Por que vivemos com tanta pressa?
Mais tarde, vem a tristeza de não termos vivido, ficamos dececionados com a vida, com as pessoas, com as nossas escolhas e decisões. Porém, o que muitas vezes não entendemos é que tudo na vida tem um porquê e que é cada vez mais emergente repararmos na vida.
Ao olhar em retrospetiva, repare que, todos nós cometemos, no dia a dia, erros, e muitas vezes sabemos que o que estamos a tentar fazer não está a resultar como gostaríamos. Nesse sentido, é necessário mudar as suas prioridades.
Ora, uma das formas de adquirir competências e novas aptidões é cometer erros, com o intuito de fazermos sentido dos mesmos, retirando aprendizagens, com vista a sermos felizes!
Se, neste momento, parou e se dedicou a balancear a vida, é uma boa altura para perceber que para avançar e aproveitar melhor o seu dia a dia, existem hábitos que deve eliminar da sua vida, contrário, pode estar a comprometer a qualidade dos relacionamentos e da sua própria vida.
E você? Já parou para refletor acerca da sua vida?
O que precisa de mudar? Escolha ser feliz, ainda vai a tempo!
Comece este mês com objetivos específicos em todas as áreas da sua vida e desenvolva-se a nível pessoal.
Desde a Antiguidade Clássica que as questões associadas à felicidade são motivo de reflexão para o ser humano. Na sua mais íntima essência, o Homem sempre procurou compreender a vida e encontrar um sentido para a sua existência.
Contudo, a vida nem sempre é um mar de rosas! Enfrentamos desafios como – a perda de um ente querido, um acidente que altera a vida ou uma doença grave – e ter de lidar com estes reveses, obstáculos de vida é, e será sempre, um enorme desafio. Faz parte da nossa existência: acredite que num determinado momento, a vida vai desafiá-lo. E quando chegar essa altura, certamente que vai achar que não merecia, que é injusto e todos esses sentimentos, acabam por o bloquear e estagnar ainda mais, e consequentemente trazerem desmotivação e não soluções. Mas a verdade, é que é muito mais fácil deixar-se abater do que ultrapassar os obstáculos e fazer com que seja um processo de crescimento individual.
Enfrentar e evoluir, parece-me ser a atitude mais sensata e proactiva, pois a verdade é que também podemos encontrar sentido na vida, mesmo quando confrontados com uma situação desesperante, diante de um destino que não pode ser mudado. Pois o que importa é testemunhar o potencial exclusivamente humano no seu melhor, que é transformar uma tragédia pessoal num triunfo, transformar a situação numa realização humana.
Vários pesquisadores acreditam que é através do processo de luta contra as adversidades que podem surgir mudanças que empurrem o indivíduo para um nível de funcionamento superior ao que existia antes do evento que mudou a sua vida.
Contudo, cada mudança afeta as pessoas de forma diferente, trazendo uma enxurrada única de pensamentos, emoções fortes e incertezas. Ainda assim, as pessoas geralmente se vão adaptando com o tempo à situação de mudança de vida – em parte graças à resiliência.
A resiliência não é necessariamente um traço de personalidade que apenas alguns possuem. Antes pelo contrário, esta envolve comportamentos, pensamentos e ações que qualquer pessoa pode aprender e desenvolver. A capacidade de aprendê-la é um dos motivos pelo qual as pesquisas mostram que a resiliência é comum, não extraordinária.
Força pessoal/intelectual – advém de mudanças ao nível do self e onde se incluem tentativas para se tornar mais forte psicologicamente, mais confiante, ou seja, um self genuíno, melhorado, mais aberto, mais empático, mais criativo, mais maduro, mais humanitário, mais especial e mais humilde. Contudo, e após suportar o trauma, sentindo com isso um incremento na sensação de força pessoal, percecionando uma maior capacidade de lidar com adversidades futuras, o indivíduo prioriza uma nova escala de importância às diferentes realidades que se apresentam à sua frente, bem como um maior valor da Vida, desenvolvendo ao mesmo tempo um aumento do sentimento de gratidão. Como não possui qualquer controle sobre certos eventos, ele pode sentir- se mais vulnerável, e como resultado, prestar atenção a pequenos acontecimentos ou coisas anteriormente catalogadas como insignificantes.
Por isso, tente ter pensamentos saudáveis, mantendo as situações em perspetiva. O modo como pensa tem impacto em como se sente, e qual a sua resistência perante novos obstáculos e desafios. Tente identificar regiões de pensamento irracional, como a vertigem para a catástrofe, o sentimento que tudo e todos estão a conspirar contra si. Adote uma postura ao nível do pensamento mais equilibrada e realista.
Prioridades alteradas – as prioridades na vida mudam como reação à reconstrução cognitiva experimentando um incremento no valor dado à vida. Algumas situações ou traumas que colocam a vida dum individuo em perigo podem levar ao sentimento de poupança e que a oferta de uma segunda oportunidade deve ser vista com cuidado. Indivíduos que optam pelo crescimento após a experiência traumática constatam uma redefinição nas suas prioridades, como por exemplo: como e com quem decidem passar o dia, a sua aparência, bens monetários e a sua saúde. Eles possuem um novo conceito da vida, aprendendo, assim, novas aptidões. Promovendo, assim o bem-estar com a prática de uma alimentação equilibrada, sono amplo, meditação, ioga, hidratação e exercícios regulares, podem ajudar a pessoa a fortalecer o seu corpo, a construir conexões e a restaurar a esperança para se adaptar a eventos desafiadores que exigem resiliência e reduzir o impacto das emoções.
Privilegie determinados relacionamentos – Conecte-se e concentre-se em conviver com pessoas empáticas, confiáveis e compreensivas que validem os seus sentimentos e que o lembrem que não está sozinho a enfrentar os obstáculos. Bem sei que a dor provocada por eventos traumáticos pode conduzi-lo a um isolamento, mas acredite, é importante aceitar a ajuda e o apoio daqueles que se preocupam verdadeiramente consigo. Junte-se a um grupo, quer seja de reabilitação, ou de exercicio físico ou comunidades religiosas ou outras organizações locais que forneçam apoio social com o intuito de o ajudar no seu processo de recuperação.
Desenvolvimento Espiritual – A crença numa religião pode tornar-se mais premente após a vivência de uma adversidade, contribuindo assim, para atribuir um significado e um propósito de vida perante esse momento. As pessoas que não acreditam na religião podem experimentar algum crescimento na esfera espiritual. A experiência com o crescimento espiritual não é consistente e varia entre as pessoas que vivenciam a situação marcante de vida e depende da relação anterior com a sua religiosidade e espiritualidade, bem como da atribuição causal ao evento. Assim, o indivíduo cria uma nova filosofia de vida que muda as suposições e crenças do passado, levando a novos potenciais e oportunidades que não existiam antes do evento.
Aceite que a mudança faz parte da vida. Certos objetivos ou ideais podem não ser mais alcançáveis como resultado de situações adversas na sua vida.
Mantenha uma perspetiva positiva. É difícil ser positivo quando a vida não está a correr como planeamos, mas uma perspetiva otimista permite que você espere que coisas boas lhe aconteçam. Tente visualizar o que você quer, em vez de se preocupar com o que teme. Ao longo do caminho, observe todas as formas subtilmente apresentadas e repare como lida melhor às situações adversas. Claro que é útil reconhecer e aceitar as suas emoções durante os tempos difíceis, mas também é importante ajudá-lo a promover a autodescoberta perguntando-se: “O que posso fazer relativamente a este desafio na minha vida?” – Ao fazer isso, está a tomar as rédeas da sua vida.
Bem sei que não é um processo simples. Para muitas pessoas, usar os seus próprios recursos e os tipos de estratégias elencadas acima podem ser suficientes para realizar este processo de evolução. Mas, lembro-lhe que você não está sozinho nesta caminhada, um profissional de saúde mental licenciado, como um psicólogo, pode ajudá-lo a desenvolver uma estratégia apropriada para seguir em frente. É importante obter ajuda profissional.
Desde sempre, que o ser humano permanece dependente dos outros que o cercam. Cedo, estabelece-se entre a mãe e a criança uma linguagem emocional e, gradualmente, a consciência de si e do mundo vai-se construindo nesta relação. Nesse sentido, por meio da linguagem, são construídas a consciência e a cognição.
De acordo com a psicologia, uma emoção é uma reação que representa uma adaptação a um determinado evento, objeto, pessoa, recordação importante. Trata-se de um estado complexo que produz consequências físicas e psicológicas. As emoções interferem ativamente nos nossos pensamentos e comportamentos e são resultado, também da personalidade, do humor, do temperamento e das motivações de cada pessoa.
Trocando por miúdos, é, exatamente aquilo que sentimos quando nos damos conta de algo ou de alguém, que nos faz sentir borboletas no estômago, enjoos ou até aquilo que nos faz ferver.
São reações universais que variam de intensidade e duração e onde é possível vermos a acontecerem noutras pessoas à nossa volta.
Neste “Talk”, proposto pela Fnac, realizado pela Dra. Maria Inês Costa acompanhada de um colega de profissão João Costa, falou-se acerca de inteligência emocional, especialmente numa altura em que as nossas emoções são, constantemente, postas à prova.
É a regra dos três simples:
Existem várias classificações das emoções, atendendo a diferentes critérios. Falemos daquelas, que se apresentam desde o momento do nascimento e que duram alguns segundos. Fazem parte do nosso processo de adaptação e existem em todos os seres humanos. As chamadas emoções básicas ou primárias. São 6:
As emoções podem manifestar-se por ações, expressões faciais ou corporais, tom de voz, entre outras, como já sabemos. A tristeza, por exemplo, pode gerar o choro e uma postura encolhida. Da mesma forma, que medo resulta em bloqueio ou fuga. É interessante pensar como cada emoção pode reativar algo dentro de nós e influenciar o nosso comportamento.
Esse é o caminho para desenvolvermos a nossa inteligência emocional.
É a aptidão para percecionar as suas emoções, conduzindo à tomada de decisão e a escolher estratégias para eficazes para agir, não para deixar de sentir, mas para usá-las a seu favor. Fazendo referência ao artigo que escrevi, anteriormente, que pode consultar aqui na página, sobre “Emoções: A questão é que eu as sinto, mas parece tão difícil geri-las…”:
Podemos concluir que, todas as emoções são importantes para o nosso funcionamento diário. Aprender a identificá-las desde cedo, bem como a sua intensidade, conduz a com que lidemos melhor connosco e com a situação-problema.
Ao contrário do que muitas pessoas pensam, uma vida sem emoções não seria mais fácil. Elas são essenciais para que sejamos capazes de procurar aquilo que nos faz bem e de nos afastarmos do que nos faz mal. Cuide de si!
As emoções são a nossa bússola, são elas que orientam o nosso comportamento. Se formos à epistemologia da palavra, emoção tem a sua origem no verbo “emovere”, que significa “pôr em movimento”. As emoções têm por isso um valor adaptativo na nossa vida, estando envolvidas em praticamente todos os processos importantes do curso do desenvolvimento humano, desde a tomada de decisão, à aprendizagem, tendo mesmo um papel fundamental na nossa sobrevivência.
Segundo Ekman (1992) existe um conjunto de emoções primárias que desempenham um papel importante na nossa sobrevivência: a tristeza, o medo, a alegria, a repulsa, a raiva e a surpresa.
Claro que se pensarmos durante um bocadinho sobre as emoções que sentimos com mais frequência, rapidamente nos lembramos de outras, como a culpa, o ciúme, a vergonha, o orgulho etc., e que pertencem ao grupo das emoções secundárias – que resultam do processo de aprendizagem e socialização. Para além desta classificação e distinção entre as emoções primárias e as secundárias, todos fazemos a distinção entre emoções agradáveis e desagradáveis, e se tivermos consciência das nossas emoções, conseguimos identificar as sensações físicas, os pensamentos e comportamentos ligados a cada emoção. Contudo, tendemos a evitar as emoções desagradáveis, não nos permitindo senti-las ou andando constantemente a fugir delas. Pode ser desagradável sentir medo, tristeza, raiva ou vergonha, mas a verdade é que todas as emoções têm o seu papel, e ao ignorá-las estamos a perder imensa informação relevante, que nos permite entender-nos melhor, entender melhor o outro, bem como entender as relações que com eles estabelecemos.
Em sessão, dou por mim a dar muitas vezes este exemplo: quantos de nós já ouviram um adulto dizer a uma criança “não chores, já passou”? Quantos de nós já disseram a um amigo ou familiar “não fiques triste” ou “não vale a pena estares chateado com isso.”? Parece que andamos a evitar que os outros se sintam mal e que tenham uma experiência desagradável, e que o melhor será substituir a emoção desagradável por outra mais agradável. No entanto, nesta tentativa que tem uma intenção positiva por detrás, estamos a cometer dois erros: o primeiro é não validar a emoção do outro, seja ele uma criança ou um adulto. Pensando bem nisto, não é óbvio e adequado que nos sintamos tristes se alguém nos magoa, ou se algo não corre como tínhamos imaginado, ou se perdemos alguma coisa ou alguém?
Sempre que falo neste tema, lembro-me de uma cena do filme de animação da Pixar “Divertidamente” – e que recomendo desde já – que explica todo o funcionamento emocional e a formação da personalidade. Nesta cena, a alegria entra praticamente em colapso, quando se apercebe que a tristeza tocou em memórias originalmente felizes, mudando a sua cor de amarelo (a cor da alegria) para azul (a cor da tristeza). A verdade é que a alegria passava os dias a esforçar-se para criar memórias felizes, fazendo com que as outras emoções tivessem apenas um papel pontual, e que a tristeza em particular, não tivesse mesmo lugar na criação de memórias. Ora, no meio desta confusão, e depois de assistirem a uma memória em particular, a alegria percebe que só apareceu depois de um momento de tristeza, ou seja, foi preciso que a Riley (personagem principal da história, e na cabeça de quem vivem estas emoções) se sentisse triste e chorasse, para depois se sentir amada, confortada e cuidada pelos pais, dando lugar à alegria. Acho que não existe forma mais simples de explicar a importância que as emoções desagradáveis têm na nossa vida. (No final do artigo deixo um vídeo interessante sobre este filme.)
Quando tal não acontece, não só sentimos mal-estar e sofrimento, como podem originar-se perturbações psicológicas e psiquiátricas. Peguemos no caso do medo: a vivência do medo e todos os pensamentos e comportamentos a si associados são a base das vivências ansiosas. Também a tristeza é o elemento central nas perturbações de humor, como os episódios e perturbações depressivas. Ou mesmo a culpa e o ressentimento, que são emoções e sentimentos que nos trazem tanta angústia, que não conseguimos viver em equilíbrio emocional, condicionando a forma como nos relacionamos connosco e com os outros.
Em consulta, é muito comum o pedido de ajuda na gestão emocional. Todos nós em algum momento da nossa vida já sentimos as emoções de forma tão intensa que nem conseguimos pensar, ou de forma tão desorganizada que não conseguimos comunicar de forma consciente com os outros. Trabalhar as emoções, ou seja, saber identificá-las, expressá-las e regulá-las, encontra-se intimamente relacionado com o conceito de inteligência emocional. Segundo Salovey e Mayer (1995), a inteligência emocional é a “capacidade para processar informação emocional de modo adequado e eficiente, sendo esta informação relevante para o reconhecimento, construção e regulação da emoção no próprio e nos outros”. Assim, pode dizer-se que a inteligência emocional se refere à capacidade para reconhecer emoções, os seus significados e pensamentos associados, as situações que as despoletam etc. Esta capacidade é fundamental no processo de autoconhecimento, e, por conseguinte, em todo o processo psicoterapêutico, pois permite-nos aceder ao significado de experiências, perceber como nos sentimos em determinada situação, como é que os nossos pensamentos mantêm e cristalizam determinadas emoções, e como é que o nosso comportamento está condicionado por estas duas entidades: emoção e pensamento.
Gostava que depois de ler este artigo guardasse estas ideias-chave: as emoções desempenham um papel fundamental na nossa vida; todas as emoções são válidas; devemos permitir-nos a sentir emoções desagradáveis, pois só assim conseguimos dar um significado “real” às nossas experiências; uma vivência emocional saudável é fundamental para a nossa saúde mental e para a prevenção da doença mental; o conceito de inteligência emocional é fundamental para o nosso autoconhecimento, para a forma como nos relacionamos connosco, co os outros e com o mundo, e no processo de mudança.
Se este artigo o fez pensar e refletir sobre a sua experiência, e se sente necessidade de se compreender melhor, de entender experiências passadas e relações, de alterar alguns padrões de comportamento, marque a sua sessão. Nunca fez tanto sentido cuidar da nossa saúde mental, e só cada um de nós é que pode dar este passo.