Antoine de Saint-Exupéry, O Pequeno Príncipe
Experienciamos diferentes emoções todos os dias, ouvimos falar de emoções constantemente e de como as pessoas se sentem, mas o que são emoções? Não é por comermos todos os dias que percebemos de nutrição, não é?
A própria etimologia da palavra emoção, vem do latim emovere, que significa um movimento de dentro para fora, indicando uma propensão para agir.
António Damásio (2013) define emoções como um programa de ações, que é ativado pela mente, mas essas ações acontecem no corpo. Por isso é que é possível vermos e identificarmos emoções noutras pessoas, não conseguimos ver tudo o que está a acontecer, mas vemos uma parte. Já o sentimento, trata-se de algo mais duradouro e não conseguimos ver, pessoas podem ter sentimentos de tristeza e vazio e fingirem que está tudo bem.
Para Goleman (2009) as emoções são impulsos, herdados pela evolução, para uma ação imediata, com o objetivo de lidar com a vida.
De acordo, com as teorias psicoevolucionistas as emoções existem hoje, devido à evolução das espécies e seleção natural (Darwin, 1872).
Pense assim, o seu cérebro tem cerca de 2 milhões de anos e a maior parte desse tempo foi programado para viver num ambiente onde existiam uma série de ameaças à sua sobrevivência, como predadores, infeções, temperaturas extremas, escassez de alimentos entre outros.
Então o nosso cérebro evolui para nos preparar para esse ambiente, programando-nos com um leque de emoções que permanecem até hoje, essas emoções foram aquelas que nos deram mais chance de sobreviver.
Por exemplo, quem é que acha que tinha mais chance de sobreviver naquele ambiente? A pessoa que tinha ansiedade e se preocupava com os barulhos no meio da floresta, e em ter alimento suficiente para aguentar o inverno, ou aquela pessoa despreocupada que ficava o dia inteiro deitado a olhar para o céu e a apreciar a paisagem? Acertou!
A primeira pessoa tinha mais chance de sobreviver e reproduzir. A ansiedade foi útil então foi programada e passada de geração em geração até aos dias de hoje. Claro que o sistema é mais complexo que isto, mas a ideia é esta.
Alguns autores identificam dois níveis de emoções – primárias e secundárias. As emoções primárias ou universais são: Alegria, medo, tristeza, surpresa, desprezo, nojo e raiva (Ekman, 2003; Damásio, 2013). As emoções secundárias são: Vergonha, inveja, ciúme, orgulho, culpa entre outras). Claro que existem muitas mais emoções, e somos capazes de experienciar muitos estados emocionais diferentes, mas estas emoções servem de base para outras emoções mais complexas.
Todas são boas na medida em que cumprem um propósito, algumas podem ser mais agradáveis que outras, mas todas são boas. Deve encarar as emoções como indicadores biológicos, como mensageiros a tentar enviar-lhe informações. Todas essas informações são úteis, mas atenção, nem sempre significa que tem de seguir aquilo que elas dizem. E porquê?
Simplesmente porque nos últimos anos demos um grande e rápido salto evolutivo, então muitas destas emoções podem estar um bocadinho desajustadas. Por exemplo, quando passa em frente a uma pastelaria e vê um delicioso bolo de chocolate as suas emoções dizem-lhe para comer, porque aquele açúcar todo significa energia e essa energia pode servir para fugir de um leão dali a pouco tempo… o problema é que hoje em dia não fugimos de leões e o máximo que corremos é atrás de um autocarro. Faz sentido?
Ainda assim, as emoções continuam a dar-nos informações significativas e relevantes e a preparar-nos para uma resposta especifica. Goleman (2009) refere algumas das funções das emoções:
A raiva, vai ativar uma grande quantidade de energia, o sangue flui para as mãos, tornando mais fácil golpear o inimigo, os batimentos cardíacos aceleram-se e a adrenalina dispara aumentando a energia e a nossa força para agir.
É devido à raiva que conseguimos defender os nossos direitos e impor limites quando alguém invade o nosso espaço pessoal e nos coloca em risco.
O medo, vai ativar uma resposta de Luta (Fight), Fuga (Flight), Congelar (Freeze) ou Desfalecer (Faint). Todas estas respostas, são respostas defensivas perante uma possível ameaça com o objetivo de garantir a nossa sobrevivência. Para além das modificações fisiológicas (aumento da tensão muscular, aceleração respiratória e cardíaca, circulação do sangue) também existe um aumento do nosso estado de alerta promovendo um estreitamento da nossa atenção, que é essencial para nos focarmos na ameaça.
O nojo tem como função evitar qualquer tipo de substância que possa provocar uma intoxicação. Provoca náuseas e mal-estar gastrointestinal de forma a expulsar uma comida estragada que o pode envenenar.
A alegria favorece o aumento da energia existente, faz com que reduzam os pensamentos de preocupação, amortece os efeitos do stress e promove a criatividade, disposição e entusiasmo para a execução de qualquer tarefa que surja, bem como para seguir os seus objetivos.
É a alegria que o recompensa e incentiva a continuar a fazer aquilo que está a fazer bem feito.
A tristeza traz consigo uma redução significativa do nível de energia, e de prazer nas atividades, de forma a promover um ajustamento a uma grande perda, procurar suporte social, criar introspeção e perceber as consequências das nossas ações. É possível que essa perda de energia tenha tido como objetivo manter os seres humanos vulneráveis em estado de tristeza para que permanecessem perto de casa, onde estariam em maior segurança.
Por isso é que tentar ignorar ou evitar as emoções só faz com que elas se intensifiquem e sejam mais frequentes, porque as mensagens que elas transmitem são demasiado importantes para serem ignoradas. Então dá próxima vez que sentir alguma emoção, lembre-se deste artigo e ouça a mensagem, tente perceber o que a emoção lhe está a dizer e qual é a sua função, sempre com a noção que são informações e não ordens, podendo decidir o que é melhor para si.
Damásio, A. (2013). O sentimento de si: Corpo, emoção e consciência. Lisboa: Temas e Debates.
Darwin, C. (1872). The expression of the emotions in man and animals. London: Fontana Press.
Ekman, P. (2003). Emotions Revealed: recognizing faces and feelings to improve communication and emotional live. New York: Times Books.
Goleman, D. (2009). Inteligência Emocional. 13ª ed. Lisboa: Temas e Debates.
Vivemos numa sociedade em que muito poucas pessoas chegam à primeira relação sexual sem ter visto algum conteúdo pornográfico antes. Será que isso nos afeta?
A verdade é que, atualmente vivemos no mundo do entretenimento, onde cada vez mais são os estímulos que temos à nossa disposição e de fácil acesso. Todos os estímulos que vamos recebendo têm um efeito no nosso comportamento, daí ser necessário conhecermos o seu impacto e a melhor forma de responder.
A representação sexual teve sempre presente ao longo da história, inicialmente consumido na imprensa escrita, na fotografia, no cinema e vídeo, e mais tarde, também na internet que é hoje o principal meio de consumo de pornografia. Esta evolução tornou a pornografia mais acessível devido ao anonimato, poucas ou nenhumas barreiras de entrada, e o estar disponível gratuitamente.
Nesse sentido, o consumo de pornografia na internet tem aumentado e considera-se que 46-74% dos homens e 16-41% das mulheres sejam consumidores ativos de pornografia (Carroll, et al., 2008; Regnerus, Gordon, Price, 2016; Dwulit, Rzymski, 2019). O PornHub, um dos sites mais populares, relatou 42 biliões de visitas em 2019, sugerindo 115 milhões de visitas por dia (Pornhub, 2019). Com a pandemia da COVID19 também se verificou um aumento do consumo de pornografia (Zattoni, Gül, Soligo, Morlacco, Motterle, Collavino, Barneschi, Dal Moro, 2020).
Estes números podem não ser uma surpresa, e por si só não são problemáticos, mas o mais provável, é que esteja a ler isto porque conhece alguém, ou pessoalmente sente, que está a assistir a pornografia de maneira que considera preocupante. Talvez passe mais tempo a assistir, do que gostaria, talvez sinta dificuldades em atingir o clímax durante o sexo, talvez sinta que a sua parceira ou parceiro não o empolgam tanto quanto a pornografia, ou talvez tenha escalado para fetiches que considera perturbadores.
O aumento do consumo de pornografia pode ter um impacto negativo e prejudicial no cérebro, relacionado com a diminuição da atividade nas áreas do cérebro associadas à motivação e tomada de decisão, contribuindo para a diminuição do controlo de impulsos e aumentando a dessensibilização à recompensa sexual (Wilson, 2014; Kühn & Gallinat, 2014)
A pornografia também parece ter um impacto na saúde sexual dos mais jovens. Por exemplo, as taxas de disfunção erétil entre jovens estão a aumentar e parecem estar diretamente relacionadas ao uso frequente de pornografia. Muitas vezes, têm disfunção erétil quando estão com uma pessoa – mas não quando estão sozinhos a assistir a pornografia (Voon, Mole, Banca, Porter, Morris, Mitchell, Lapa, Karr, Harrison, Potenza, 2014; Park et al, 2016).
Também, o aumento do uso de pornografia tem sido associado à insatisfação psicossexual, maior insatisfação com o casamento (Wright, 2013), ser mais crítico do próprio corpo ou do seu parceiro, aumento da pressão de desempenho e menos relações sexuais (Albright, 2008).
O comportamento hipersexual também evidenciou uma maior comorbidade com perturbação de ansiedade, perturbação de humor, perturbação do uso de substâncias e disfunção sexual (Starcevic & Khazaal, 2017)
Por outro lado, o consumo de pornografia pode ser positivo, uma vez que pode aumentar a ativação sexual (Staley & Prouse, 2012) estimular a fantasia, bem como eliminar algumas crenças negativas em relação ao sexo (Baumel et al., 2019; Rissel et al., 2017; Brown, Durtschi, Carroll, Willoughby, 2017).
Apesar de não existir um consenso em relação à classificação do vício em pornografia como uma perturbação, sendo denominado pela Organização Mundial de Saúde como um comportamento sexual compulsivo, sabemos que este consumo ativa no nosso cérebro o sistema natural de recompensa, o mesmo sistema que é ativado noutras adições. Se considerarmos a pornografia a partir dessa perspetiva, podemos estar atentos aos sinais, sintomas e comportamentos reconhecidos, como aqueles listados na avaliação de adições.
São eles: o desejo e preocupação em obter, envolver-se ou recuperar-se do uso da substância ou comportamento; A perda de controlo no uso da substância ou no envolvimento no comportamento com frequência ou duração crescente, em maiores quantidades ou intensidade, ou no aumento do risco no uso e comportamento para obter o efeito desejado e consequências negativas nos domínios físico, social, ocupacional, financeiro ou psicológico.
Ou seja, esteja atento à intensidade, frequência e duração do seu comportamento, eles são fortes identificadores de possíveis problemas. Sobretudo, o impacto desses comportamentos no seu funcionamento diário e nas várias áreas da sua vida.
Se tiver dúvidas do impacto que a pornografia está a ter na sua vida, faça uma experiência – durante apenas 10 dias, dê ao cérebro um merecido descanso da pornografia e da excitação artificial e veja qual o impacto que isso tem em si.
Por outro lado, se sente que o seu comportamento já pode ser problemático e experiência alguns dos sintomas que foram acima mencionados, então é importante mudar o seu comportamento, e com o tempo, criar novos hábitos que irão se refletir em mudanças nas funções cerebrais.
Remova toda a pornografia
Elimine dos seus favoritos e do histórico do seu navegador todos os sites pornográficos. Saia também de todos os grupos de whatsapp que enviam esse tipo de conteúdo.
Mude o seu ambiente
Neste momento, o seu ambiente tem gatilhos que ativam esse desejo de consumir pornografia. Pessoas com adições são orientadas a evitar amigos, locais e atividades associadas ao consumo. Considere usar os seus dispositivos apenas em locais menos privados, que não associe ao uso de pornografia.
Considere um bloqueador de sites de pornografia e de anúncios
Até voltar a ter o seu autocontrolo total, os bloqueadores de sites e anúncios podem ser bastante úteis.
Procure ajuda especializada
Um psicólogo pode ajudá-lo a entender melhor a origem do seu comportamento e a fornecer ferramentas para ter mais autocontrolo e comportamentos mais saudáveis e ajustados.
Participar de um grupo de apoio, ou fórum sobre esta temática especifica também pode ajudar, uma vez que pode apoiar e ser apoiado por outros e gerar novas dicas para acelerar o progresso.
Se suspeita que o seu comportamento se está a tornar excessivo e está a prejudicar o seu desenvolvimento psicológico e afetivo, tendo consequências na sua vida pessoal, relacional e profissional é a altura de procurar ajuda, e começar a desenvolver uma melhor saúde sexual.
Vera Flor de Luz (A Dra. Vera Ferreira) da Clínica Learn2Be apresenta um conjunto de lives exclusivas “Conversas com valor”. Neste primeiro episódio aborda o tema: A Ansiedade em Mim. Uma conversa entre a Psicóloga e Hipnoterapeuta Vera Flor de Luz e a Dra. Flávia Miranda da Clínica Learn2Be.
Hoje vivemos numa sociedade rápida e imediatista. Uma parte da culpa deve-se à globalização, às novas tecnologias e competitividade, a outra parte, motivada por esta primeira, deve-se aos estilos de vida que decidimos adotar. Sim, DECIDIMOS. No limite, tudo na nossa vida representa uma escolha feita num momento anterior e devemos assumir essa responsabilidade pela nossa própria vida.
Algumas das perturbações de sono, são: Insónia, Hipersonolência, Narcolepsia, Perturbações do Sono relacionadas com a Respiração – Apneia obstrutiva do sono, Parassónias, Sonambulismo, Terrores de sono, Síndrome das pernas inquietas (SPI), Perturbação do sono induzida por substância/medicamento (APA, 2013).
Estas perturbações podem estar ligadas a uma componente genética e biológica, mas também existe uma tendência comportamental que, a partir de uma mudança de hábitos, pode gerar uma diminuição dos episódios.
Não nos podemos esquecer que o sono constitui um dos pilares da saúde, no entanto, as pessoas estão a sofrer de problemas de sono, e isso repercute-se na sua saúde (Paiva & Penzel,2011; Hirshkowitz, et al, 2015).
Não é nenhum segredo, que a privação de sono pode levar a falta de atenção, irritabilidade, humor depressivo, cansaço, memória mais lenta, e, ao mesmo tempo, também está ligada a doenças cardíacas, diabetes tipo 2 e depressão (Paiva, 2015; Walsh, 2004).
Algumas condições psiquiátricas podem causar problemas de sono, estando até nos seus critérios de diagnósticos, como a depressão, o stress pós-traumático e a perturbação de ansiedade generalizada (Seixas, 2009). Mas problemas de sono também podem desempenhar um papel de desenvolvimento, manutenção e/ou exacerbar os sintomas de muitas doenças mentais (Scott, Webb & Rowse, 2017). Estas alterações do sono afetam o nível do desequilíbrio emocional, que por sua vez, poderão originar perturbações depressivas, de ansiedade, stress e abuso ou dependência de substâncias (Taylor et al., 2011).
Por outro lado, boas noites de sono são essenciais para a nossa sobrevivência e para o nosso bem-estar físico e mental. O sono tem inúmeras funções, designadamente a homeostasia, o equilíbrio do organismo, fortalecimento do sistema imunológico, ajuda a prevenir doenças e desempenha um papel fundamental no funcionamento do cérebro, como a preservação da memória.
Então, já percebemos que o sono é de extrema importância, e um dos fatores da qualidade de sono é o número de horas que dormimos, e essa necessidade está diretamente relacionada com a nossa idade. Dormir o número adequado de horas é fundamental para a nossa saúde.
Esqueça alguma das teorias, como “Existem pessoas que só precisam de 4 horas de sono” – dormir cinco ou menos horas tem consequências nefastas para a saúde. Ou “não importa a hora do dia que dormimos” – Enquanto seres humanos, somos um animal diurno, então dormir de noite é mais vantajoso do que dormir de dia.
A boa notícia é que, como os problemas do sono são geralmente considerados fatores de risco modificáveis para muitas doenças, aprender formas de melhorar a qualidade e a quantidade do sono podem ser úteis no alívio dos sintomas dessas doenças.
As recomendações para os problemas de sono concentram-se sobretudo nas mudanças do estilo de vida que pode começar a fazer já hoje e que vão ajudá-lo a ter uma noite de sono melhor.
2. Evite cafeína ou estimulantes muito perto da hora de dormir.
Consumir café, refrigerantes ou outros produtos com cafeína no final da tarde ou à noite, vão deixá-lo mais desperto e com dificuldades para adormecer.
3. Desligue a tecnologia
Mexer no telemóvel ou assistir televisão na hora de dormir, prejudica o seu sono devido à luz azul presente nesses gadgets. Evite o contato com esses aparelhos 1h antes de dormir.
Resumindo, perturbações mentais podem piorar os problemas de sono, ao mesmo tempo problemas de sono podem levar a alterações na sua saúde mental. Por causa desta relação entre os seus padrões de sono e o seu estado mental, é importante conversar com profissionais especializados, como psicólogos, se estiver com problemas para adormecer.
No que diz respeito à mudança, a neurociência está de acordo quando diz que não importa a idade que tenha, seja 30, 40, ou 90 anos, se tiver um cérebro saudável e funcional pode mudar. Claro que isso não significa que o grau de facilidade seja o mesmo, mas é possível… com mais ou menos esforço, mas é perfeitamente possível. A esta adaptabilidade e maleabilidade do cérebro, de poder aprender coisas novas e mudar, chamamos de neuroplasticidade (Eagleman, 2020; Costandi, 2016; Cramer, et al., 2011).
Assim, sabemos que não é devido a fatores biológicos que somos impedidos de mudar, então resta-nos os fatores psicológicos e comportamentais. Uma das principais causas de não mudarmos é o medo. O medo é adaptativo, alerta-nos de uma possível ameaça e prepara-nos para a enfrentar, o problema começa quando este medo está desajustado e torna-se paralisante.
Talvez mudasse de emprego, talvez começasse aquele projeto que tem na sua mente, talvez se declarasse a alguém ou talvez se divorciasse, talvez mudasse de país, tirasse o curso que sempre sonhou, ou começasse novos hábitos.
Talvez fosse a atitude errada ou talvez fosse a melhor atitude da sua vida, mas o medo excessivo faz com que não consiga sequer avaliar corretamente as hipóteses. O medo nestes casos faz com que fique paralisado e esse medo com o tempo pode levar à insegurança, que por sua vez, leva à ansiedade, que é uma preocupação excessiva, um medo do futuro, de que algo mau posso acontecer. E assim sucessivamente, acabando por se conformar e acomodar.
É curioso, porque um dos papeis da ansiedade é fornecer-nos informações acerca da nossa vida, então se determinado pensamento ou situação causar ansiedade repetidamente, provavelmente a sua mente e o seu corpo estão a tentar mostrar-lhe que algo precisa ser resolvido, em alguma área da sua vida. Pense nisto da próxima vez que sentir ansiedade.
Outra das coisas que nos impede de mudar é esperar sempre um sinal, uma forte energia e um entusiasmo antes de agir. Lamento desapontá-lo, mas isso não vai acontecer, ou então não vai acontecer vezes suficientes para manter o comportamento. Muitas vezes, de forma errada interpretamos isso como motivação. Mas na verdade, motivação não é sentir uma energia mágica que nos faz agir, mas sim apenas o desejo de fazer algo (Harris, 2008).
Importa referir que as melhores coisas da vida não são estimulantes e inspiradoras todos os dias, em todos os momentos. Uma relação boa também tem momentos menos bons, um trabalho que nos apaixona também tem momentos desafiantes e stressantes. Mais importante que a motivação é a disciplina.
Também, confundir sonhos com objetivos, impede a mudança. Sonhar é inspirador, e pode servir de catalisador para a mudança, mas também pode ser perigoso porque podemos sonhar a vida toda sem realmente mudar, nem conquistar nada. Isto porque, um sonho são ideias gerais e isso pode levar a frustração e desilusão por não atingir os resultados esperados. Nesse sentido é importante, termos objetivos específicos, bem definidos, fazendo com que seja mais fácil planear, avaliar e executar com foco e determinação.
Igualmente, ter uma mentalidade fixa ou uma mentalidade de crescimento, influência a sua capacidade de mudança. Carol Dweck (2006), psicóloga e investigadora na universidade de Stanford, diz-nos que em geral, em relação à forma como encaramos os desafios existem dois tipos de mentalidade: a mentalidade fixa e a mentalidade de crescimento.
Segundo Dweck, pessoas com uma mentalidade fixa possuem crenças rígidas e inflexíveis, para estas pessoas as suas características pessoais são permanentes, impossíveis de serem mudadas ou melhoradas. Acreditam que são de determinada forma e vão ser sempre assim. Já aquelas pessoas com uma mentalidade de crescimento, acreditam que podem sempre melhorar as suas competências, que os erros são oportunidades de aprendizagem, e que através de esforço, dedicação e persistência irão conseguir superar e serem melhores. Ou seja, a sua mentalidade, a abordagem que tem perante os desafios e em relação a si próprio, irá limitar ou potenciar o seu crescimento.
Resumindo, a única coisa constante na nossa vida é a mudança, não precisa de ter medo de reinventar-se, e se ainda assim tiver medo…vá com medo. Não espere por uma energia mágica e inspiradora, se você não mudar, nada muda. Permita-se crescer e evoluir, seja a melhor versão de si, e agarre as oportunidades que a vida lhe dá para ser feliz. Transforme os seus sonhos em objetivos e inicie algo novo na sua vida, essa é a diferença de quem passa o tempo, daqueles que realmente o vivem. Irão sempre existir momentos desafiantes e de sofrimento, e aqui os seus padrões de pensamento, sentimentos e atitudes contam, crie uma mentalidade de crescimento, encontre novas maneiras de pensar ou de fazer as coisas. Aprenda, mude e reinvente-se quantas vezes forem precisas para ser feliz.
Como nos diz Lewis Carroll, em Alice no País das Maravilhas – “se não sabe para onde quer ir, qualquer caminho serve”. Pense o que é realmente importante para si, o que o faz feliz, o que quer alcançar, como isso torna o mundo melhor e qual é o sofrimento e desafios que está disposto a enfrentar para isso. Viver uma vida com propósito significa viver uma vida que vale a pena ser vivida.
Saia da sua zona de conforto, desafie as suas crenças limitantes. Por exemplo, o medo de falar em público é um dos medos mais comuns em todo o mundo, mas é algo perfeitamente trabalhável e alcançável. É ao superar medos e enfrentar desafios que desenvolvemos competências e confiança para atingir os objetivos a que nos propomos.
Adote um estilo de vida saudável, faça exercício físico, alimente-se bem, durma bem e tenha boas relações. Viver uma vida saudável e equilibrada proporciona-lhe uma vida mais feliz e plena.
Você vai estar consigo a vida toda, seja uma boa companhia para si mesmo, aprenda a gostar de si.
Se estiver em alto mar a afogar-se porquê tentar salvar-se sozinho e nadar até à costa quando pode aceitar umas boias e tornar tudo mais fácil? Através da psicologia ou do coaching, é possível traçar um plano à sua medida, dar-lhe as ferramentas necessárias e acompanhá-lo nessa jornada.
Se ainda não está convencido saiba isto: Vários estudos (Roese, 2005; DeGenova, 1992; Newall, Chipperfield, Daniels, Hladkyj, Perry, 2009) demonstraram que o arrependimento é dos piores sentimentos em idade avançada. Arrependimento por não ter feito algo, por não ter aproveitado melhor a companhia de alguém que partiu, arrependimento de não ter mudado. Lembre-se, é mais fácil superar o medo do que o arrependimento.
Não há melhor momento do que o agora! Comece já o seu processo de mudança para ser o melhor de si.
A Dra. Mafalda Fernandes da Clínica Learn2Be apresenta o ciclo de entrevistas exclusivas: “Conversas que curam”. Neste sexto episódio o tema abordado: Espiritualidade e a nossa Saúde Mental. Uma conversa entre a Psicóloga Clínica Dra. Mafalda Fernandes e a Psicóloga Clínica e Hipnoterapeuta, Dra. Vera Ferreira (Vera Flor de Luz) da Clínica Learn2Be.
Fazendo alusão à mitologia grega, que nos mostra a ave (Fénix) que renasce das cinzas, por vezes também uma parte de nós terá de morrer para que outra parte possa ganhar vida e ocupar o lugar.
(Necessidade de se) Reinventar: Uma pesquisa sobre este termo aponta para mudar a maneira como alguém funciona ou se comporta; recriar uma solução para um problema antigo, mas que exige uma nova abordagem.
Resiliência: Uma pesquisa no Google devolve resultados como a capacidade do indivíduo de lidar com problemas, adaptar-se a mudanças, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações diversas, tais como choque, stress ou um evento traumático.
Neste período conturbado em que a humanidade se encontra, a braços com momentos especialmente pesados, estas duas palavras – resiliência e (necessidade de se) reinventar –, transformaram-se em conceitos amplamente difundidos, nos mais variados contextos, independentes do género ou da idade, a que todos somos obrigados, de alguma forma, a dar especial atenção. A situação pandémica mostrou-nos, no mínimo, que temos de ser suficientemente flexíveis para aprendermos a redefinir métodos de trabalho, meios de socialização com família e amigos, bem como formas de gestão das nossas rotinas diárias e das pessoas com quem vivemos. Todas estas transformações, feitas frequentemente com alguma “dor”, implicam seguramente o domínio dos conceitos que antes referia: a nossa resiliência é posta à prova a todo o momento (desejamos voltar a uma situação “normal”, mas não sabemos quando tal acontecerá); a necessidade de nos reinventarmos reveste-se de múltiplas facetas (tornar o desconhecido em conhecido).
Contudo, o que gostaria de aqui trazer hoje, relacionado com estes dois conceitos, remete para outros contextos que não o da situação de emergência que atravessamos: a imperiosa necessidade de nos reinventarmos é transversal aos mais diversos contextos.
Aos 36 anos, o Vasco viu-se naquilo que ele classificou de “uma estrada de sentido único, sem volta para trás”: estava há treze anos num trabalho que não lhe fazia sentido e a sua relação amorosa também tinha chegado ao fim, deixando-o numa crise pessoal e profissional tal que o levou, pela primeira vez, a pedir baixa médica: “Naquele momento percebi que tinha de mudar alguma coisa na minha vida; se não o fizesse, não sei se seria capaz de voltar a sair de casa sequer”. O Vasco decidiu voltar à universidade e acabou por mudar, mais tarde, de percurso profissional. Hoje admite: “Há um antes e um depois. É como se um Vasco tivesse morrido, e outro, novo, estivesse aqui agora”.
A Teresa viveu uma relação abusiva durante mais de 10 anos. A cada nova manhã sentia-se paralisada pelo medo, sem saber como se iria comportar o companheiro, mas também de ficar sozinha, caso este decidisse abandoná-la: “Um dia deixei de me reconhecer. Era como se eu estivesse fora de mim, a observar de cima, do alto, a ver um corpo que se movimentava naquela casa e que se sujeitava a toda aquela violência”. A Teresa ainda ficou mais três anos com a mesma pessoa, naquela casa. Presentemente afirma: “Agora percebo, na altura não o conseguia ver, como afinal posso ter uma vida diferente. Aliás, posso ter tantas novas vidas quantas eu quiser”.
O António ficou viúvo aos 68 anos, depois de um casamento de mais de 40 anos: “Os primeiros meses foram para esquecer… Nem sei, quando olho para trás, como resisti. Sentia-me completamente paralisado. O dia inteiro, vazio, à minha frente, era assustador”. Passados quatro anos conheceu uma mulher e acabou por se decidir a ir viver com ela. Foi um longo processo, o que o António fez, para se libertar de sentimentos de medo e de culpa: “Também eu tive de morrer, para nascer de novo, para poder aceitar que, ao estar com outra mulher, não estava a trair a minha mulher de sempre”.
Estas histórias remetem-nos para diversos sentimentos ou estados de espírito, entre os quais encontramos medo, desorientação, confusão e dor. Paradoxalmente, são estes sentimentos, e uma necessidade imperiosa de descoberta e de redefinição, que levaram estas pessoas a ativarem recursos internos e a fazerem mudanças nas suas vidas, “salvando-se” assim a si mesmas.
Medo, desorientação, confusão e dor são, frequentemente, os mensageiros que nos sinalizam que, algures dentro de nós, a mudança já está a acontecer.
Ser resiliente e saber como se reinventar adquirem, aqui, todo o seu significado. Qualquer coisa que valha a pena ser feita terá sempre uma dose de medo associada. Seja mudar de profissão, iniciar ou terminar uma relação, ter um filho, enfrentar a reforma, assumir a realidade de uma orientação sexual, aprender a viver com uma doença crónica, seja o que for, todos os processos de mudança de vida podem destapar medos profundos.
Pode ser importante lembrar-se que este medo tem um lado positivo: é uma forma de se questionar a si próprio se quer realmente a nova vida que aquelas mudanças podem trazer. É também uma forma de o lembrar que desprender-se e fazer o “luto” do passado é um processo absolutamente necessário para que se abram outras portas e para que possa caminhar na direção do seu novo eu.
Lembra-se da Fénix de que falávamos no início? A mitologia associa-a não só ao renascimento, como também à força interior que lhe permitia suportar grandes pesos e, ainda assim, prosseguir.
Nem sempre é fácil de lidar com o inevitável confronto com a novidade. Por razões internas, subjacentes ao processo de maturação e desenvolvimento e, por razões externas, trazidas pelos desafios apresentados pela vida, as pessoas vão sendo confrontadas com sucessivos momentos em que sentem a necessidade de buscar novos conhecimentos e competências. Isso acontece porque as ferramentas até então utilizadas já não são suficientes para lidar com os novos problemas e situações. É nestes momentos que pode emergir a ansiedade relacionada com a necessidade de transformação pela insegurança causada pelo não domínio das modalidades de ação agora requisitadas.
Basicamente existem duas alternativas possíveis: abraçar os desafios e adquirir as necessárias e suficientes ferramentas para lidar de forma exitosa com os desafios ou, refugiar-se dos desafios adotando uma estratégia evitativa que, em primeira mão, garante segurança emocional. O que é necessário para adotar a primeira destas alternativas, claramente preferencial do ponto de vista da saúde mental, do bem-estar e, até, da felicidade.
Em primeiro lugar é conveniente a existência de uma perspetiva otimista que gera esperança na possibilidade de enfrentar os desafios, de alcançar êxito e, mais importante que o resto, de adquirir a aprendizagem necessária para aumentar os patamares de autonomia. Em segundo lugar, é importante conseguir uma atitude de iniciativa expressa na atividade intencional dirigida aos objetivos.
Porém, o desafio da novidade, traz muitas vezes sentimentos de insegurança sobre a esperança (confiança) e iniciativa (autonomia). Com ela surge a tentação das pessoas continuarem a utilizar as modalidades de resposta já aprendidas que, sendo familiares, são mais seguras de utilizar. Mesmo quando já não são claramente suficientes, essas ferramentas tendem a permanecer no repertório das pessoas na medida em que a organização de novas e distintas modalidades de resposta traz ansiedade.
A submissão a este tipo de medo e ansiedade conduz as pessoas para a utilização de um conjunto de estratégias ineficazes e prejudiciais ao seu desenvolvimento. A mais básica de todas elas é a estratégia evitativa que, embora traga uma proteção imediata, torna-se num obstáculo à aquisição da competência na medida em que a pessoa permanece incapaz de lidar com a situação desafiadora. Este comportamento fóbico não elimina o mal-estar sentido perante a situação e, até, reforça o sentimento de impotência da pessoa.
Uma outra estratégia prejudicial utilizada pelas pessoas é a desresponsabilização justificada com a falta de motivação, interesse ou, até, de competência, para lidarem com as novas situações encontrando a razão perfeita para a inércia. A formulação destes argumentos justificativos legitima o comportamento de não enfrentamento da situação e, inevitavelmente, reforça a ansiedade e a incapacidade para efetuar uma resposta adaptativa.
Outra estratégia utilizada é a de dramatizar a própria situação de ineficácia até que algum outro se disponha a resolver o problema da pessoa. Sucesso ilusório, pois a incapacidade para enfrentar a situação permanece.
Uma estratégia também utilizada por algumas pessoas é a de rejeitarem os novos objetivos em detrimento de outros mais familiares de maneira que o cardápio seja apenas composto por metas controláveis e quase garantidamente possíveis de alcançar. Ao fazê-lo, a pessoa garante um êxito para si próprio que é enganoso na medida em que representa estagnação mais do que progressão.
Abraçe os novos desafios com a certeza que não vai resolvê-los todos de forma simples e, à primeira tentativa. Algum fracasso é absolutamente normal pois essa é a história do desenvolvimento do homem, seja no plano filogenético, ontogenético, sociogenético ou microgenético. Enquanto espécie, grupo ou indivíduo, o homem contemporâneo expressa a capacidade de inovação dos seus antecessores. Caso tivessem sucumbido à ansiedade de se reinventarem não teriam feito a maravilhosa progressão do austrolopitecus ao homo sapiens.
Então, não passe ao lado das coisas para se permitir dizer que não tomou conhecimento delas arranjando uma maneira de legitimar o seu evitamento ou procrastinação. Não fique à espera que os outros resolvam os seus problemas pois é um êxito falacioso e prejudicial. Não fique a fazer as mesmas coisas, aquelas que já sabe de cor e salteado, pois esse sucesso não vai trazer competência. Aceite a sua vulnerabilidade e limitação e invista na capacidade de se modificar. Aceite a turbulência de enfrentar a ansiedade de se reinventar.
Mas, atenção. Não basta ler uns livros ou ver uns vídeos dos inúmeros gurus e mestres que pululam nas infindáveis ofertas hoje facilmente acessíveis. É necessário um auto-conhecimento aprofundado para saber, de fato, que vulnerabilidades temos, que potencialidades somos capazes de mobilizar, que estratégias são mais adequadas para cada um de nós. Entrar simplesmente no comboio das múltiplas receitas hoje disponibilizadas não basta para assegurar o desafio da transformação pessoal. Precisamos de fazer uma viagem suficientemente profunda de modo a encontrarmos significados e reconstruirmos sentidos. É nesse sentido que a psicoterapia, mais do que um espaço de intervenção na doença mental, está a transformar-se num espaço de desenvolvimento pessoal que pode dar um contributo importante na ansiosa tarefa da transformação.
A Dra. Mafalda Fernandes da Clínica Learn2Be apresenta o ciclo de entrevistas exclusivas: “Conversas que curam”. Neste quinto episódio o tema abordado: Mundo virtual VS Mundo real. Uma conversa entre a Psicóloga Clínica Dra. Mafalda Fernandes e o ator, apresentador e locutor João Paulo Sousa.
A Dra. Mafalda Fernandes da Clínica Learn2Be apresenta o ciclo de entrevistas exclusivas: “Conversas que curam”.
Neste quarto episódio o tema abordado: A coragem de sermos nós próprios! Uma conversa entre a Psicóloga Clínica Dra. Mafalda Fernandes e a Autora e Oradora Motivacional Mafalda Ribeiro.