
Ter a capacidade de desenvolver uma perspetiva positiva é fundamental não só para a nossa eficácia, como também para o nosso equilíbrio emocional, além de ser uma característica fundamental da resiliência. Uma perspetiva positiva contribui para a felicidade e bem-estar geral, bem como nos permite distinguir dos demais pela forma como pensamos, olhamos e refletimos sobre as coisas à nossa volta, tornando-nos mais confiantes, competentes e portanto, com melhores níveis de produtividade.
No entanto, este caminho para a positividade nem sempre é linear. Enquanto seres humanos parece que somos ensinados a focar-nos no negativo, algo que quando acontece de forma constante, contribui fortemente para os nossos níveis de mal-estar, e consequentemente, para o nosso desempenho e motivação. Mas a mudança está nas suas mãos. Focar a sua atenção no positivo pode mudar isso.
A nossa autoimagem torna-se essencial na forma como vamos lidando com as situações, na capacidade de apresentar respostas resilientes. É por isso essencial ter consciência de que os pensamentos dominantes da sua mente se reproduzirão na realidade física. Ou seja, a forma como se vê, aquilo que pensa sobre si própria, acaba por se reproduzir através dos seus comportamentos. Deixo-lhe uma sugestão, se concentrar os seus pensamentos durante trinta minutos diariamente, na tarefa de pensar na pessoa que quer ser, comprometendo-se a criar mentalmente uma imagem clara dessa pessoa, mais facilidade irá ter em conseguir atingir aquilo que tanto deseja.
A tendência que falámos em cima, de nos concentrarmos com maior frequência na negatividade, em vez da positividade, é conhecida como “viés da negatividade”.
Esta forma de olhar, de nos focarmos na negatividade, tem uma justificação, a qual se prende com a importância que teve ao longo da nossa pré-história. Para os caçadores, por exemplo, era mais seguro pensar no pior com que poderiam ter de vir a lidar. Uma fruta que nunca tinham visto antes, que podia ser venenosa. As palavras que proferiam que ao ser mal interpretadas poderiam originar um conflito. Um barulho desconhecido vindo dos arbustos que poderia significar um inimigo escondido. Como resultado desta forma de olhar defensiva, fomos formatando e moldando os nossos cérebros para pensar em primeiro lugar e de forma rápida no que poderia dar errado, pois um erro, nesta época, poderia ser uma questão de vida ou morte.
No entanto, no mundo atual, na sociedade onde nos encontramos inseridos, onde a nossa segurança física não está tanto em risco como esteve no passado, esta forma de olhar deixa de fazer sentido enquanto proteção individual.
Concentrar-se na positividade pode aumentar a sua propensão para ver as coisas boas que tem na sua vida. De facto, são vários os estudos que nos indicam que adotar estratégias conscientes para identificar essas coisas boas, está positivamente relacionado com o aumento significativo dos níveis de felicidade e bem-estar ao longo do tempo. Tudo isto ganha expressão e torna-se possível através do princípio da autossugestão, ou seja, tudo aquilo que desejamos fortemente e que mantemos de forma consistente na nossa mente, acabará por encontrar expressão na nossa vida. Daí ser importante começar por dedicar algum do seu tempo diário a exigir de si próprio pensar nas coisas boas que tem e que lhe aconteceram.
Sugiro-lhe um pequeno exercício para reflexão: Reserve um pouco do seu tempo antes de ir dormir e escreva diariamente três coisas positivas que lhe aconteceram durante o seu dia.
Para além da forma como se irá começar a sentir, os benefícios associados à capacidade de olharmos para as coisas de uma perspetiva positiva não ficam por aqui. São inúmeros os estudos que nos revelam que emoções positivas estão também associadas a um melhor desempenho, maior motivação e também melhor saúde física. Reforço que a alegria é contagiante. Quanto mais positiva for, maior probabilidade terá de servir de modelo para os seus colegas de trabalho, por exemplo, melhorando não apenas o humor dos demais à sua volta, como também a sua eficácia e ambiente laboral no geral.
Termino, deixando-lhe um pequeno exercício para reflexão, o qual lhe irá permitir ajustar a sua perspetiva:
Durante o último minuto, já depois do seu telefone terminar os 4 minutos, anote como se sente agora.
Qual é a diferença que sente relativamente à forma como se sentia antes de iniciar o exercício? Será que perante o que está a sentir atualmente se sente mais capaz e preparada para responder e reagir a mudanças inesperadas? Será que sentir-se dessa forma com mais frequência a levaria a sentir-se mais resiliente?