
O termo Educação Positiva surgiu no início de 2008, durante um encontro entre Seligman e os elementos da equipa da Geelong Grammar School, uma escola Australiana que foi a primeira no mundo a implementar os princípios da Psicologia Positiva em toda a instituição de ensino. Contudo, na literatura, o termo só aparece pela primeira vez em 2009, no artigo – “Positive education: positive psychology and classroom interventions”, elaborado por Seligman, no qual este a define, como a educação tanto para as competências básicas, como a educação para a felicidade.
Desde então, outras definições complementares foram atribuídas à Educação Positiva. Estas sugerem, numa definição mais ampla, de que Educação Positiva é a Psicologia Positiva (que se foca na promoção e desenvolvimento das emoções de caráter positivo, das forças e virtudes do ser humano), aplicada à educação e que engloba não só a escola, mas igualmente a família (pais, cuidadores, pessoas próximas) das crianças e dos jovens. Fomentando, nas escolas e nas famílias a atenção plena, prosperidade, esperança, otimismo, autoeficácia, regulação emocional, bem-estar, empatia, saúde, entre outros. Deste modo:
Todos sabemos que a escola é o local de eleição para as aprendizagens de caráter formal. Por outro lado, na família é onde se iniciam os primeiros passos de qualquer aprendizagem e educação. Os objetivos tanto da escola como da família não devem estar eles separados, mas unidos de forma a para promover o bem-estar global do aluno. É aqui que os princípios da Educação Positiva, podem ser de grande relevância na sua aplicação aos contextos educativos. A Educação Positiva pretende, promover o desenvolvimento integral dos alunos incluindo, não só, o sucesso académico, mas igualmente o crescimento de habilidades como por exemplo, a resiliência, o otimismo e a esperança, com o objetivo de potenciar o bem-estar de toda a comunidade educativa.
Ao longo das últimas gerações, estudos apontam um crescimento dos índices de depressão, ansiedade, distúrbios alimentares, entre outros problemas de saúde mental ou física, em crianças e igualmente nos adolescentes. O que nos faz questionar:
– Será que os modelos educacionais estão devidamente preparados e adequados para responder às exigências atuais?
– Não existirá a necessidade de novas abordagens, que possam fazer mais e melhor para ajudar as crianças e os jovens, a saber lidar com os desafios e prosperar num mundo cada vez mais complexo, e numa sociedade cada vez mais individualista?
Tendo em consideração que estudos recentes sobre a Educação Positiva, indicam que uma educação baseada no bem-estar e fomentada na família e na escola, tende a melhorar o nível de aprendizagem dos alunos, assim como o seu rendimento escolar, e consequentemente o aumento da sua autoestima e da sua autoconfiança.
Deste modo será necessário, falar mais sobre este tema quer nas escolas, quer nas famílias, para uma necessidade de revisão dos modelos educacionais existentes, que em detrimento do seu modelo atual, deveriam passar a priorizar igualmente o bem-estar das crianças e jovens, promovendo a educação social, emocional e ética, e preparando-os para se tornarem futuramente pessoas realizadas e cidadãos responsáveis.
“A vida impõe as mesmas contrariedades e dificuldades tanto para o otimista quanto para o pessimista, mas o otimista consegue enfrentá-las com mais tranquilidade.”
M. Seligman
É através da Educação Positiva que, aprendemos a ser, a partilhar, a conviver e a ser capazes de nos vermos por dentro para poder olhar o outro, conseguindo estabelecer limites e carinho ao mesmo tempo. Inerente à Educação Positiva, existe a Disciplina Positiva.
A Disciplina Positiva caracteriza-se por ser respeitosa e afetiva, concedendo uma enorme importância à capacidade empática. Esta, apresenta aos pais, aos educadores e professores… uma alternativa ao autoritarismo e à permissividade. Rompe com esses dois modelos de extremos e permiti-lhes encontrar um equilíbrio.
Jane Nelsen em 2009, deu alguns exemplos que devem existir na disciplina positiva, como a capacidade de firmeza e carinho ao mesmo tempo, e saber o corrigir (só) depois de (re)começar. Passo a citar:
Firmeza e carinho ao mesmo tempo:
Relativamente à firmeza, todas as crianças precisam de regras, de limites e de rotinas. Estas são essenciais para que elas se sintam seguras, para que saibam com o que podem contar, e até onde podem ir, e quais os limites que não devem ultrapassar. Com firmeza, podemos estabelecer essas regras, limites e rotinas de uma forma mais efetiva. E saber conjugá-la com o carinho. O carinho é a base de qualquer relação; é necessário que a relação entre pais, educadores, professores e as crianças exista sempre presente o afeto e o carinho. Para além disso, o respeito é igualmente de extrema importância.
Corrigir (só) depois de (re)começar:
Por natureza somos reativos perante o mau comportamento, perante atitudes agressivas ou desafiantes das crianças. Procuramos corrigi-las de imediato. Esperamos que esta aprenda e não repita aquele comportamento. Contudo, não adianta corrigir comportamentos quando a criança está irritada ou zangada. Nesse momento o cérebro da criança está demasiado ocupado a lidar com emoções como a raiva, injustiça, tristeza, … Assim, ela não consegue refletir e recuperar a calma. Deste modo, é importante darmos um tempo à criança e a nós próprios, para nos acalmarmos antes de conversarmos sobre o que se passou.
Saber Educar de forma Positiva, com a Disciplina Positiva é ajudar as crianças a descobrirem do que são capazes, a experimentar (dentro dos limites do bom senso). Pois só assim, estarão preparados para conseguir (sobre)viver na sociedade atual, cada vez mais exigente e impiedosa.
Sabemos que, ter uma boa autoestima e uma boa autoconfiança é meio caminho andado para uma criança ser feliz. Estudos realizados, demonstram a enorme importância que a Educação Positiva fomenta na autoestima e na autoconfiança da criança. Contudo, de salientar, que os dois conceitos, não possuem o mesmo significado. Ambos estão interligados, mas na realidade são diferentes.
A autoestima:
É a avaliação que cada um faz de si mesmo, é um sentimento que nem sempre atende à realidade, mas corresponde à descrição que fazemos de nós mesmos e da imagem que achamos que os outros têm sobre nós. Baseando-se nas nossas experiências vividas na infância, bem como a referências que tivemos e os estilos educativos, que se vai assentar a nossa futura gestão emocional. Ninguém possui a capacidade de dar autoestima, mas sim de acompanhar no desenvolvimento desta, e aqui os pais/educadores e professores desempenham um papel muito importante, já que a visão que têm e que transmitem às crianças irá influenciar no aumento ou diminuição da sua autoestima. Para desenvolver a autoestima através da Educação Positiva, tem de se ter em conta quatro pilares:
–Física– faz referência à importância que tem o respeito ao nosso corpo e aos cuidados pessoais.
–Mental – relacionada com a capacidade de estimulação da aprendizagem e da compreensão.
–Espiritual – vinculada com os valores que temos e com a essência do nosso eu interior.
–Emocional– ligada à gestão e aceitação das nossas emoções e sentimentos, assim como o desenvolvimento da nossa capacidade empática.
Deste modo, através da Educação Positiva, que incentiva um bom equilíbrio da autoestima e dos sentimentos positivos em relação a si mesmas, as crianças encontram-se num estado de harmonia pessoal, que lhes permite a não terem de depender tanto da avaliação dos seus pais ou professores, para determinar se atuaram bem ou mal, porque serão mais conscientes de todas as caraterísticas que as compõem (boas e menos boas), o que as ajudará a enfrentar os obstáculos que forem aparecendo ao longo da sua vida.
A autoconfiança:
Está relacionada com a capacidade/competência para a realização de uma determinada tarefa ou de um conjunto de tarefas. Uma criança pode ser uma ótima aluna a Matemática e ter por isso uma boa autoconfiança quando vai fazer o teste, mas ter uma baixa autoestima, porque os colegas lhe chamam de «esquisita» ou de «crânio» e isso faz com que ela se sinta excluída ou diferente. Acabando por a afetar emocionalmente (o que pode manifestar-se, por exemplo, pela falta de vontade de ir à escola ou em comportamentos agressivos). Deste modo, uma criança pode ter uma autoconfiança forte e uma autoestima baixa.
Para desenvolver uma boa autoestima e uma boa autoconfiança, é essencial para qualquer criança, uma espécie de capa invisível que protege as suas emoções e que a fará enfrentar os desafios com confiança. Para que isso aconteça a educação positiva ajuda no sentido de alterar a crença que a própria criança tem de si e conseguindo trabalhar as suas emoções.
Deste modo, é importante trabalhar crenças como, a aceitação, o gostar de si mesma, o ser responsável pelos seus comportamentos e emoções, não se comparar com os outros, não ter receio de exprimir aquilo que pensa e sente, não se culpar pelos seus erros, mas sim perceber que estes podem ser uma oportunidade para aprender, agradecer aquilo que ele(a) é, e aquilo que ele(a) atualmente possui.
Assim sendo, para educar é preciso que exista uma envolvência de vários agentes educativos, pais, avós, educadores, professores, ou seja toda uma comunidade familiar e escolar … quanto mais funcional for essa ligação, melhores serão os resultados. É importante ensinar as crianças a refletir e a aprender com os seus próprios erros, fornecendo-lhes bases sólidas, estabelecendo regras, limites e rotinas, mas sabendo igualmente respeitar a criança.
É peremptório afirmar, que será cada vez mais importante promover e apostar na Educação Positiva, quer em casa, quer na escola, pela relevância que ela assume na vida das crianças, e sobre o qual já foi anteriormente mencionado. Para além disso, os psicólogos podem dar igualmente uma enorme ajuda, sobre o aprofundamento deste tema e auxiliar em todo o processo inerente à Educação Positiva. Para que todos juntos, possamos colaborar de uma forma significativa para um saudável desenvolvimento da personalidade da criança, de forma a repercutir-se posteriormente na personalidade do adolescente e futuramente, na personalidade do adulto, contribuindo sempre para o seu bem-estar, quer a nível pessoal, social e emocional.
Se sentem que necessitam de ajuda e apoio, contem com o meu auxílio. Marquem a vossa consulta, presencial ou online!