Clínica de Psicologia e Coaching Learn2Be

Porque é que cada vez menos pessoas atendem o telefone

Um em cada quatro jovens nunca atende o telefone quando recebe chamadas de voz ou áudio, de acordo com um novo inquérito da Uswitch. 25% dos jovens entre os 18 a 34 anos nunca atendem o telefone. Os participantes responderam que ignoram o toque e respondem depois por mensagens de texto ou de áudio.

Esta tendência que é demonstrada por este estudo, na minha opinião, não é específica deste grupo etário, mas sim, algo imergente na nossa sociedade, inerente à conjugação do desenvolvimento da tecnologia com a evolução social, e que naturalmente é mais facilmente posto em prática pelas gerações mais novas.

Não vejo essa tendência como algo negativo ou limitador, mas sim, algo até expansivo e produto da nossa evolução. Não podemos virar costas ao futuro, por muito que seja diferente do que já foi, é uma realidade e está aqui para ficar.

Há pessoas que adoram falar ao telemóvel e que até ganham animo para o dia com essas conversas, há pessoas que detestam falar ao telemóvel e que perdem energia com essas conversas.

Havendo a possibilidade de comunicar assincronamente, através de áudio ou mensagem escrita, não vai limitar a comunicação síncrona das pessoas que adoram falar ao telemóvel, porque essas vão continuar a comunicar dessa forma com quem também prefere esse tipo de comunicação, mas vai possibilitar aqueles que não gostam de falar ao telemóvel, novas formas de comunicação que lhes permite comunicar livremente e eficazmente, sem esse gasto extra de energia, e escolher falar sincronamente apenas com as pessoas mais relevantes das suas vidas ou em momentos em que essa comunicação síncrona é realmente vantajosa para ambos os interlocutores.

A preferência por comunicação assíncrona em detrimento da comunicação síncrona tem algumas vantagens:

Não ter de responder ao tempo do outro, e podermos responder ao nosso tempo, permite a pessoa dedicar um momento do seu dia para responder a todas as comunicações pendentes, organizando melhor o seu tempo e dedicando blocos de tempo para a utilização do telemóvel, podendo no restante tempo estar livre da interrupção constante dos inputs de mensagens ou chamadas.

Permite também a pessoa se concentrar realmente na mensagem que quer transmitir, ou na resposta que quer dar, podendo ser mais sucinto e eficaz nessa resposta, sem estar a ser interrompido no seu pensamento e sem estar pendorado no conteúdo baseado apenas na necessidade de atenção da outra pessoa.

Permite a pessoa escolher o momento ideal de espaço (privacidade) e tempo, para responder/comunicar da forma mais confortável possível, sem estar a perder o foco do seu dia e poder estar mais presente quer seja no seu trabalho, na sua vida pessoal ou em tarefas que exigem máxima concentração, como por exemplo a condução de veículos.

Neste sentido, esta nova forma de comunicação não é um detrimento à comunicação antiga por telemóvel, mas um desenvolvimento desta, a qual permite uma utilização mais eficaz deste instrumento de comunicação por todos os perfis de pessoas.

Pensando no antigo paradigma, anterior ao aparecimento do telemóvel e em que as pessoas tinham apenas telefone fixo em casa ou no trabalho e faziam as suas vidas e eram só contactadas quando realmente estavam disponíveis para tal,  o estranho não é a pessoa escolher o momento e a forma como quer ser contactado ou contactar o outro, o estranho é  a pessoa estar sempre com disponibilidade para receber comunicações síncronas por telemóvel, como se não tivesse mais nada que fazer da sua vida.

Vejo o acesso à comunicação assíncrona, como uma adaptação da transformação deste antigo paradigma em que a pessoa andava mais livre da interação constante por meios analógicos e digitais, para esta nova realidade em que o telemóvel anda sempre com a pessoa.

Relembro aqui um frase do livro “The true believer” de “Eric Hoffer : 

“Em tempos de grandes mudanças, o aprendiz herdará o mundo, enquanto aquele que já sabe tudo, estará perfeitamente equipado para um mundo que já não existe”.

Miguel Gonçalves
Fundador e CEO do Learn2be Solutions – Business Coaching e Consultadoria Empresarial
Diretor Clínico do Learn2be

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