Lidar com pessoas autistas revela desafios únicos e complexos. Como o próprio nome indica, Perturbação do Espetro do Autismo, é um espetro vasto e extremamente diversificado, onde cada pessoa reúne uma série de características e habilidades únicas. Neste sentido, é essencial reconhecer a diversidade dentro do espectro, ajustar as nossas próprias expetativas e comportamentos para promover interações significativas e produtivas.
Vamos então perceber que ao reconhecer estas necessidades individuais, ao estabelecer metas realistas e promover um ambiente inclusivo e de apoio, podemos criar grandes oportunidades de crescimento que fortaleçam conexões e promovam o bem-estar emocional.

Ao longo das últimas décadas, tornou-se evidente que a aplicação de abordagens generalizadas na intervenção com crianças e jovens autistas pode resultar em frustração, tanto para eles como para os adultos que os acompanham. Pode até mesmo ser contraproducente e limitador em termos de aprendizagem e do neurodesenvolvimento.
Utilizar uma abordagem sensível e compassiva é fundamental para criar um ambiente saudável e um espaço onde as crianças/jovens se sintam aceites e compreendidas. É a partir do desenvolvimento desta vinculação segura que urge alguma motivação e curiosidade para interagir com o outro e para participar nas tarefas promovidas pelos cuidadores.
Para isso, é preciso conhecer as potencialidades e dificuldades de cada um, especialmente ao nível da comunicação, socialização, do processamento sensorial. Este conhecimento e consciencialização permite-nos ser realistas sobre o caminho a seguir no seu desenvolvimento.
É crucial encontrar um equilíbrio saudável entre ter expectativas realistas e manter uma mente aberta para lidar com as incertezas e imprevisibilidades que surgem no caminho. Isso envolve avaliar objetivamente as circunstâncias, definir metas alcançáveis e estar preparado para ajustar as expectativas sempre que necessário.
Na prática, ajustar as expectativas significa ler a criança, as suas necessidades e equilibrar as expectativas demasiado exigentes com metas alcançáveis e realistas. É importante reconhecer que o progresso é gradual e pode envolver retrocessos temporários. Portanto, devemos focar em objetivos pequenos e atingíveis, reavaliando-os frequentemente e aumentando a dificuldade conforme necessário.
Imagine, por exemplo, numa aula de educação física, em que se pretende que um menino participe num jogo que implica contacto físico e interação social. Se este tiver sensibilidade sensorial, pode revelar dificuldades em lidar com o excesso de estímulo. Assim, ajuste as suas expectativas para garantir que ele se sente confortável e incluído. Pode oferecer opções alternativas de participação, ser o árbitro ou organizar o jogo, onde ele pode estar envolvido de uma maneira que se adapte às suas necessidades e habilidades. Além disso, forneça um espaço tranquilo e seguro para momentos de pausa, para onde ele se possa retirar caso se sinta sobrecarregado.
Ao ajustar as suas expectativas e fornecer opções flexíveis de participação, está a criar um ambiente inclusivo onde todos os participantes, se sentem valorizados e respeitados nas suas diferentes formas de contribuição.
Partindo do pressuposto que estas diferenças se evidenciam em casa, é fundamental que os pais trabalhem desde o início na estreita colaboração com os educadores/professores, informando-os acerca das necessidades específicas da criança/ jovem e discutam em conjunto as estratégias e técnicas mais adequadas. Isso inclui estabelecer metas realistas que pretendem trabalhar e estimular em todos os contextos.
No contexto educacional é vital promover uma cultura inclusiva e mobilizar medidas de suporte à aprendizagem e à inclusão, que deem resposta às necessidades específicas da criança/jovem e trabalhar de forma multidisciplinar para que todos os intervenientes da vida da criança atuem em conformidade para o bem-estar e desenvolvimento do pleno potencial da mesma.
Ajustar as expetativas não se trata de limitar competências, mas de reconhecer e respeitar as diferenças individuais. É criar um ambiente em que todos possam crescer juntos e uma base sólida e segura para nutrir o desenvolvimento positivo de cada um, ajudando-os a atingir o seu potencial.
Procurar ajuda profissional, como consultas de psicologia ou aconselhamento parental, é uma opção válida que requer coragem para lidar com os desafios relacionados com o autismo. Esses profissionais têm o conhecimento e a experiência necessários para oferecer suporte, orientação e estratégias específicas para lidar com as necessidades individuais do seu filho/a ou do indivíduo autista com quem interage.
Se está a ter dificuldades em ajustar as suas expectativas ou em lidar com crianças/jovens autistas, não hesite em procurar ajuda. Não precisa de lutar sozinho/a. Marque uma consulta de Psicologia ou de Aconselhamento Parental e fortaleça-se.
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