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Auto-perdão: A chave para desbloquear a sua vida

Se abriu este artigo provavelmente alguém ou algo na sua vida o magoou, e essa dor, angústia e sofrimento ainda estão algures dentro de si. Talvez até consiga definir um antes e um depois dessa mágoa, dessa fase horrível. Talvez tenha sido o dia em que descobriu algo doloroso, uma conversa difícil, o fim de uma relação, o dia em que um amigo o desiludiu, talvez tenha sido uma acusação, traição, violação, agressão, manipulação… enfim, o dia em que tudo mudou.

Também por isso, talvez se pergunte na maioria dos dias se é mesmo possível seguir em frente depois de algo assim? se algum dia deixará de ter aquela sensação? Se é mesmo possível criar uma vida feliz novamente?

Se até agora ninguém foi gentil o suficiente para lhe dizer isto, eu digo – Lamento muito, mesmo, por tudo o que aconteceu consigo.

Ao mesmo tempo, ficar preso à culpa e deixar definir a sua vida para sempre pelo que outros fizeram só aumentará a dor. Pior, projetará essa dor nos outros. Outros esses que não merecem isso. Quanto mais a nossa dor nos consome, mais ela nos controla.

Não deixe isso acontecer. Não troque mais a sua paz, a sua integridade, a sua estabilidade emocional e todos os seus sonhos. Esses eventos e essas pessoas já causaram dor suficiente.

Judith Herman no seu livro Trauma and Recovery explica que não somos responsáveis ​​pelo mal que nos fizeram, mas somos responsáveis pela nossa recuperação. Ou seja, a melhor forma de se libertar não está em obter vingança, ou lutar intensamente contra a injustiça do que foi feito. Mas sim, no poder de decidir como vai viver o resto da sua vida. Ao assumir a responsabilidade de se curar, está a dar um passo gigante no sentido de se fortalecer e fazer as pazes com o passado.

Até porque você já não é a mesma pessoa, naquele momento fez o melhor que sabia com aquilo que tinha e com aquilo que era. Agora é outra pessoa e cabe a si decidir como vai seguir em frente.

Isso significa aprender a perdoar aqueles que o injustiçaram e também sobretudo a perdoar a si mesmo. Claro que o perdão não é um feitiço mágico que faz ficar tudo bem imediatamente, mas é o princípio de tudo. Se continuar preso a sentimentos tóxicos de ressentimento, se não conseguir se livrar do rancor, na verdade está a impedir-se de ter uma vida melhor.

Um aspeto importante no que diz respeito ao perdão, é que nem sempre tem a ver com a outra pessoa, na maioria das vezes antes de perdoar outra pessoa, pode ser necessário perdoar-nos a nós mesmos.

Sem esse auto-perdão, será difícil progredir na sua vida, uma vez que a culpa, a raiva que sente de si mesmo faz com que o seu cérebro continuamente lhe diga que não é bom o suficiente e, eventualmente, começa a acreditar, o que faz baixar a sua autoestima e autoconfiança.

Perdoar a si mesmo, significa estar disponível para fazer as pazes consigo e isso é algo maravilhoso. Restabelecer a relação que tinha consigo mesmo, voltar a gostar de si e a reconhecer o seu valor. Desculpar-se apropriadamente e pedir (ou oferecer) perdão permitirá livrar-se da dor e seguir em frente com o resto da sua vida.

Nós somos um produto da nossa história, mas o que fazemos daqui para a frente conta muito. A sua história de vida não deve ser uma história de dor ou de vítima. Há muito mais em si, há muito mais para ver, descobrir e experimentar.

Talvez uma das partes mais difíceis de seguir em frente é: deixar ir. Mas talvez seja possível deixar ir aquilo que devemos, aquilo que nos magoa, mas carregar connosco o que é bonito, significativo e verdadeiro. E talvez essa versão seja o que nos levará a um lugar de paz e tranquilidade.

Referências Bibliográficas
  • Herman, J. (1992). Trauma and recovery. New York: Basic Books.
  • Spring, J. A., & Spring, M. (2004). How can I forgive you?: The courage to forgive, the freedom not to. Perennial Library/Harper & Row Publishers.
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