
Antoine de Saint-Exupéry, O Pequeno Príncipe
Experienciamos diferentes emoções todos os dias, ouvimos falar de emoções constantemente e de como as pessoas se sentem, mas o que são emoções? Não é por comermos todos os dias que percebemos de nutrição, não é?
A própria etimologia da palavra emoção, vem do latim emovere, que significa um movimento de dentro para fora, indicando uma propensão para agir.
António Damásio (2013) define emoções como um programa de ações, que é ativado pela mente, mas essas ações acontecem no corpo. Por isso é que é possível vermos e identificarmos emoções noutras pessoas, não conseguimos ver tudo o que está a acontecer, mas vemos uma parte. Já o sentimento, trata-se de algo mais duradouro e não conseguimos ver, pessoas podem ter sentimentos de tristeza e vazio e fingirem que está tudo bem.
Para Goleman (2009) as emoções são impulsos, herdados pela evolução, para uma ação imediata, com o objetivo de lidar com a vida.
De acordo, com as teorias psicoevolucionistas as emoções existem hoje, devido à evolução das espécies e seleção natural (Darwin, 1872).
Pense assim, o seu cérebro tem cerca de 2 milhões de anos e a maior parte desse tempo foi programado para viver num ambiente onde existiam uma série de ameaças à sua sobrevivência, como predadores, infeções, temperaturas extremas, escassez de alimentos entre outros.
Então o nosso cérebro evolui para nos preparar para esse ambiente, programando-nos com um leque de emoções que permanecem até hoje, essas emoções foram aquelas que nos deram mais chance de sobreviver.
Por exemplo, quem é que acha que tinha mais chance de sobreviver naquele ambiente? A pessoa que tinha ansiedade e se preocupava com os barulhos no meio da floresta, e em ter alimento suficiente para aguentar o inverno, ou aquela pessoa despreocupada que ficava o dia inteiro deitado a olhar para o céu e a apreciar a paisagem? Acertou!
A primeira pessoa tinha mais chance de sobreviver e reproduzir. A ansiedade foi útil então foi programada e passada de geração em geração até aos dias de hoje. Claro que o sistema é mais complexo que isto, mas a ideia é esta.
Alguns autores identificam dois níveis de emoções – primárias e secundárias. As emoções primárias ou universais são: Alegria, medo, tristeza, surpresa, desprezo, nojo e raiva (Ekman, 2003; Damásio, 2013). As emoções secundárias são: Vergonha, inveja, ciúme, orgulho, culpa entre outras). Claro que existem muitas mais emoções, e somos capazes de experienciar muitos estados emocionais diferentes, mas estas emoções servem de base para outras emoções mais complexas.
Todas são boas na medida em que cumprem um propósito, algumas podem ser mais agradáveis que outras, mas todas são boas. Deve encarar as emoções como indicadores biológicos, como mensageiros a tentar enviar-lhe informações. Todas essas informações são úteis, mas atenção, nem sempre significa que tem de seguir aquilo que elas dizem. E porquê?
Simplesmente porque nos últimos anos demos um grande e rápido salto evolutivo, então muitas destas emoções podem estar um bocadinho desajustadas. Por exemplo, quando passa em frente a uma pastelaria e vê um delicioso bolo de chocolate as suas emoções dizem-lhe para comer, porque aquele açúcar todo significa energia e essa energia pode servir para fugir de um leão dali a pouco tempo… o problema é que hoje em dia não fugimos de leões e o máximo que corremos é atrás de um autocarro. Faz sentido?
Ainda assim, as emoções continuam a dar-nos informações significativas e relevantes e a preparar-nos para uma resposta especifica. Goleman (2009) refere algumas das funções das emoções:
A raiva, vai ativar uma grande quantidade de energia, o sangue flui para as mãos, tornando mais fácil golpear o inimigo, os batimentos cardíacos aceleram-se e a adrenalina dispara aumentando a energia e a nossa força para agir.
É devido à raiva que conseguimos defender os nossos direitos e impor limites quando alguém invade o nosso espaço pessoal e nos coloca em risco.
O medo, vai ativar uma resposta de Luta (Fight), Fuga (Flight), Congelar (Freeze) ou Desfalecer (Faint). Todas estas respostas, são respostas defensivas perante uma possível ameaça com o objetivo de garantir a nossa sobrevivência. Para além das modificações fisiológicas (aumento da tensão muscular, aceleração respiratória e cardíaca, circulação do sangue) também existe um aumento do nosso estado de alerta promovendo um estreitamento da nossa atenção, que é essencial para nos focarmos na ameaça.
O nojo tem como função evitar qualquer tipo de substância que possa provocar uma intoxicação. Provoca náuseas e mal-estar gastrointestinal de forma a expulsar uma comida estragada que o pode envenenar.
A alegria favorece o aumento da energia existente, faz com que reduzam os pensamentos de preocupação, amortece os efeitos do stress e promove a criatividade, disposição e entusiasmo para a execução de qualquer tarefa que surja, bem como para seguir os seus objetivos.
É a alegria que o recompensa e incentiva a continuar a fazer aquilo que está a fazer bem feito.
A tristeza traz consigo uma redução significativa do nível de energia, e de prazer nas atividades, de forma a promover um ajustamento a uma grande perda, procurar suporte social, criar introspeção e perceber as consequências das nossas ações. É possível que essa perda de energia tenha tido como objetivo manter os seres humanos vulneráveis em estado de tristeza para que permanecessem perto de casa, onde estariam em maior segurança.
Por isso é que tentar ignorar ou evitar as emoções só faz com que elas se intensifiquem e sejam mais frequentes, porque as mensagens que elas transmitem são demasiado importantes para serem ignoradas. Então dá próxima vez que sentir alguma emoção, lembre-se deste artigo e ouça a mensagem, tente perceber o que a emoção lhe está a dizer e qual é a sua função, sempre com a noção que são informações e não ordens, podendo decidir o que é melhor para si.
Damásio, A. (2013). O sentimento de si: Corpo, emoção e consciência. Lisboa: Temas e Debates.
Darwin, C. (1872). The expression of the emotions in man and animals. London: Fontana Press.
Ekman, P. (2003). Emotions Revealed: recognizing faces and feelings to improve communication and emotional live. New York: Times Books.
Goleman, D. (2009). Inteligência Emocional. 13ª ed. Lisboa: Temas e Debates.
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