“As pessoas com Inteligência Emocional desenvolvida têm maior probabilidade de serem eficazes nas suas vidas, qualquer que seja a sua profissão”
Daniel Goleman
A Inteligência Emocional (IE) é um conceito que descreve a capacidade de identificar, compreender, gerir e utilizar as emoções de forma funcional, tanto em si próprio como nos outros.
Foi inicialmente estudada por Peter Salovey e Jonh Mayer (1990), que a definiram como uma forma de inteligência social, e posteriormente popularizada por Daniel Goleman (1995), ao demonstrar que o sucesso profissional não depende apenas do quociente de inteligência (QI), mas também da capacidade de gerir emoções e relacionamentos.
No contexto de trabalho, a IE revela-se um forte indicador de desempenho. Colaboradores com competências emocionais desenvolvidas demonstram maior aptidão para lidar com desafios complexos, adaptar-se a mudanças organizacionais, gerir o stress e prevenir o burnout, além de construir relações cooperativas e positivas.
Para Goleman (1995), “a inteligência emocional contribui significativamente para a produtividade no trabalho, pois permite aos indivíduos gerir as suas emoções de maneira a fortalecer a capacidade de manter o foco e a organização. Aqueles com alta IE apresentam facilidade em priorizar tarefas, evitam a procrastinação e conseguem tomar decisões mais racionais, uma vez que têm a habilidade de regular as suas emoções. Além disso, a resiliência é uma característica importante da IE. Pessoas emocionalmente inteligentes enfrentam pressões e desafios com calma e equilíbrio, o que facilita a adaptação a mudanças e a manutenção da eficácia mesmo em situações adversas.”
Reuven Bar-On (1997) complementa esta perspetiva ao descrever a IE como um conjunto de competências emocionais, sociais e de personalidade que influenciam a forma como as pessoas enfrentam pressões e exigências.
De acordo com Daniel Goleman, a IE assenta em quatro pilares centrais. Cada um deles funciona com uma competência essencial que se interliga com os restantes, formando a base para um desempenho profissional mais saudável e eficaz.
É a capacidade de reconhecer e compreender as próprias emoções, bem como o impacto que estas têm no comportamento e nas decisões. No trabalho, significa perceber quando o stress, a ansiedade ou até o entusiasmo podem influenciar a forma como comunicamos com colegas ou tomamos decisões. Pessoas autoconscientes conseguem identificar os seus pontos fortes e limitações, assumindo uma postura mais realista e aberta ao crescimento.
Refere-se à habilidade de regular as emoções, manter a serenidade em situações de pressão e reagir de forma equilibrada em momentos de tensão e conflito. Envolve também a capacidade de adiar recompensas imediatas e manter o foco em objetivos a longo prazo. No contexto profissional, um colaborador com boa autogestão não “explode” em situações de frustração, consegue adaptar-se às mudanças e lidar com imprevistos de forma construtiva.
Diz respeito à capacidade de compreender as emoções, necessidades e perspetivas dos outros. No trabalho, a empatia permite melhorar a colaboração, interpretar adequadamente sinais não verbais e responder de forma ajustada a colegas ou clientes. Equipas com níveis elevados de empatia tendem a ter menos conflitos, maior cooperação e um ambiente organizacional mais positivo.
É a competência de motivar, influenciar, resolver conflitos de forma construtiva e de desenvolver interações saudáveis e produtivas. Implica comunicar com clareza, ter escuta ativa e oferecer feedback equilibrado.
Cultivar a Inteligência Emocional permite compreender melhor as próprias emoções e as dos outros, gerir conflitos de forma construtiva, criar relações de trabalho mais saudáveis e eficazes e, por conseguinte, promover o sucesso pessoal e profissional.
Tal como qualquer outra competência, a IE exige foco, disciplina, treino, reflexão e aplicação em diferentes contextos.
Os exercícios abaixo apresentam estratégias simples, mas eficazes, que podem ser incorporados no quotidiano por forma a aumentar a autoconsciência, gerir emoções em situações de stress e melhorar as relações no trabalho.
– Diário emocional: No final do dia, registar situações que geraram emoções intensas, identificando gatilhos e reações.
– Roda da emoção: Este exercício consiste em representar as emoções, como se fosse uma roda dividida em várias fatias. Cada fatia corresponde a uma emoção principal (alegria, tristeza, medo, raiva, surpresa, nojo).
Passo 1: Identificar a emoção sentida numa situação concreta (ex. frustração após uma reunião).
Passo 2: Localizar essa emoção dentro da roda (ex. frustração está ligada à raiva).
Passo 3: Perguntar a si mesmo: “O que é que esta emoção me está a querer mostrar?”
Passo 4: Refletir sobre a intensidade (de 0 a 10) e sobre como gostaria de responder à situação em vez de reagir impulsivamente.
Este exercício ajuda a dar nome, intensidade e significado às emoções, organizando o que muitas vezes parece caótico.
– Respiração consciente (4-7-8): Inspirar durante 4 segundos, suster 7 segundos, expirar lentamente em 8 segundos. Ajuda a reduzir a tensão emocional em momentos de stress.
– Distanciamento cognitivo: Quando sentir um conflito ou tensão, imagine que está a aconselhar um amigo ou colega na mesma situação. Para organizar melhor o pensamento, pode responder a estas questões:
Se fosse outra pessoa a viver isto, o que eu diria?
Este problema vai ser importante daqui a uma semana? E daqui a um ano?
O que está no meu controlo agora e o que não está?
Se eu pudesse escolher a versão mais calma de mim mesmo, o que faria?
Que impacto teria a minha resposta no relacionamento com esta pessoa a médio/longo prazo?
– Técnica do “pausar e responder”: Antes de reagir a um e-mail ou comentário hostil, pausar 10 segundos e escolher uma resposta construtiva.
– Feedback positivo: Treinar o hábito de reconhecer conquistas e oferecer feedback equilibrado, mesmo em momentos de crítica.
A Inteligência Emocional não é inata, pode ser treinada e desenvolvida ao longo da vida. Para além da prática individual, existem recursos e intervenções específicas que apoiam esse crescimento emocional e profissional, nomeadamente:
– Sessões individuais focadas no autoconhecimento, gestão emocional e desenvolvimento de estratégias personalizadas;
– Treinos de comunicação assertiva e empatia, fundamentais para melhorar as relações interpessoais e reduzir conflitos no trabalho;
– Workshops individuais e em grupo, direcionados para a liderança emocional, a resiliência e a construção de ambientes de trabalho mais colaborativos e saudáveis.
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