Saúde Mental – A arte de mudar o chip - Clínica de Psicologia e Coaching Learn2Be

Caro(a) leitor(a),

Em primeiro lugar desejo-lhe um Bom Ano Novo e agradeço-lhe por estar a ler este artigo!

É certo que começar o ano é sempre um pau de dois bicos. Por um lado, estamos motivados, cheios de esperança e energia ou estamos cansados, ainda a recuperar do desgaste do final do ano. Janeiro é assim um mês especial, onde a Saúde Mental é a chave que nos vai permitir equilibrar, fortalecer e adaptar. A chave que nos permite abrir portas, escolher caminhos e percorrer as estradas da vida ao longo do ano. Precisamos por isso cuidar a nossa Saúde Mental.

Termos uma boa Saúde Mental não significa não termos problemas, bloqueios, sentirmos tristezas, sermos perfeitos; termos Saúde Mental significa Sim termos a capacidade de mudar o chip!

Não temos uma boa saúde mental quando ficamos presos nos pensamentos mais negativos, quando ficamos colados a uma só perspetiva, quando ficamos presos ao problema. São exemplos disso quando ficamos ali mergulhados no ressentimento, amarrados a um passado, perdidos, desprotegidos em lugares da nossa mente que precisam deixar de ser a nossa sala de estar. Fabricamos sofrimento, raiva, frustração, alimentados por pensamentos repetidos. Continuarmos presos nesse lugar impede-nos de avançar na nossa vida para o lugar das soluções, seguir em frente, evoluir, aprender. Esgotamos a nossa energia, com a ilusão que esse desespero nos alimenta ou protege, um verdadeiro prejuízo para a nossa saúde mental.

O pessimismo e o medo do futuro trazem ainda um fortíssimo abalo à nossa saúde mental. É necessário usar os nossos instrumentos psicológicos a favor de uma retirada emergente desses lugares – “mudar o chip”.

Muitas pessoas conseguem mudar o chip, isto é, mudar do tal lugar, campo de sofrimento, para o lugar das soluções, da esperança e coragem. Fazem-no cada vez melhor e a cada momento levam consigo mais sabedoria na bagagem da viagem da estrada da vida.

Alguns dos bloqueios que impedem esta maravilhosa capacidade humana são tão subtis que por vezes muitas pessoas têm dificuldade detetá-los. Nestas situações, pedir ajuda é em si mesmo um passo em frente, uma atitude transformadora. É dizer a si próprio Eu quero ir para o lugar das soluções.

“…a verdadeira diferença entre as coisas poderem correr melhor ou pior na nossa vida não está tanto nos recursos exteriores, mas nos nossos recursos internos..."

Miguel Gonçalves in Vive na Mente Certa

A nossa Saúde Mental precisa de alguns ingredientes para se fortalecer! Relação e Evolução!

Desde o nascimento que a Relação com o outro é condição vital para o nosso desenvolvimento psíquico e emocional. Nascemos com outro, crescemos com o outro, amamos e cuidamos com o outro, agora e sempre. O nosso Eu forma-se com o outro. Existo porque do outro lado está o Outro!

“Tudo se constrói na Relação, mal ou bem”
António Coimbra de Matos

Precisamos assim construir, manter e crescer na Relação com o outro para que tenhamos uma boa saúde mental. A capacidade funcional e emocional fica por isso muito mais apta a resolver os dilemas da vida e a saborear as conquistas ou presentes da mesma.

Precisamos evoluir. A vida é um processo dinâmico, de relação, trocas. Necessitamos de impor sempre um nível de evolução à nossa vida. O pior que acontece à nossa saúde e equilíbrio mental é a estagnação. Não fomos feitos para ficar em banho-maria por muito tempo. Desde que nascemos é sempre assim, evoluímos, aprendemos e relacionamo-nos.

Os bloqueios inerentes à falta de uma boa saúde mental nem sempre se desenvencilham autonomamente ou naturalmente. Procurar ajuda especializada ou profissional pode contribuir para desbloquear mecanismos e alcançar formas de equilíbrio interno, organização psicológica e, por conseguinte, viver com mais e melhor saúde mental. A prevenção é igualmente um processo importante.

Num processo de terapia tudo é relação e esta nova relação (cliente/paciente e terapeuta) é o motor da transformação!

Neste sentido, também se acredita que o clínico se empresta ao outro, para que através desta relação se potencie o desenvolvimento psíquico e emocional (Modelo Relacional Dialógico, MRita MLeal) desenvolver-se, aprender a ser! O terapeuta pode iluminar um caminho escuro, ajuda a descobrir novos caminhos, a lidar com as perdas e a sentir-se.

E se somos o que de nós fizeram, como se costuma dizer, somos também, e principalmente, o que fizemos com aquilo que quiseram que nós fôssemos; pois somos seres desejantes, intencionais, autopoiéticos e responsáveis (Coimbra de Matos, 2006)

A Natureza Humana é digna de Confiança!

Nascemos aptos e propensos à boa saúde mental, equilibrante e adaptativa. Através do conhecimento científico, da entrega ao processo terapêutico e à relação, é possível reorganizarmos o nosso modo de encarar e sentir a vida. Este processo implica a coragem de ser, implica querer, viver em pleno.

Algumas dicas para este Ano Novo:

Não se isole! Mantenha boas relações com os outros. Respeite e aceite as diferenças.

ESCUTE, PARE E COMUNIQUE!

Acolha o outro, escute-o, faça uma pausa (4 ou 5 segundos) e responda (palavra, gesto). Impor esta regra nas trocas de comunicação com o outro, vai ajudá-lo(a) a ter melhor relacionamentos.

Observe-se a si mesmo e procure clarificar o que quer. Investigue, estude o que se passa fora de si também, alargue os seus conhecimentos e com isso compreende o que para si é importante e coerente. Defina objetivos reais, atingíveis e que lhe façam sentido.

Procure evoluir todos os dias um pouco, nas áreas da sua vida que lhe fazem mais sentido. Lembre-se que precisamos sentir que dia após dia melhoramos algo em nós e estarmos ativamente empenhados nesse processo dá-lhe sentimento de realização e motivação. Não precisa ser tudo de uma vez só, aceite os erros e encare-os como fonte de aprendizagem, mas não desista de se melhorar dia após dia.

Aproveite para saborear os momentos de alegria e realização, fortaleça-se e deixe-se inspirar, inspire os outros também. Lembre-se, tudo é relação, uma troca o tempo todo.