A evolução social, por diversas razões, tem vindo a valorizar cada vez mais a imagem pessoal como uma categoria muito importante na avaliação social que é feita aos indivíduos.
O papel da moda, a massiva divulgação pelos media das referências que definem uma boa imagem corporal, o desenvolvimento de procedimentos cirúrgicos e de produtos de cuidado estético cada vez mais sofisticados, constituem alguns fatores contributivos para a relevância da imagem.
Ansiosos pela afirmação da autonomia individual e simultaneamente receosos da avaliação social, os adolescentes atribuem frequentemente um valor enorme à sua imagem pessoal, seja ao nível das suas caraterísticas corporais, seja na forma como se apresentam.
Alguns estudos da sociologia e da psicologia referem que os adolescentes gastam, em média, várias horas a consumir produtos multimédia através das diversas tecnologias ao seu dispor: telemóvel, tablets, computadores e televisão.
Estão, assim, expostos a inúmeras mensagens sobre o corpo perfeito, a moda, os padrões de beleza, etc.
Este é um problema que já afeta as crianças, hoje precocemente estimuladas e, despertas, para esta e outras realidades.
Os jovens que possuam imagens pessoais distantes dos ícones propagados pela publicidade, filmes e novelas, revistas de moda, redes sociais, podem ser alvo de diversas atitudes negativas dos seus pares, muitas delas hoje categorizadas como bullying e/ou cyberbullying.
Por isso, na mente de alguns adolescentes, vale a pena passar horas para tirar a selfie perfeita e eleger a aparência como categoria principal da personalidade. Em casos mais extremos, esta vulnerabilidade à pressão social, provoca a emergência de problemas de auto-estima, de perturbações alimentares, de problemas de ansiedade e/ou depressão, ou até, em alguns casos, trajetórias marcadas pelo isolamento e/ou alienação socioemocional que estão associadas a determinadas estruturas de personalidade.
Introduzir a diversidade no contexto educacional das crianças e dos jovens, tornando-os sensíveis à heterogeneidade das pessoas e das suas diversas caraterísticas, incluindo a aparência física e social, constitui um requisito fundamental da educação contemporânea.
O cérebro infantil e juvenil deve beneficiar da possibilidade de utilizar múltiplas referências na avaliação das caraterísticas das pessoas, sejam elas quais forem.
Não sendo expetável que a televisão, a publicidade, os operadores de ficção, etc, modifiquem substancialmente os referenciais da aparência perfeita, cabe à educação dotar os mais novos de competências adequadas de compreensão das mensagens a que acedem.
Essas competências devem prepará-los para a análise dos objetivos subjacentes às mensagens difundidas por órgãos de comunicação, dispositivos multimédia, redes sociais, etc.
Tornar os seus juízos autónomos e apoiados em múltiplas referências, dá-lhes uma consciência mais ampla e profunda do mundo em que vivem e de como podem evitar a submissão excessiva às pressões sociais.