
Com frequência aparecem pessoas na consulta a procurar apoio psicológico com esta finalidade: aprenderem a dominar os pensamentos, ou mesmo eliminá-los, bloqueá-los, proibir a existência deles. O Tomás é uma dessas pessoas: 29 anos, executivo com elevadas responsabilidades, com pensamentos intrusivos com teor predominantemente catastrófico e que, por vezes, o levam a ter comportamentos repetidos (abrir e fechar uma janela várias vezes seguidas), associados a um pensamento mágico (se não abro e fecho a janela várias vezes algo de mau vai acontecer comigo). Estes comportamentos (compulsões) acabam, na maior parte das vezes, por acalmar o Tomás.
Coloquei, no início do texto, a palavra meus entre aspas com um propósito de destaque: na realidade, os pensamentos não são meus. Não só os pensamentos não são nossos, como não traduzem verdades absolutas, sendo o cérebro um mecanismo de passagem (transitória) destes pensamentos. E, se não são meus, então o que é que se faz com isto?
Quanto mais queremos estar em controlo dos pensamentos (decidindo que não queremos que os pensamentos A e B passem pela nossa mente), mais eles circulam na nossa mente porque estamos, precisamente, a alimentar uma ideia sobre aqueles pensamentos (estamos a elaborar – a pensar – sobre aquele pensamento que desejamos eliminar; estamos a dar-lhe combustível, em vez de lhe retirar o oxigénio). Vou-lhe pedir que faça uma experiência muito simples: ficando com os olhos fechados por uns segundos, peço-lhe que não pense num elefante amarelo. Conseguiu não pensar num elefante amarelo? Conseguiu impedir que surgisse na sua mente a imagem de um elefante amarelo? Provavelmente não conseguiu evitar. Quanto mais pensamos “não posso pensar nisto…”, mais presente aquele tema vai estar na minha mente.
Em paralelo devemos fazer um esforço por aumentar a frequência de atividades que acalmem a mente e o corpo, isto é, que abrandem o ritmo dos pensamentos.
Meditação, exercícios de respiração profunda, de relaxamento muscular e de visualização guiada são formas expeditas de abrandar a mente, isto é, de reduzir o fluxo de pensamentos que nos passam pela frente, levando a um foco maior no presente, a uma sensação de libertação de peso emocional e a uma maior clareza mental.
Poderá estar a perguntar-se se haverá forma de treinarmos a nossa mente, de a “disciplinar”. Em certa medida a resposta será afirmativa: se aceitarmos as emoções e escutarmos as mensagens que elas nos transmitem; se alimentarmos um diálogo interno mais racional que nos permite distanciar dos pensamentos e compreender a sua transitoriedade; se experimentarmos comportamentos diferentes, mantendo a abertura suficiente para aceitar que o resultado pode vir a ser diferente daquele (catastrófico) que era, geralmente, mais temido; então, sim, estamos a contribuir para a disciplina da nossa mente.
Não espere pela motivação certa para procurar apoio psicológico. A motivação é uma emoção e, se as suas emoções estão desequilibradas, é por isso mesmo que deve procurar ajuda.
Obrigado pela sua atenção.