Família é a base de tudo em nossas vidas, com certeza as relações familiares são fundamentais na formação do nosso eu, influenciando não apenas nossa infância, mas também nosso desenvolvimento como adultos. No entanto, quando essas relações são tóxicas, elas podem deixar marcas profundas que afetam nossa saúde mental e emocional, autoestima e até a forma como nos relacionamos com os outros ao longo da vida. É importante reconhecer padrões prejudiciais, trabalhar para curar feridas emocionais(traumas) e poder romper as crenças limitantes.
Fazer parte de algum grupo ou pertencer a algum lugar nos dá um sentimento de importância, de fazer parte de algo que é maior e mais importante que nós, esse é o sentimento de pertencimento. Como por exemplo, fazer parte de uma família saudável, não se sentir parte da família, por outro lado, pode causar efeitos muito negativos na saúde física e mental e no bem-estar de uma pessoa.
Ambientes familiares opressores e rígidos, onde a pessoa não teve a oportunidade de se sentir conectado com os pais e outros parentes, podem criar adultos desconectados.
A velha frase: “Não quero ser como meus pais”, nem sempre temos a consciência de que estamos repetindo os mesmos erros.
Normalmente esses padrões são repetidos de geração para geração, ou seja, os pais foram criados por avós que também repetiram os mesmos padrões. O mais importante é romper com esse ciclo para não repetir o modelo da dinâmica familiar de origem com o futuro parceiro e filhos.
Algumas das queixas de quem cresceu nesses tipos de lares são:
Violência doméstica, abuso sexual, brigas diárias, pai ou mãe narcisistas, alcoólicos, controladores e manipuladores.
Sensação de não ter sido ouvido pelos pais, crítica e julgamentos, opiniões desvalorizadas, não ter sido aceito como é pela família, ter sido ignorado constantemente ou humilhado em várias situações.
Por essas razões, quando elas não são tratadas, as pessoas costumam carregar traumas e mágoas de acontecimentos ruins por toda vida, como rejeição, abandono, insegurança ou negligência parental.
A maior dor emocional tem como origem o sentimento de rejeição e abandono.
Tais interações muitas vezes criam um ciclo de culpa e baixa autoestima, dificultando o estabelecimento de limites saudáveis. Esses padrões de comportamentos e de pensamentos repetitivos podem levar a problemas de confiança, comprometendo a forma como nos relacionamos com outros adultos, parceiros e filhos.
Culpabilização e o Ciclo de Culpa
Sentir culpa em relação a pais tóxicos é comum, especialmente quando a dinâmica familiar envolve manipulação emocional. A culpa pode vir de sentimentos de não corresponder às expectativas dos pais ou até de querer proteger o relacionamento, mesmo que seja prejudicial.
Os pais tóxicos, intencionalmente ou não, podem fazer com que os filhos sintam culpa excessiva, responsabilizando-os por problemas familiares ou fracassos pessoais. Essa culpabilização cria um ciclo onde a pessoa assume frequentemente responsabilidades que não são suas, sentindo-se constantemente em dívida ou insuficiente. Romper com esse ciclo envolve a conscientização de que essas culpas muitas vezes são manipuladas e não refletem a realidade. O caminho é entender que você não é responsável pelas escolhas e comportamentos deles.
Como curar e proteger a sua saúde mental:
1- Reconhecimento e Aceitação
O primeiro passo para a cura é reconhecer que a relação é tóxica. Aceitar que certas dinâmicas familiares são prejudiciais é essencial para iniciar o processo de cura.
A aceitação não significa concordar ou justificar comportamentos tóxicos. Significa aceitar que, apesar do que aconteceu, você não pode mudar o passado nem forçar os outros a serem diferentes. Aceitar a realidade da relação e seus limites ajuda a processar a dor sem cair na negação ou em esperanças irreais. A aceitação também envolve aceitar que seus pais podem não ser capazes de oferecer o que você precisa, e está tudo bem em buscar apoio de outras fontes.
2- Estabelecer Limites
Dizer não ao outro é dizer sim a si mesmo!
Aprender a dizer não e estabelecer limites claros protege sua saúde mental.
Limitar a interação com pais tóxicos ou praticar distanciamento emocional em situações inevitáveis. Isso pode significar reduzir o contato, ou mesmo cortar relações, se a interação for extremamente prejudicial.
3- Autoestima
O papel da autoestima na sensação de merecimento
A autoestima é fundamental para a sensação de merecimento. Quando temos uma autoestima saudável, acreditamos que merecemos coisas boas na vida e estamos mais dispostos a buscar coisas que nos dão prazer. Por outro lado, quando nossa autoestima é baixa, podemos sentir que não merecemos coisas boas e acabar nos autossabotando.
A importância do autocuidado é um fator para o qual estamos cada vez mais conscientes, não sendo considerado como egoísmo. Mais ainda se pensarmos que o simples facto de dedicar algum tempo a cuidar de nós mesmos é crucial para manter a saúde e a felicidade, especialmente para tratar da origem familiar tóxica.
4- Compaixão
Encoraje uma atitude gentil consigo mesmo, reconhecer suas próprias dores e desafios com compreensão, em vez de autocrítica e julgamentos severos.
Uma parte crucial da cura envolve o desenvolvimento da compaixão, tanto por si mesmo quanto pelos outros, incluindo os pais, quando possível. Tentar entender as limitações e experiências dos pais pode ajudar a processar a dor e seguir em frente, embora isso não deva ser confundido com aceitação do comportamento tóxico. Olhar para a situação como adulto e não como a criança que passou pela situação, assim traz um novo significado para a situação, ou seja, uma nova interpretação para seguir a viagem.
Muitas pessoas desenvolvem um comportamento rígido, se cobrando por não “serem boas o suficiente” ou “não conseguirem melhorar a relação”. Lidar com essa pressão interna exige que você pratique o autoperdão, e se trate com a mesma gentileza que ofereceria ao seu “melhor amigo”. Seja seu melhor amigo.
Impacto a Longo Prazo na Vida Adulta:
Podem ter impactos nas escolhas de carreira, relacionamentos com amigos, parceiros e filhos. Adultos que cresceram em ambientes familiares tóxicos podem carregar medo de intimidade, dificuldades em confiar nos outros ou padrões repetitivos de relacionamentos tóxicos (exemplo casar com alguém que seja exatamente como o pai ou mãe). O fortalecimento da autoestima e da autoconfiança, e o rompimento com crenças limitantes adquiridas na infância, são fundamentais para superar essas dificuldades.
As mudanças, por exemplo, podem ser motivos de muita ansiedade nesse período da vida, como se mudar para um novo lugar, começar um emprego novo e terminar ou começar um relacionamento.
Não é fácil, mas é possível criar uma nova narrativa para sua vida, uma realidade onde você possa gerir suas próprias emoções e construir um modelo saudável de relacionamento para as futuras gerações.
A psicoterapia é uma ferramenta valiosa para entender e processar experiências passadas. Um psicólogo pode ajudar a explorar sentimentos, entender melhor os padrões tóxicos, e desenvolver estratégias para uma nova interpretação e aprender a lidar com eles de forma saudável.
Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.