
Perdemos muito tempo a culpar os outros e o mundo pelo que nos acontece na vida, principalmente as coisas menos boas. De certa forma, somos educados a colocar no exterior a responsabilidade do que vivemos e habituamo-nos a justificarmo-nos para nos livrarmos do que aconteceu, quando na verdade, o que falha é precisamente este entendimento de que nós somos os principais e únicos responsáveis pelos passos que damos.
A tendência que temos é a de adotarmos uma postura de vitimização e culpabilização dos outros ou mesmo das situações e circunstâncias que vivemos, o que não é benéfico para a saúde mental. Precisamos de nos responsabilizar pela gestão e orientação da nossa vida, ao invés de ficarmos constantemente à espera que os outros decidam por nós. Se vivermos nesta espera, acomodamo-nos a um lugar de submissão, de desresponsabilização, de inatividade, de descuido e até de desligamento. É importante sairmos da nossa zona de conforto, para mudar, para reagir, para viver.
São pequenas escolhas que vão moldando a nossa vida e direcionando o nosso caminho. Se nos alimentarmos bem, provavelmente teremos uma vida mais saudável. Se nos alimentarmos mal, poderemos ficar doentes. Da mesma forma que as pessoas com quem escolhemos passar o nosso tempo, também vão consequentemente influenciar o nosso bem-estar e saúde mental. Tudo são escolhas que fazemos: onde acordamos, as pessoas com que nos relacionamos, o sítio onde trabalhamos, o que comemos, o que compramos, o que vestimos, o que dizemos, no fundo, quem somos. Portanto, não é saudável dizer que a culpa é do outro, quando a escolha foi nossa.
O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós.
Jean-Paul Sartre
É verdade que não podemos controlar o que nos acontece, mas podemos sim controlar como lidamos com o que nos acontece. É aqui que termina a postura de vitimização e culpabilização, e começa a nossa atitude de responsabilização.
Assumir a responsabilidade implica, inevitavelmente, assumir os riscos e incertezas das decisões e escolhas que tomamos, sem saber se vai resultar como prevemos/idealizamos. Claro que esta dúvida pode ser muito assustadora para algumas pessoas e complicado de gerir dentro de nós. Mas se nunca arriscarmos, nunca saberemos. Se correr bem, ficamos orgulhos@s e satisfeit@s com a nossa escolha. Se correr menos bem, será sempre uma aprendizagem e depende, (mais uma vez) exclusivamente de nós, o que decidimos retirar dessa experiência para o futuro.
Certo é que, assumir a responsabilidade da própria vida não equivale a conseguirmos automaticamente tudo aquilo que ambicionamos. Mas é, sem dúvida, meio caminho andado para lá chegarmos. Portanto, assumir responsabilidade traduz-se em crescimento pessoal e em maturidade emocional.
De nada nos serve dizermos esta frase “Você é o protagonista da sua vida, não se demita desse papel” se não formos capazes de realmente compreender o seu significado.
Protagonista significa “ator principal”. Para se desempenhar este papel é preciso saber-se que o é, ou seja, ter-se consciência. Logo, em primeiro lugar, para nos assumirmos como protagonistas da nossa própria vida, precisamos de trabalhar a nossa autoconsciência. Só assim teremos noção de quem somos, das nossas verdades, vontades e necessidades.
A autoconsciência e autoconhecimento são uma mais-valia para tudo na nossa vida, neste caso, para conseguirmos entender o impacto que temos na nossa própria vida. A influência das nossas ações e atitudes, o peso dos nossos comportamentos e o foco dos nossos pensamentos. Em nós e nos outros. Depois de compreendermos isto, ganhamos noção da responsabilidade que temos sobre nós mesmos, essencial para sermos just@s e verdadeir@s don@s da nossa vida.
Esta autoconsciência e autoconhecimento são competências que se podem trabalhar e desenvolver em terapia, ao dedicarmos tempo a pensar sobre o que sentimos, os nossos limites, os nossos objetivos, ambições e a fundamentarmos a nossa individualidade. Também a consolidação da autonomia e da capacidade de ser honest@, sincer@ e just@ connosco própri@s, são competências importantes que se podem adquirir ao longo deste processo.
Temos em nós um poder enorme de transformação pessoal, basta querermos e priorizarmos isso. Claro que é difícil parar, olhar para dentro e escutar. Compreendo que possa não ser fácil aceitar a verdade e assumir a responsabilidade pelo que fizemos ou deixámos de fazer. Pode doer, pode parecer utópico, mas garanto-lhe que não é impossível. E assim que aprendemos e que nos transformamos, a vida torna-se mais plena e olhamos para as coisas com mais paz e tranquilidade. Confie. Não desista. A vida é sua e de mais ninguém. Está nas suas mãos mudar, fazer, agir, viver. Pode parecer assustador? Pode. Mas é tão bom quando finalmente percebemos que a vida só depende de nós e assumimos o poder e a liberdade de a viver. Conte com o meu auxílio nesse processo, marque a sua consulta hoje.
2 Comments
Dra. Carolina Almeida, depois de ler o seu maravilhoso artigo, tive a certeza que seria a pessoa certa para me ajudar a encontrar uma vida mais calma, mais plena, ou melhor, a dar um verdadeiro sentido à minha vida.
Vivo no norte e não gosto muito de falar de mim, muito menos, para máquinas.
Assim, que vá a Lisboa, entrarei em contacto consigo para agendar uma consulta.
Parabéns pelo seu artigo.
Maria
Muito obrigada pelas suas palavras, Maria.
Terei todo o gosto em fazermos juntas esse caminho pela procura de uma vida mais plena 🙂
Um bom dia para si,
Carolina