
A autoestima é frequentemente definida como a componente avaliativa e valorativa da pessoa acerca de si mesmo (Rosenberg, 1965). Não estamos apenas a falar de um sentimento, é mais que isso, são pensamentos e comportamentos que temos relacionado connosco próprios.
Esta autoestima é desenvolvida e formada a partir de muitas fontes, desde o início com o apoio e aprovação dos pais, a aceitação e relação com os pares, até aos desafios que enfrentamos e a forma como lidamos com eles, assim como os objetivos que vamos atingindo.
Por exemplo, na infância, quando os pais não apoiam, não acreditam e criticam duramente e demasiadamente as crianças, isto pode pôr em risco a sua autoestima. Também experiências negativas como o bullying, podem contribuir para uma baixa autoestima. Já na idade adulta, vivências traumáticas como abuso físico e/ou psicológico e mudanças de vida como perda do emprego ou divórcio podem causar medo, culpa ou dúvida. Esses sentimentos podem levar a desenvolver crenças negativas e acabam por afetar a autoestima e a confiança.
Uma boa autoestima traduz-se em sentimentos de respeito, satisfação, aceitação e valorização pessoal, reconhecendo as suas vulnerabilidades e querer melhorar (Rosenberg, 1965). Pessoas com uma boa autoestima são menos críticas consigo e com os outros, são mais propensas a serem assertivas, são capazes de construir relacionamentos saudáveis, terminar relacionamentos tóxicos e têm mais confiança na sua capacidade de tomar decisões.
Por outro lado, uma baixa autoestima caracteriza-se por sentimentos de desvalorização pessoal, de infelicidade, desprezo e insatisfação consigo mesmo (Rosenberg, 1965). Uma baixa autoestima pode fazer com que a pessoa deixe de fazer atividades que antes lhe davam prazer, pode fazer com que tenha medo de ser julgada pelos outros, pode afetar a vida social, uma vez que essa pessoa pode sentir que não é digna de amor, que não tem valor ou então o medo da rejeição pode fazer com que evite relacionamentos.
Talvez, infelizmente, já tenha sentido isso, que não gosta de si, que não vai conseguir ser bem-sucedido, que não é merecedor de algo positivo, que ninguém quer saber de si, que a sua opinião não é válida, que é difícil ser assertivo… a verdade é que com o tempo estes pensamentos negativos podem se tornar tão frequentes que passa a encará-los como factos e aí é difícil manter uma autoestima saudável.
Imagine o seguinte, está a dirigir o seu carro, e de repente, percebe que o ponteiro do gasóleo está em baixo e a luz acendeu. Só que hoje não lhe apetece ir abastecer. Então o que faz é segurar o ponteiro e puxá-lo para cima. Problema resolvido certo? Errado, você sabe que essa ideia é ridícula! O ponteiro é só um indicador de quanto gasóleo temos. No entanto, às vezes pensamos que a autoestima funciona assim. Que basta pensar positivo e repetir frases até acreditar – mas isso é como mexer no ponteiro do gasóleo. A verdade é que a autoestima baixa é apenas um sinal, é a luz que acende. É um alerta que avisa que existem coisas que precisam de ter atenção (como o sono, as relações, o trabalho, etc). Pensar positivo é melhor que pensar negativo, mas o segredo está em fazer ações positivas, ações que o deixe orgulhoso de si mesmo (fazer exercício, estar com amigos, começar um projeto apaixonante). Encha o seu depósito com atitudes positivas e o ponteiro da autoestima vai subir.
Na verdade, é perfeitamente normal em sentir essa necessidade de comparação, está programado na nossa mente. Ao mesmo tempo, da mesma forma que pode resultar em motivação para fazer mais, na maioria das vezes resulta num sentimento de inferioridade.
Isto porque quando se compara com os outros, está a ser injusto consigo mesmo, uma vez que na maioria das vezes está a comparar os seus bastidores com o palco dos outros. Está a comparar as suas fraquezas e o seu pior momento, com apenas o melhor dos outros.
Tudo o que importa é aquilo que está a fazer, e sentir que é melhor agora do que foi no passado. É fundamental ser capaz de olhar para os seus próprios pontos fortes e reconhecer o seu verdadeiro valor.
2. Faça mais daquilo que gosta
Quando foi a última vez que fez algo exclusivamente para si, algo que realmente gosta? Pode ser qualquer coisa, desde ir a um spa, ir ao ginásio, comer o seu doce favorito, comprar um par de sapatos, ir ver o mar, ir a um concerto ou começar aquele projeto que sempre sonhou. É sobre ser proativo na criação de uma vida satisfatória.
Comece a colocar as suas necessidades em primeiro lugar, e só depois as dos outros. Jordan Peterson, um psicólogo clínico, traz-nos esta ideia de aprender a cuidar de si como cuidaria de alguém por quem é responsável. E mostra-nos o seguinte exemplo: Imagine que o seu cão ou gato fica doente. Leva-o ao veterinário, e ele passa uma receita. A verdade é que irá certamente, comprar e administrar de forma cuidadosa e rigorosa os medicamentos. Mas quando é você que fica doente, compra e administra da mesma forma os medicamentos em si?
Isto faz-nos repensar a forma como cuidamos de nós, quantas vezes nos dedicamos tanto ao bem-estar dos outros e tão pouco a nós próprios?
Lembre-se que ao estar constantemente a retirar essas coisas da sua vida, está a passar uma mensagem para si de que não é merecedor dessas coisas.
Reserve um tempo para as coisas que gosta e que lhe dão prazer, essa é a diferença de quem passa o tempo daqueles que realmente o vivem.
3. Não seja um chefe demasiado exigente consigo mesmo
Lembre-se: É consigo que vai passar o resto da sua vida. É importante a forma como fala consigo. Quando fala consigo ou sobre si, diz coisas agradáveis ou desagradáveis? É muito exigente ou mais compreensivo? É pessimista ou encorajador?
Passamos tanto tempo em piloto automático que nem nos apercebemos das nossas reações, dos nossos pensamentos em relação a nós mesmos e acabamos por nunca os questionar – simplesmente encaramos estes pensamentos como uma verdade absoluta. Mas, nos tornando conscientes dos nossos padrões de pensamento e comportamentos, podemos mudá-los para algo mais realista e benéfico. Comece a prestar atenção à sua atitude para consigo mesmo e mude o seu diálogo interno.
4. Faça a sua cama
Faça a sua cama! A ideia por trás disto é de arrumar / organizar a sua vida. A nossa autoestima precisa dessa sensação de organização.
É difícil sentir-se bem consigo mesmo se a sua vida está desorganizada, se a sua casa, o seu escritório está desarrumado, se tem tarefas pendentes, se não cuida da sua alimentação, do seu sono, do seu corpo – trate do básico que são os alicerces para conseguir passar aos níveis seguintes.
À medida que vai conseguindo esta organização e completando estas tarefas, para além de estar a fazer algo positivo para a sua mente, corpo e espírito, irá sentir-se mais confiante.
Concentre-se em criar uma vida positiva.
Pontos-chave
– A autoestima refere-se aos pensamentos e comportamentos positivos (boa autoestima) ou negativos (baixa autoestima) que temos relacionado connosco próprios.
– Os sinais de baixa autoestima incluem sentimentos de desvalorização pessoal, de infelicidade, insatisfação consigo mesmo, deixar de fazer atividades que antes lhe davam prazer, focar-se nas suas vulnerabilidades, medo de ser julgada pelos outros, sentir que não é digna merecedora de coisas positivas.
– A baixa autoestima pode ser causada por abusos físicos e/ou psicológicos, traumas, mudanças de vida, e figuras parentais indisponíveis para apoio e proteção.
– Para aumentar a sua autoestima, procure não se comparar com os outros, fazer mais daquilo que gosta, priorizar as suas necessidades, ser assertivo, ser compreensivo consigo, procurar relacionamentos saudáveis e organizar a sua vida.
– A autoestima pode ser medida usando medidas diretas e indiretas, e um psicólogo pode ajudar a melhorar a sua autoestima.