
A sociedade atualmente vive numa constante incerteza: stress, insegurança, ansiedade, angústia quanto ao futuro profissional e pessoal. Desgaste por conciliar o teletrabalho ou trabalho com a educação dos filhos em casa e as outras áreas de vida. Com o avanço da tecnologia e o aumento de produtividade a nível laboral com a dinâmica do dia-dia, o aumento do uso das redes sociais e os estímulos intermináveis, torna-se importante parar. De outra forma, podem-se desenvolver perturbações de ansiedade.
A ansiedade é um instinto básico do ser humano, algo que foi necessário ao longo do tempo para a sobrevivência e continuidade da espécie humana, uma forma de alerta para enfrentar ameaças: fisicas, mentais ou sociais. Antes de ser inimiga, é um sinal de alerta para proteger dos desafios diários.
A ansiedade torna-se um problema e até uma patologia quando prejudica significativamente o indivíduo no seu dia-dia de forma persistente e inadequada, causando sofrimento e impedindo de realizar actividades nas várias áreas de vida (Belzung e Griebel, 2001).
Por isso, o ideal é identificar quais os sintomas e usá-los como aliados para ação e não como inimigos que prejudicam nas tarefas do quotidiano.
Entrevista a Dra. Elisabete Sousa da Clínica de Psicologia e Coaching Learn2be – Programa Dr. Ajuda no canal Saúde +
Já todos nós sentimos ansiedade em algum momento, antes de um acontecimento particular ou novo, já que o que nos é desconhecido nos causa alguma tensão, é normal acontecer. No entanto, a forma como lidamos com a ansiedade é que vai definir se esta se torna uma patologia ou se nos ajuda na ação e proatividade no dia-dia. Um exemplo de quando a ansiedade é exagerada e nos prejudica é no caso de algum evento específico, o corpo ficar imóvel, sem conseguir obter resposta ou ação.
Transtorno de ansiedade generalizada (TAG): é o tipo mais comum. O TAG é melhor descrito como um estado contínuo de tensão e nervosismo mental e ou físico, sem uma causa concreta. Um pouco de ansiedade, pode acontecer, mas quando essa ansiedade é contínua e sem motivo aparente, pode ser transtorno de ansiedade generalizada.
Ansiedade social: Alguma pessoas sofrem de fobia social, um medo irracional de situações sociais. Pequenos níveis de timidez em lugares públicos e circunstâncias sociais, são normais mas quando esse medo nos influência negativamente, pode indicar presença deste tipo de ansiedade.
Ataques de pânico e transtorno de pânico: É no caso do aparecimento de sentimentos muito negativos que causam tanto sintomas mentais como físicos intensos.
Fobias específicas: Fobias específicas são sentimentos intensos de medo por causa de objectos, cenários, animais específicos.
Exemplo: claustrofobia – medo de ambientes fechados; aerofobia – medo de avião; aracnofobia – medo de aranhas, entre outras. As fobias contam com um transtorno de ansiedade, embora algumas pessoas possam passar a vida inteira com uma fobia, sem precisar de tratamento. No entanto, se a qualquer momento a vida começar a mudar como resultado da fobia então torna-se um desafio real. Para a pessoa enfrentar a fobia pode ajudar na cura da fobia a longo prazo, já que expor ao que mais temos receio, ajuda a eliminar esse medo. Neste caso, esta técnica chama-se de terapia de exposição.
Transtorno de stress pós-traumático (TEPT): TEPT é um transtorno de ansiedade que aparece depois do evento traumático.
Transtorno obssessivo compulsivo (TOC): TOC pode ser um transtorno de ansiedade muito destrutivo. Obssessões são uma preocupação com um pensamento específico, geralmente negativo. Compulsões: são baseadas num comportamento como resposta a esse pensamento menos bom.
Além dos vários tipos de ansiedade apresentadas, a ansiedade quando agravada, pode despoletar uma crise de ansiedade. Quando essa crise acontece, os sinais mais comuns podem ser: Taquicardia, tremores, naúseas, suor excessivo, formigamento e sensação grande de falta de ar. A melhor forma de controlar é com ajuda profissional com psicólogo ou psiquiatra. No entanto, no momento que se sente uma crise, poderá ser a execução de várias técnicas de respiração, focando a atenção na respiração tentando aliviar o contexto de crise de ansiedade.
Como eventos traumáticos ocorridos na infância, adolescência ou vida adulta como doenças graves, violência ou o acumular do stress familiar ou ambiental. Caso se venha a desenvolver, os sintomas são diversos, podendo sentir-se apetite desregulado, irritabilidade, sudorese, inquietação, insónia, falta de foco, taquicardia, pensamentos negativos. Caracteriza-se por muita preocupação, medo e tensão, podendo aumentar a dificuldade de se realizar as tarefas do dia-dia (Hettema et al.,2001).
– Meditações, como por exemplo meditação methabavana: significa amor incondicional através de frases/pensamentos enviar amor: a nós, a quem amamos, a uma pessoa que conhecemos e, por fim, algo mais desafiante a alguém que tivemos um conflito – ‘’que…seja feliz’’, ‘’ que…supere as causas de sofrimento’’, ‘’que…encontre a sua felicidade’’ . O estado de meditação potencia as ondas cerebrais: Ondas Alfa e Theta cerebrais, melhorando o relaxamento e a ansiedade.
– Pranayamas, em que prana é energia e yama é controlo, isto é controlo de energia através da respiração. Exemplos: Respiração com contagem crescente e decrescente de 1 a 10, Nadishodana (respiração alternada) e Ujjayi (contração da glote, ativação do sistema parasimpático, melhorando o processo de relaxamento)
– Escrita de reflexões e pensamentos/Escrita terapêutica: Pode-se escrever e repetir diariamente: ‘’Eu aceito-me sem reservas e sou grata’’, eliminando qualquer processo de autocrítica e transformando-o em crenças gratificantes e empoderadas. Além disso, escrever numa coluna pensamentos menos bons e noutra coluna positivos alternativos aos menos bons, para aumentar a consciencialização e potenciar a mudança consciente de pensamento e consequente ação.
– Pote de gratidão, escrevendo e agradecendo diariamente por um motivo que nos faz sentir gratos na vida, por mais simples que sejam pois é na simplicidade e autenticidade que está a beleza e felicidade.
– Organizar uma lista de prioridades de tarefas de 1 a 10 do que se tem para fazer pode ajudar a gestão de tempo e consequentemente influenciar positivamente a gestão emocional e ansiedade. Depois da lista de prioridades, pode-se fazer uma tabela com duas colunas segmentando o que controla e o que não se controla no contexto exterior, focando a atenção no que se controla.
– E, o mais importante, ajuda profissional e terapêutica.
Como impeto geral, este tema é delicado, uma vez que também já senti ansiedade de forma geral e específica em viagens, exames e eventos desconhecidos, no entanto aprendi a lidar com a ansiedade, aceitando-a e compreendendo-a, sendo agora minha aliada, ajudando-me na ação e a sair fora da zona de conforto, que é tão importante. Assim, torna-se interessante a escrita sobre o tema, uma vez que acredito que por já ter sentido, promove a identificação e empatia.
É fundamental salientar também, a importância da gentileza, paciência, palavras e atitudes de amor por não se saber o que o outro possa estar a sentir.
O amor e a empatia curam e por mais que não possa ser totalmente, estamos a passar uma mensagem de amor a cada pessoa que passa por nós, prevenindo de alguma forma o aparecimento de algum tipo de perturbação e potenciando a conexão de uma forma bonita.