
Quando pensamos em psicoterapia é frequente questionarmo-nos acerca dos seus processos e da sua utilidade: Porque é que será importante falar de emoções? Porque será que os terapeutas tanto insistem neste aspecto? Qual será a utilidade de nos colocarmos como espectadores dos nossos próprios sentimentos e sensações?
Com efeito – e em jeito de aproximação à resposta a estas questões –, a contenção e/ou o afastamento das nossas emoções, bem como a posição de força e de verdade imutável e absoluta que frequentemente atribuímos aos pensamentos associados a essas emoções, podem transformar-se em algo nefasto, o que acaba por condicionar o nosso bem-estar e felicidade.
Ao longo da vida vivemos as mais diversas situações que nos podem trazer a experiência de emoções como dor, raiva, medo ou angústia. Nestes momentos a nossa primeira reação é, geralmente, a de evitar e afastar essas emoções: optamos deliberadamente por não pensar naquele assunto agora, deixando-o para mais tarde, distraindo-nos com outras coisas à nossa volta. Ao fazê-lo, estamos a encarcerar as nossas emoções e a negar a validade daquilo que sentimos (as emoções não são boas nem más – são simplesmente uma parte integrante da condição humana).
As emoções sentem-se no corpo, e é no corpo que elas ficam “encarceradas”, quando optamos por não as vivenciarmos. Ao ficarem encarceradas, com toda a sua carga perturbadora, acabarão por influenciar, se não a nossa saúde física, seguramente a forma como interagimos com os outros e como olhamos para nós mesmos e para o mundo à nossa volta.
Permitirmo-nos vivenciar as emoções (se expressamos emoções associadas a bem-estar, tais como alegria, felicidade, satisfação, entre outras, porque não fazemos a catarse das emoções que nos perturbam? Afinal, todas elas fazem parte da experiência humana!), em vez de afastarmos as mais dolorosas, permitir-nos-á “fazer a digestão” dessas mesmas emoções (“fazer as pazes” com elas) e seguir assim para diante.
Proponho-lhe esta experiência: encontre um espaço em que se sinta seguro e confortável, num momento em que saiba não correr o risco de vir a ser interrompido; traga à sua consciência as situações que provocaram as emoções que manteve afastadas (pode fazê-lo através da leitura de coisas que possa ter escrito sobre o assunto, ou simplesmente através da visualização mental daquelas circunstâncias passadas); ao deparar-se, de novo, com essas emoções anteriormente negadas, deixe-se simplesmente “sentir essas sensações e sentimentos”, evitando (este ponto é de grande importância) qualquer autojulgamento das suas reações; permita-se expressar essas emoções (se for preciso chorar ou gritar, faça-o); permita aperceber-se dos pensamentos que possam surgir associados a essas emoções (mantenha-se como mero observador, sem bloqueio e sem julgamento).
Ao libertar-se das emoções presas dentro de si estará a contribuir para a “cicatrização” das experiências associadas a essas emoções perturbadoras. Ao lidarmos diretamente com as nossas emoções estamos a promover, como falava há pouco, uma melhor “digestão” das experiências negativas associadas, contribuindo para a promoção da nossa saúde física, mental e emocional.
Esta melhor digestão das experiências negativas tem ainda outras vantagens: ao nos conhecermos melhor, estaremos mais aptos a criar padrões mais saudáveis de pensamento e de comportamento, e até a experimentar modificar alguns desses nossos comportamentos e reações que, por vezes, nos deixam insatisfeitos e causam mal-estar, a nós e aos que estão próximos de nós. Aprendermos a gerir as nossas emoções ajuda-nos a resgatar a nossa confiança e autoestima, fortalece a nossa motivação e capacidade de escolha, e ajuda-nos a melhor compreender as nossas reais necessidades e desejos.
A psicoterapia está disponível para o ajudar na navegação de todos estes processos, de uma forma segura e acompanhada. Se procura apoio para iniciar ou consolidar este processo, para colocar em marcha a utilização destas e de outras ferramentas, estou aqui para o ajudar. Cuide de si!