
As emoções são uma das formas do cérebro comunicar. Elas orientam para ações que promovam a satisfação de necessidades ou de desejos que atribuam bem-estar. Temos várias emoções e percebemo-las com atenção nas sensações físicas ou emocionais sentidas ao nível somático (corpo). É um exercício importante num auto-cuidado necessário, este de perceber as emoções e nomeá-las.
As emoções são desencadeadas por multifatores. Habitualmente, provocadas por algum estímulo social, cognitivo, ambiental ou mesmo físico, elas alertam para ações que possam ter de ser desencadeadas, ou seja, há uma identificação sobre o que poderá ser importante para a sobrevivência ou bem-estar humano e as emoções preparam para ações que possam ir nesse sentido. Isto acontece por sermos seres adaptativos e organizarmo-nos no sentido de colmatar necessidades ao nosso bem-estar.
As emoções principais ou emoções primárias são instintivas e estão associadas à sobrevivência. O medo, a raiva, a alegria, a tristeza, o nojo e a surpresa são as principais emoções e têm exercido um papel muito importante na nossa sobrevivência ao longo da nossa evolução.
Razão pela qual ainda hoje ficamos com muita ansiedade em determinadas situações que são interpretadas pelo cérebro como possíveis de provocar dano. A raiva serviu na nossa evolução para atacar as presas e cuidarmos das nossas crias e do nosso território e ainda hoje tem esta função de defesa pessoal. A tristeza tem a função de elaborar perdas, superá-las e procurar apoio nos outros. A alegria reforça as nossas defesas. O afeto ajuda a estabelecer laços com os outros e a nos reproduzirmos e a surpresa está ligada a funções de curiosidade, exploração perante imprevistos ou eventos inesperados.
A razão pela qual se fica agressivo quando se devia estar triste tem a ver com a automatização da expressão de emoções de substituição. O que significa isto?
As emoções substitutivas são aprendidas em contexto social, com os outros, na educação, no sistema familiar, nas experiências relevantes ao nosso crescimento, evolução, resolução de problemas e nas crenças aprendidas em todos esses processos.
É neste processo desenvolvimental que se dá a aprendizagem de substituir emoções por outras que sejam mais aceites ou mais úteis no contexto social, familiar ou situacional.
Um exemplo desta situação é quando em alguns contextos o medo ou a tristeza não serem bem vistos ou mesmo aceites, por outro lado a raiva acaba por ser mais normalizada e até aceite. Assim, no sentido de uma maior adaptação ao contexto de inserção é aprendido a funcionar com a raiva ao invés da tristeza por esta fazer mais sentido ou ser mais aceite.
Quando alguém fica frustrado e aprende a substituir a emoção da tristeza dessa frustração pela emoção da raiva, acaba por reagir de forma agressiva ao invés de reagir com tristeza evidente. Isto cria uma situação na qual, em vez de ter mais apoios e empatia, os outros afastam-se e podem até desenvolver medo.
A longo prazo este tipo de acontecimentos pode ter consequências ao nível do afeto e dos vínculos que estabelece. Isto acontece porque o que em alguma altura foi adaptativo para ter atenção (colo, carícias, compreensão), neste momento da sua vida é totalmente disfuncional.
É neste sentido que se torna crucial o reaprender o modo adequado de expressar as suas emoções de forma funcional e realmente útil e benéfica. Conte comigo nesta busca por compreender as emoções, expressá-las e nomeá-las de modo a entrar em relações e ou mantê-las de um modo mais pleno e funcional.