
Gostar de outra pessoa é uma experiência de vulnerabilidade e muitas vezes repleta de desafios. Namorar alguém é emocionante, mas também pode provocar muita ansiedade, especialmente se não nos sentirmos seguros.
Talvez já tenha sentido ciúmes exagerados, talvez já tenha se focado demasiado nas pequenas coisas que o seu parceiro(a) faz (ou não faz), talvez os seus medos e receios já foram ou são cada vez maiores e talvez sinta que precisa de confirmar as suas dúvidas a todo o instante. Talvez já fez coisas irracionais, talvez pareça que não consegue parar de se preocupar com o estado da relação e com o sentimento que o seu parceiro(a) tem por si, e isso pode ser um sinal de que não tem segurança no seu relacionamento.
Talvez já tenha experimentado isso como sendo uma pessoa insegura ou por estar numa relação com uma pessoa insegura. Ou até já experimentou das duas formas, em relacionamentos diferentes.
Claro que esses não são os sinais de relacionamentos mais saudáveis, mas o verdadeiro problema é quando esses comportamentos se tornam em hábitos, repetindo-os várias vezes como uma estratégia para se sentir segura.
Essa insegurança pode ter várias causas, talvez seja devido às suas experiências de vida, talvez a coisas que aconteceram no relacionamento atual ou talvez seja o seu estilo de vinculação.
A teoria da vinculação (Bowlby, 1969), designa três estilos de vinculação principais, isto é, maneiras pelas quais as pessoas percebem e respondem à intimidade nos relacionamentos, que se assemelham aos estilos de vinculação encontrados em crianças: Seguro, Ansioso e Evitante.
Basicamente, as pessoas com um estilo de vinculação segura sentem-se confortáveis com a intimidade e geralmente são próximas e amorosas. Pessoas com um estilo de vinculação ansioso, anseiam por intimidade, estão muitas vezes preocupadas com os seus relacionamentos e tendem a se preocupar muito se o sentimento é recíproco. Pessoas com um estilo de vinculação evitante, comparam a intimidade com a perda de independência e tentam constantemente evitar ou minimizar a proximidade.
Os estilos de vinculação na idade adulta são influenciados por uma variedade de fatores, um dos quais é a forma como os seus pais cuidavam de si (Se os seus pais foram sensíveis, disponíveis e recetivos, provavelmente deve ter desenvolvido um estilo de vinculação seguro, deve ter uma base segura para explorar o mundo. Se eles foram inconsistentes na resposta, deve ter desenvolvido um estilo de vinculação ansioso. Se houve ausência de resposta, se foram distantes e rígidos, provavelmente desenvolveu um estilo de vinculação evitativo), mas outros fatores também contam, incluindo os nossos genes e experiências de vida.
São estes estilos de vinculação que vão influenciar a sua visão de intimidade, a maneira como lida com o conflito, a atitude em relação ao sexo, a capacidade de comunicar os seus desejos e necessidades e as suas expectativas em relação ao seu parceiro(a) e relacionamento. E também à sua vida em geral.
Por outro lado, se nos faltar essa sensação de segurança, se não tivermos a certeza que a pessoa que amamos, realmente acredita em nós e nos apoia e estará lá para nós quando mais precisarmos, acharemos muito mais difícil manter o foco e viver a vida que desejamos. Quando sentimos que o nosso parceiro(a) é confiável e nos faz sentir seguros, podemos voltar a nossa atenção para todos os outros aspetos da vida e ser bem sucedidos.
Um estilo de vinculação ansioso ou evitante, pode ser frustrante. Muitas vezes, torna-se difícil desfrutar do relacionamento porque está muito ocupada a preocupar-se com coisas que podem dar errado. Trabalhar no desenvolvimento de um estilo de vinculação mais seguro pode ajudar. Converse com o seu parceiro(a) sobre o que ele pode fazer para apoiá-la e considere procurar ajuda de um psicólogo. A terapia de casal é uma forma eficaz para avaliar o seu estilo de vinculação e para ambos desenvolverem novas maneiras de responderem juntos às inseguranças.
Bowlby, J. (1969). Attachment and loss: Vol.1. Attachment. New York: Basic Books.
Bowlby, J. (1973). Attachment and loss: Vol.2 Separation: Anxiety and anger. New York: Basic Books.
Bowlby, J. (1980). Attachment and loss: Vol.3. Loss: Sadness and depression. New York: Basic Books