
Desde a Antiguidade Clássica que as questões associadas à felicidade são motivo de reflexão para o ser humano. Na sua mais íntima essência, o Homem sempre procurou compreender a vida e encontrar um sentido para a sua existência.
Contudo, a vida nem sempre é um mar de rosas! Enfrentamos desafios como – a perda de um ente querido, um acidente que altera a vida ou uma doença grave – e ter de lidar com estes reveses, obstáculos de vida é, e será sempre, um enorme desafio. Faz parte da nossa existência: acredite que num determinado momento, a vida vai desafiá-lo. E quando chegar essa altura, certamente que vai achar que não merecia, que é injusto e todos esses sentimentos, acabam por o bloquear e estagnar ainda mais, e consequentemente trazerem desmotivação e não soluções. Mas a verdade, é que é muito mais fácil deixar-se abater do que ultrapassar os obstáculos e fazer com que seja um processo de crescimento individual.
Enfrentar e evoluir, parece-me ser a atitude mais sensata e proactiva, pois a verdade é que também podemos encontrar sentido na vida, mesmo quando confrontados com uma situação desesperante, diante de um destino que não pode ser mudado. Pois o que importa é testemunhar o potencial exclusivamente humano no seu melhor, que é transformar uma tragédia pessoal num triunfo, transformar a situação numa realização humana.
Vários pesquisadores acreditam que é através do processo de luta contra as adversidades que podem surgir mudanças que empurrem o indivíduo para um nível de funcionamento superior ao que existia antes do evento que mudou a sua vida.
Contudo, cada mudança afeta as pessoas de forma diferente, trazendo uma enxurrada única de pensamentos, emoções fortes e incertezas. Ainda assim, as pessoas geralmente se vão adaptando com o tempo à situação de mudança de vida – em parte graças à resiliência.
A resiliência não é necessariamente um traço de personalidade que apenas alguns possuem. Antes pelo contrário, esta envolve comportamentos, pensamentos e ações que qualquer pessoa pode aprender e desenvolver. A capacidade de aprendê-la é um dos motivos pelo qual as pesquisas mostram que a resiliência é comum, não extraordinária.
Força pessoal/intelectual – advém de mudanças ao nível do self e onde se incluem tentativas para se tornar mais forte psicologicamente, mais confiante, ou seja, um self genuíno, melhorado, mais aberto, mais empático, mais criativo, mais maduro, mais humanitário, mais especial e mais humilde. Contudo, e após suportar o trauma, sentindo com isso um incremento na sensação de força pessoal, percecionando uma maior capacidade de lidar com adversidades futuras, o indivíduo prioriza uma nova escala de importância às diferentes realidades que se apresentam à sua frente, bem como um maior valor da Vida, desenvolvendo ao mesmo tempo um aumento do sentimento de gratidão. Como não possui qualquer controle sobre certos eventos, ele pode sentir- se mais vulnerável, e como resultado, prestar atenção a pequenos acontecimentos ou coisas anteriormente catalogadas como insignificantes.
Por isso, tente ter pensamentos saudáveis, mantendo as situações em perspetiva. O modo como pensa tem impacto em como se sente, e qual a sua resistência perante novos obstáculos e desafios. Tente identificar regiões de pensamento irracional, como a vertigem para a catástrofe, o sentimento que tudo e todos estão a conspirar contra si. Adote uma postura ao nível do pensamento mais equilibrada e realista.
Prioridades alteradas – as prioridades na vida mudam como reação à reconstrução cognitiva experimentando um incremento no valor dado à vida. Algumas situações ou traumas que colocam a vida dum individuo em perigo podem levar ao sentimento de poupança e que a oferta de uma segunda oportunidade deve ser vista com cuidado. Indivíduos que optam pelo crescimento após a experiência traumática constatam uma redefinição nas suas prioridades, como por exemplo: como e com quem decidem passar o dia, a sua aparência, bens monetários e a sua saúde. Eles possuem um novo conceito da vida, aprendendo, assim, novas aptidões. Promovendo, assim o bem-estar com a prática de uma alimentação equilibrada, sono amplo, meditação, ioga, hidratação e exercícios regulares, podem ajudar a pessoa a fortalecer o seu corpo, a construir conexões e a restaurar a esperança para se adaptar a eventos desafiadores que exigem resiliência e reduzir o impacto das emoções.
Privilegie determinados relacionamentos – Conecte-se e concentre-se em conviver com pessoas empáticas, confiáveis e compreensivas que validem os seus sentimentos e que o lembrem que não está sozinho a enfrentar os obstáculos. Bem sei que a dor provocada por eventos traumáticos pode conduzi-lo a um isolamento, mas acredite, é importante aceitar a ajuda e o apoio daqueles que se preocupam verdadeiramente consigo. Junte-se a um grupo, quer seja de reabilitação, ou de exercicio físico ou comunidades religiosas ou outras organizações locais que forneçam apoio social com o intuito de o ajudar no seu processo de recuperação.
Desenvolvimento Espiritual – A crença numa religião pode tornar-se mais premente após a vivência de uma adversidade, contribuindo assim, para atribuir um significado e um propósito de vida perante esse momento. As pessoas que não acreditam na religião podem experimentar algum crescimento na esfera espiritual. A experiência com o crescimento espiritual não é consistente e varia entre as pessoas que vivenciam a situação marcante de vida e depende da relação anterior com a sua religiosidade e espiritualidade, bem como da atribuição causal ao evento. Assim, o indivíduo cria uma nova filosofia de vida que muda as suposições e crenças do passado, levando a novos potenciais e oportunidades que não existiam antes do evento.
Aceite que a mudança faz parte da vida. Certos objetivos ou ideais podem não ser mais alcançáveis como resultado de situações adversas na sua vida.
Mantenha uma perspetiva positiva. É difícil ser positivo quando a vida não está a correr como planeamos, mas uma perspetiva otimista permite que você espere que coisas boas lhe aconteçam. Tente visualizar o que você quer, em vez de se preocupar com o que teme. Ao longo do caminho, observe todas as formas subtilmente apresentadas e repare como lida melhor às situações adversas. Claro que é útil reconhecer e aceitar as suas emoções durante os tempos difíceis, mas também é importante ajudá-lo a promover a autodescoberta perguntando-se: “O que posso fazer relativamente a este desafio na minha vida?” – Ao fazer isso, está a tomar as rédeas da sua vida.
Bem sei que não é um processo simples. Para muitas pessoas, usar os seus próprios recursos e os tipos de estratégias elencadas acima podem ser suficientes para realizar este processo de evolução. Mas, lembro-lhe que você não está sozinho nesta caminhada, um profissional de saúde mental licenciado, como um psicólogo, pode ajudá-lo a desenvolver uma estratégia apropriada para seguir em frente. É importante obter ajuda profissional.
1 Comment
Adorei o artigo, muito sentido até….. é muito bom ler artigos assim,sò nos mostra que nao somos os únicos a enfrentar os desafios que a vida nos coloca na frente, e a resiliência é sem duvida uma arma fundamental para enfrenta-los. Parabens pelo o artigo 😉🙏💫