
Cada um de nós vive e opera a partir de um conjunto complexo de crenças que nos definem e ao mundo em que vivemos. As nossas crenças são o berço dos nossos pensamentos, emoções e ações, são os filtros predispostos da nossa conceção do mundo, são como os governantes do cérebro, que tornam possível a ação e o comportamento, e são juntamente com os valores, as fontes mais importantes da motivação. Tudo o que acreditamos influenciará a nossa perceção, o que, em última análise, determinará como vivenciamos e respondemos às situações que surgem nas nossas vidas.
Por isso, convido-o a reservar um momento agora e explorar comigo os seus pensamentos. Repare se algum destas frases lhe soa familiar:
Estas crenças são chamadas de crenças centrais e moldam a sua realidade.
As crenças são essencialmente os óculos que você usa e que dão significado ao que os seus sentidos percecionam o mundo. O nosso cérebro não processa as coisas de maneira neutra. O que percebemos e interpretamos depende das crenças que temos. Temos crenças fundamentadas em fatos e crenças fundamentadas em emoções e na experiência de vida. Temos crenças sobre outras pessoas, sobre os nossos relacionamentos, sobre nós próprios: aquilo que somos capazes de fazer e aquilo que nos é possível. Aquilo que acreditamos ser verdade, tendemos a perceber e a experimentar como sendo verdade. Raramente questionamos as nossas crenças e enquanto estas permanecerem incontestáveis, elas moldarão as suas perceções e direcionarão as suas ações a um nível subliminar ou subconsciente.
Muitas são heranças que herdámos da nossa família, comunidade e cultura de forma implícita e inconsciente. Todas as crenças centrais foram adotadas, porque, de alguma forma, já nos protegeram ou nos serviram. Todas elas têm uma intenção positiva, embora, com o tempo, algumas crenças centrais poderão se transformar em crenças limitantes que não nos são mais úteis. Ou seja, a intenção positiva delas ainda existe, mas a maneira de cumprir essa intenção positiva pode não ser apropriada para a nossa realidade atual. E dessa forma, podemos criar obstáculos, que nos vão impedir de alcançar novos objetivos individuais e/ou relacionais.
“Aprendemos os nossos sistemas de crenças como crianças muito pequenas, e então passamos pela vida a criar experiências para combinar com as nossas crenças. Olhe para a sua própria vida e observe quantas vezes você passou pela mesma experiência.”
Louise L. Hay Tweet
As crenças são literalmente as lentes através das quais você vê o mundo. Elas podem:
Mas há uma boa notícia, não importa o que tenha acontecido consigo no passado, o seu percurso não é predeterminado. Só precisa de ajustar o seu sistema de crenças que governa o seu processo de criação da realidade. E este é um superpoder que você ganha quando aprende a questioná-las, pois crenças não examinadas operam dentro de si como “regras da realidade” bastante rígidas. Já as crenças examinadas, são muito mais adaptáveis; elas permitem que você se ajuste à realidade que se desenrola no presente.
Acredite, nem todos os pensamentos que surgem na nossa mente são verdadeiros. Repare, a maioria das pessoas tem entre 60.000 e 80.000 pensamentos por dia. Imagine se todos os pensamentos percebidos sobre nós mesmos e acerca do nosso mundo fossem verdadeiros – como teríamos tantos pensamentos únicos sobre tudo isso?
Por isso, lembre-se, crenças limitantes tornam-se um obstáculo quando são consideradas verdadeiras, logo, o próximo passo é identificar os pensamentos que não lhe servem e examiná-los de perto.
Mudar as crenças centrais é difícil e pode levar meses até que percecione uma mudança no seu comportamento. O seu cérebro, mente e corpo precisam de tempo para reconetar e internalizar “novas” lentes. No entanto, com algum trabalho persistente e disciplinado, é possível mudar essas crenças centrais.
Mindfulness não significa apenas meditação. Conforme definido pelo especialista em mindfulness Jon Kabat-Zinn, mindfulness é prestar atenção aos pensamentos e emoções sem julgamento. Trata-se realmente de viver a vida no AQUI e no AGORA.
Ao praticar a atenção plena de forma assídua, possibilita a pessoa se familiarizar com os seus pensamentos e emoções. À medida que as pessoas começam a observar esses pensamentos e aprendem como a mente gera crenças, elas podem determinar quais são as genuínas e quais não são.
Anote todas as crenças centrais que lhe vão surgindo como forma de o ajudar a reconhecer e as tornar explícitas. Ao lado de cada crença central, escreva:
2.1. Onde aprendeu isso? Existe alguém na sua família que tinha uma crença central semelhante (ou oposta)?
2.2. Qual a intenção positiva dessa crença? Ainda precisa dessa intenção positiva hoje? Em caso afirmativo, tente encontrar uma maneira mais adaptativa de alcançar essa intenção positiva?
Comece por identificar os pensamentos que se originam diretamente de crenças limitantes. Depois de reconhecer o pensamento baseado nessas crenças, por exemplo: “Eu não sou digno/a de amor” – pergunte a si mesmo o seguinte:
Para neutralizar esses pensamentos pode ser útil escrever um pensamento positivo/oposto. Por exemplo, se tiver um pensamento como: “Não tenho valor”. Tente escrever uma afirmação como “Sou uma pessoa com valor” ou “Sou uma pessoa com potencial”.
De início, pode ser difícil aceitar esses pensamentos substitutos, mas quanto mais colocar em prática em exercício, melhor vai conseguir neutralizar esses pensamentos.
Por que não começar agora? Pare de acreditar em tudo o que a sua mente lhe diz e comece a questionar as suas crenças limitantes e observe a si mesmo, o seu mundo, e logo, logo, a sua vida se transformará. Bem sei que é difícil iniciar este processo de desenvolvimento pessoal, mas eu estou aqui para lhe dar todo o apoio de que necessita, para o ajudar a enfrentar as suas dificuldades e alcançar os seus objetivos.