
Viver no momento presente é o apanágio de muitas das filosofias de vida relacionadas com o bem-estar e saúde mental. Tal não significa que o passado e o futuro não sejam dimensões importantes da vida, pois é deles que vem a memória, a saudade, a nostalgia (todos já ouvimos e empregámos a expressão “recordar é viver”), bem como a capacidade de sonhar, de estabelecer objetivos e de nos projetarmos no futuro.
No entanto, sabemos também que viver apenas no passado nos rigidifíca e cristaliza, e que viver no futuro nos pode trazer uma vivência exclusiva na fantasia e sonhos, ou por outro lado uma vivência ansiosa. Assim, e como em tudo na vida, o equilíbrio é o mais importante. Não podemos viver exclusivamente em nenhum dos momentos, mas podemos sim vê-los com como reflexo de uma construção de dois verbos conjugados no presente: ser e viver.
Ser remete para a nossa estrutura, para a nossa essência. Ser, é a capacidade de alinhar aquilo que pensamos, sentimos, os nossos valores e as nossas intenções com o nosso comportamento. É desta conjugação que vem a consistência e a coerência de que precisamos para saber quem somos, o que gostamos, em que acreditamos e o que queremos. E só conseguimos experimentar este “sentido de ser” (o nosso self) de forma consciente no momento presente. Diria que “ser no momento presente” é um sinónimo de viver.
Dito parece fácil, mas a verdade é que num dia típico da nossa rotina, estes momentos são raros: estamos preocupados e a pensar na hora a que teremos de sair de casa (quantos de nós conseguem ter uma rotina matinal tranquila a aproveitar breves momentos potencialmente prazerosos?), estamos preocupados com prazos, reuniões, tarefas que vão acontecer ao longo do dia, sempre na expetativa que aconteçam, não deixando tempo e espaço sequer para os viver de forma consciente. Estamos no hoje a pensar no amanhã e no resto da semana, ou até no resto do mês. Ao final do dia, parece que tudo foi uma sucessão de acontecimentos que passaram por nós, sem que os agarrássemos. Mesmo num dia de fim-de-semana, quantos de nós sentimos que passa sempre a correr e que não o aproveitámos? Estamos muitas vezes no modo “piloto automático”, que é o contrário de viver. Acrescento ainda que viver não está (ou não deve estar) associado apenas aos momentos de lazer e de férias. Para alcançar o equilíbrio no nosso bem-estar, é importante exercitar esta capacidade de viver de forma prazerosa momentos do nosso dia-a-dia, até nos dias mais exigentes e desinteressantes que temos. É um desafio difícil mas possível.
Se tem sentido dificuldade em conectar-se com os seus pensamentos e emoções, se sente que há comportamentos enraizados que estão a dificultar uma vivência mais plena do seu self, não se esqueça que um psicólogo pode ajudar. A consulta de psicologia é essencial para o autoconhecimento, para compreender os nossos padrões e como podemos otimizar os nossos recursos e sentirmo-nos mais equilibrados e felizes. Conte com o meu apoio no processo, marque a sua consulta hoje.