
É-nos difícil, tantas vezes, acreditarmos que aquilo que somos é especial. É especial porque é único, irrepetível. E é por ser único que deve ser cuidado e acarinhado. É o que fazemos com os nossos amigos, com os nossos companheiros, com os nossos colegas de trabalho: enaltecemos as suas características, valorizamos as metas por eles alcançadas, elogiamos as suas qualidades. É curioso que o cheguemos a fazer com leveza e facilidade quando, em relação a nós próprios o nosso comportamento é outro, diferente: alimentamos a nossa autoestima ou ficamos presos em amarras que insistimos em não largar?
Na minha prática profissional são inúmeros os casos que recebo em consulta que trazem esta intenção: quero melhorar a minha autoestima, quero adquirir ferramentas para aumentar a minha autoestima. Se houvesse uma resposta única e se tivesse de resumir numa palavra aquilo que poderia ser este conjunto de ferramentas, então diria: Experiências!
Ao fazermo-lo estamos a negar a nós próprios (e também aos que estão à nossa volta) uma miríade de experiências. E são estas experiências que, em larga medida, podem contribuir para o reforço da nossa autoestima.
Nascemos, cada um de nós, com capacidades únicas. Em muitos casos essas capacidades permanecem como que adormecidas, dormentes, escondidas por medos, receios e sentimentos de inadequação ou inadaptação.
Mostrarmos o que nos torna únicos faz com que atraiamos a atenção dos outros sobre nós e, em certa medida, ficamos sujeitos à possibilidade de uma eventual rejeição, mas também à responsabilidade inerente a um eventual sucesso.
Por um lado receamos não ser importantes aos olhos dos outros; por outro lado receamos ser vistos como pouco modestos. Façamos o que fizermos estas capacidades estão dentro de nós, são parte integrante de nós, são a nossa “massa”.
Quem sabe se a alguns de nós foi-nos ensinado desde crianças a esconder essas nossas “partes”; talvez tenhamos aprendido que as nossas capacidades não têm lugar no mundo profissional dos adultos; talvez nos tenhamos sentido desvalorizados, ridicularizados ou mesmo criticados, ao darmos livre curso àquelas atividades que instintivamente nos atraem; quem sabe se comparamos a nossa vida com organizações e pessoas de sucesso à nossa volta, vendo (erradamente) naquele sucesso a prova da nossa pouca importância; podemos ter formado, ao longo do processo de crescimento e desenvolvimento, crenças de autorrejeição ou de diminuição, de maneira a nos protegermos ou a darmos sentido a situações confusas; podemos ter-nos sentido pouco vistos, pouco ouvidos, pouco compreendidos ou pouco apreciados, e ter inconscientemente “decidido” que se passava algo de errado connosco; talvez as figuras de autoridade presentes na nossa vida nos tenham reforçado a ideia de que temos de ser humildes e evitar mostrar que somos “alguém”.
Existe uma enorme distância entre mostrarmos aquilo que somos e que gostamos e querermos “dar nas vistas” ou exibirmo-nos. Só o facto de existirmos tem impacto sobre inúmeras pessoas, das mais variadas formas: quando nos autorizamos a mostrar a nossa essência, quem sabe até descobrindo partes de nós há muito esquecidas, estamos a renovar a nossa conexão com os outros e com a vida em geral, percebendo que não estamos a fazer favor nenhum ao mundo (às pessoas nas nossas vidas) quando optamos por nos escondermos.
Comece por fazer uma lista de tudo aquilo que executa bem, mesmo que sejam coisas pequenas, que lhe pareçam despropositadas ou que pense não terem qualquer utilidade;
Pergunte-se, depois, como poderá usar essas coisas no seu dia-a-dia e comece, lentamente, a implementar (ou a reciclar) essas mesmas competências;
Experimente: experimente coisas novas e coisas velhas. Lembre-se que o caminho se faz caminhando. Aquilo que lhe é pedido é, apenas, que experimente fazer, dando um passo de cada vez: ao fazer caminho vai (re)conhecer-se melhor a si próprio, vai (re)descobrir a “massa” de que é feito. Quem sabe se é assim que (re)descobrimos a nossa autoestima, que (re)afirmamos o nosso valor único e irrepetível.
A psicoterapia está disponível para o ajudar a descobrir o seu verdadeiro valor, de uma forma segura e acompanhada. Se procura apoio para iniciar ou consolidar este processo, estou aqui para o ajudar. Reconheça e mostre o seu valor!