A Dra. Mafalda Fernandes da Clínica Learn2Be apresenta o ciclo de entrevistas exclusivas: “Conversas que curam”.
Neste terceiro episódio o tema abordado é o combate ao Covid-19 e o seu impacto nos profissionais de saúde.
Uma conversa entre a Psicóloga Clínica Dra. Mafalda Fernandes e o Enfermeiro Alexandre Fonseca.
Nesta publicação fui desafiada a representar e a pensar sobre o que são maus hábitos para mim.
De facto todos nós temos maus hábitos e, sob a minha perspetiva a partir da minha pintura que me levou a mergulhar sobre este assunto, cheguei à conclusão, não só através da minha formação e dos casos que acompanho, mas por ser pessoa além de profissional, que todos podemos navegar, em alguma altura da vida, numa ferida narcísica, que nos leva, consequentemente à procura de maus hábitos, do caos, do problemático. Isto pode acontecer, por exemplo, todas as vezes em que algo ou alguém nos rejeita, seja num relacionamento, numa proposta, num teste às nossas competências, mergulhamos novamente no lago.
Acredito que a arte possa ser uma forma de expressão, quase tão boa como a terapia verbal e, por isso, inovar nas consultas, através da arte pode ajudar a derrubar algumas feridas que se encontram dentro de mim, de você, de nós e levarmos a procurar cada vez mais bons hábitos, forma boas de expressão…como a arte, a escrita, a dança, as palavras.
As três caras da “F(e)rida Narcísica”, nome escolhido para a pintura, representam este reflexo visto no lago em que o próprio Narciso caiu, as nossas feridas, no entanto podem representar as formas ou três caminhos para procurar o que tem de melhor em si: saborear o presente; retirar uma aprendizagem de cada ferida tem dentro de si; empoderar-se.
A lenda conta que Narciso tomou por outra pessoa o seu reflexo num lago e enamorou-se dessa imagem. Ao tentar beijar o objeto do seu amor, caiu na água e morreu afogado. Esta é a base mítica daquilo que é denominado “ferida narcisíca”, algo que nos toca.
A humanidade depara-se com a ferida ao perceber que os seus maiores sonhos, vaidades e expectativas não correspondem à realidade. Na verdade, sempre que algo nos incomoda na nossa vida, é porque, no fundo, carregaram onde a pele é bem mais sensível.
Sendo assim, nem todos nascemos para reparar. Se quisermos, podemos ignorar a lição com alguma distração. Há um momento das nossas vidas, no qual procuramos a desordem, o caos, o problemático, os…maus hábitos. “Não por masoquismo, mas por termos aprendido que, a cada queda, o que morre era destinado a morrer, e o que se emerge é o que tinha de assim nascer.”
Pode procurar ajuda profissional se sente que tem um espírito livre reprimido dentro de si, uma vez que a ferida esteja curada, vai ter as ferramentas para decidir que “que morre era destinado a morrer, e o que se ergue é o que tinha de assim nascer”. E pode ser um novo “eu”.
A equipa Learn2be e eu estamos disponíveis para o acompanhar neste processo. Seja o melhor de si!
A Dra. Vera Ferreira, Diretora da Clínica Learn2Be, deixa-lhe hoje uma reflexão importante e atual com o desejo de poder contribuir para que cada um de vós possa resgatar em si a Magia do Natal! Boas Festas! Seja o Melhor de Si_
ESPERANÇA
“Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano Vive uma louca chamada Esperança E ela pensa que quando todas as sirenas Todas as buzinas Todos os reco-recos tocarem Atira-se E — ó delicioso vôo! Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada, Outra vez criança… E em torno dela indagará o povo: — Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes? E ela lhes dirá (É preciso dizer-lhes tudo de novo!) Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam: — O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA…”
Mário Quintana
A Dra. Mafalda Fernandes da Clínica Learn2Be apresenta o ciclo de entrevistas exclusivas: “Conversas que curam”.
Neste segundo episódio o tema abordado é “Covid19: Crimes, Justiça e Saúde Mental “. Uma conversa entre a Psicóloga Clínica Dra. Mafalda Fernandes e a psicóloga Dra. Ana Conduto.
Para além da cor dos olhos, da predisposição para algumas doenças e da aprendizagem de comportamentos, herdamos da nossa família a forma como gerimos as nossas emoções. A gestão emocional, não vem inscrita no nosso ADN, mas está de certa forma guardada no nosso inconsciente. Ao longo do processo de psicoterapia, é muito comum apercebermo-nos de que ou estamos a rejeitar ou a repetir padrões comportamentais e a viver ansiedades e traumas que na verdade não são nossos.
Ao pensarmos sobre o nosso desenvolvimento, conseguimos aceder com mais ou menos facilidade ao impacto que as relações com os nossos pais têm em nós, bem como ao impacto que a relação entre os nossos pais tem sobre nós (e consequentemente nas relações que estabelecemos com os outros). Este impacto relacional tem sido amplamente estudado em psicologia, tendo sido John Bowlby o maior estudioso e pensador desta dinâmica relacional.
Segundo Bowlby, a forma como nos relacionamos com os outros é determinada pelo estilo de vinculação que estabelecemos com as figuras cuidadoras da nossa infância, podendo desenvolver estilos de vinculação específicos, seguros ou inseguros (a teoria de John Bowlby é bastante mais completa e complexa, uso esta versão simplificada para dar a ideia de como a nossa experiência precoce influência o nosso comportamento nos dias de hoje). Assim, uma criança que tenha estabelecido um tipo de vinculação segura, tenderá a crescer e a criar relações positivas com os outros, a ter maior facilidade em estabelecer relações e a encontrar um equilíbrio mais harmonioso entre intimidade e independência. Por sua vez, uma criança que estabeleça um dos restantes estilos de vinculação – mais inseguros – poderá encontrar mais dificuldades no relacionamento com o outro, podendo tornar-se uma pessoa mais ansiosa nos relacionamentos, procurando insistentemente níveis de intimidade elevados, pondo de parte a sua necessidade de alguma independência e espaço pessoal. Tipicamente, são pessoas mais impulsivas, preocupadas, emocionais e dependentes nas suas relações.
Por outro lado, podem tornar-se pessoas mais desligadas e independentes, que quase evitam o estabelecimento de relações amorosas e de compromisso. Para estas pessoas, os relacionamentos amorosos não são vitais para a sua vida, assumindo um papel meramente secundário, e são também pessoas que têm maior dificuldade em lidar com seus sentimentos.
Para além da forma como nos relacionamos com os outros, herdamos muitas ideias, valores, normas, preconceitos etc., que muitas vezes entram em conflito com a nossa forma de ver o mundo, os outros, e até a nós mesmos. Toda esta informação está guardada em nós e chegou-nos através de vários veículos, várias situações e episódios dos quais, por vezes, nem guardamos memória.
A diversidade de crenças é maior quantas mais referências existirem, mas, ainda assim, a herança emocional vem demonstrar que somos um pouco menos livres e originais do que pensamos.
A família – primeira forma de sociedade em que nos inserimos, no seio da qual aprendemos as primeiras regras e sentimos os primeiros afetos – é a “instituição” que nos começa a moldar mesmo antes de darmos os primeiros passos. O papel central da família é assumido pelos pais e é, por isso, que uma relação pais-filhos baseada no amor, carinho, respeito, segurança e aceitação é essencial. Em terapia, conseguimos perceber que muitas das dificuldades relacionais vêm de experiências relacionais de abandono, carências, desrespeito e com a não satisfação de necessidades psicológicas que todos temos (conforto e segurança, novidade, reconhecimento, conexão e pertença, crescimento).
Até aqui, todo este puzzle já é bastante complicado limitando-se apenas às influências educativas e emocionais transmitidas pelos nossos pais. Contudo, a investigação na área da psicologia transgeracional, mostra-nos que esta influência vai bem para além disso.
Ao longo dos séculos houve várias abordagens aos fenómenos de repetição inconsciente. Freud falou na «alma coletiva da família», Carl Jung no «inconsciente coletivo», e Moreno no «co-inconsciente», mas foi a psicóloga francesa de origem russa Anne Ancelin Schützenberger – já nos anos 1980 -, que estudou e batizou um novo campo de estudo: A psicogenealogia ou psicologia transgeracional, que defende que os legados psicológicos familiares, como o trauma transgeracional, podem perpetuar-se durante sete gerações, não sendo apenas fruto da aprendizagem social.
Um dos temas explorados pela autora, são as lealdades inconscientes (falamos muitas vezes em “alianças familiares” no contexto terapêutico), que se definem como repetições de padrões relacionais, tanto positivos como negativos, por uma questão de amor e solidariedade a outra figura. Esta influência pode chegar-nos pela nossa experiência, pela voz dos avós ou através das histórias contadas pelos nossos pais, mas estudos têm demonstrados que podem ir para além da geração dos nossos avós, ou seja, é uma influencia que vai muito para além da nossa experiencia e memória.
Sabe-se que a transmissão transgeracional do trauma acontece, só não se sabe ainda exatamente como, sobretudo quando os eventos traumáticos não foram presenciados nem narrados por nós. A resposta para este mistério pode estar nos marcadores epigenéticos, que atuam como uma ponte entre o ambiente e os genes: não os alteram, mas ativam ou suprimem a sua expressão.
Estudos recentes da investigadora Rachel Yehuda, do Hospital Mont Sinai, em Nova Iorque, com descendentes de sobreviventes do Holocausto, parecem confirmá-lo. Já se sabia há décadas que este grupo sofria com mais frequência sintomas de stress pós-traumático, somatização e outras psicopatologias, mas o que os estudos-piloto de Rachel Yehuda trouxeram de novo foi a compreensão de que o trauma pode alterar os marcadores epigenéticos, não só dos sobreviventes, mas também dos descendentes, até à terceira geração.
Todo este conhecimento que lhe transmiti ao longo deste texto, vem reforçar a importância de entrarmos em contacto com as nossas memórias, emoções, com as nossas crenças, pensamentos e padrões comportamentais. Se grande parte destes é herdada, faz todo o sentido termos espaço para os desconstruir e pôr em causa, e perceber até que ponto nos faz sentido sermos regidos por ideias, valores ou traumas dos nossos pais (e avós). O processo de desenvolvimento normal à chegada da idade adulta, é o da desvinculação, que no fundo traz consigo um processo de revisão de tudo o que ficou para trás até ao momento em que começamos a viver a nossa autonomia e independência.
Sabendo tudo isto de antemão, devo perguntar-me o que quero passar para os meus filhos, e só conseguirei passar o melhor de mim se todos os nós que tenho forem desembaraçados, e se conseguir dar significado e sentido às experiências do meu passado.
As emoções são uma das formas do cérebro comunicar. Elas orientam para ações que promovam a satisfação de necessidades ou de desejos que atribuam bem-estar. Temos várias emoções e percebemo-las com atenção nas sensações físicas ou emocionais sentidas ao nível somático (corpo). É um exercício importante num auto-cuidado necessário, este de perceber as emoções e nomeá-las.
As emoções são desencadeadas por multifatores. Habitualmente, provocadas por algum estímulo social, cognitivo, ambiental ou mesmo físico, elas alertam para ações que possam ter de ser desencadeadas, ou seja, há uma identificação sobre o que poderá ser importante para a sobrevivência ou bem-estar humano e as emoções preparam para ações que possam ir nesse sentido. Isto acontece por sermos seres adaptativos e organizarmo-nos no sentido de colmatar necessidades ao nosso bem-estar.
As emoções principais ou emoções primárias são instintivas e estão associadas à sobrevivência. O medo, a raiva, a alegria, a tristeza, o nojo e a surpresa são as principais emoções e têm exercido um papel muito importante na nossa sobrevivência ao longo da nossa evolução.
Razão pela qual ainda hoje ficamos com muita ansiedade em determinadas situações que são interpretadas pelo cérebro como possíveis de provocar dano. A raiva serviu na nossa evolução para atacar as presas e cuidarmos das nossas crias e do nosso território e ainda hoje tem esta função de defesa pessoal. A tristeza tem a função de elaborar perdas, superá-las e procurar apoio nos outros. A alegria reforça as nossas defesas. O afeto ajuda a estabelecer laços com os outros e a nos reproduzirmos e a surpresa está ligada a funções de curiosidade, exploração perante imprevistos ou eventos inesperados.
A razão pela qual se fica agressivo quando se devia estar triste tem a ver com a automatização da expressão de emoções de substituição. O que significa isto?
As emoções substitutivas são aprendidas em contexto social, com os outros, na educação, no sistema familiar, nas experiências relevantes ao nosso crescimento, evolução, resolução de problemas e nas crenças aprendidas em todos esses processos.
É neste processo desenvolvimental que se dá a aprendizagem de substituir emoções por outras que sejam mais aceites ou mais úteis no contexto social, familiar ou situacional.
Um exemplo desta situação é quando em alguns contextos o medo ou a tristeza não serem bem vistos ou mesmo aceites, por outro lado a raiva acaba por ser mais normalizada e até aceite. Assim, no sentido de uma maior adaptação ao contexto de inserção é aprendido a funcionar com a raiva ao invés da tristeza por esta fazer mais sentido ou ser mais aceite.
Quando alguém fica frustrado e aprende a substituir a emoção da tristeza dessa frustração pela emoção da raiva, acaba por reagir de forma agressiva ao invés de reagir com tristeza evidente. Isto cria uma situação na qual, em vez de ter mais apoios e empatia, os outros afastam-se e podem até desenvolver medo.
A longo prazo este tipo de acontecimentos pode ter consequências ao nível do afeto e dos vínculos que estabelece. Isto acontece porque o que em alguma altura foi adaptativo para ter atenção (colo, carícias, compreensão), neste momento da sua vida é totalmente disfuncional.
É neste sentido que se torna crucial o reaprender o modo adequado de expressar as suas emoções de forma funcional e realmente útil e benéfica. Conte comigo nesta busca por compreender as emoções, expressá-las e nomeá-las de modo a entrar em relações e ou mantê-las de um modo mais pleno e funcional.
A Dra. Mafalda Fernandes da Clínica Learn2Be Lisboa e Almada aborda o tema: Comparações.
Um tema interessante também na altura em que vivemos, pois vivemos muito à base das redes sociais, das comparações. E a questão é mesmo essa!
O desequilíbrio emocional caracteriza-se pelas alterações de humor diante de acontecimentos negativos e imprevisíveis. As responsabilidades do dia a dia, a sobrecarga profissional, os desamores, as frustrações, são alguns fatores que podem causar desequilíbrios.
Algumas pessoas são mais suscetíveis a esses acontecimentos, mas isso não quer dizer que não pode acontecer com qualquer pessoa.
O desequilíbrio emocional pode ser responsável por sintomas mentais, mas também por diversos problemas físicos, tais como: dores musculares, dores de cabeça, gastrite, stresse e depressão.
Assim sendo, a capacidade que temos para regular as nossas emoções e a dos outros, com o objetivo de promover o desenvolvimento emocional, chama-se de gestão emocional.
É a aptidão para percecionar as suas emoções, conduzindo à tomada de decisão e a escolher estratégias para eficazes para agir.
Do ponto de vista de alguns autores o conceito de inteligência emocional contém 4 máximas:
Procure apoio caso não esteja a conseguir libertar-se dos pensamentos desagradáveis que se repetem constantemente.
A ajuda de um profissional pode ajudar a combater os seus medos e preocupações, com vista ao seu bem-estar. Cuide de si!
A internet e as suas aplicações passíveis de conectar humanos vieram revolucionar o mundo, as relações, os negócios, a consciência humana da informação em circulação. Apenas um click é suficiente para se estar ligado a todo um mundo virtual. O que nos liga poderá ser também o que nos desliga, nomeadamente do real, é por isso peso e medida, equilíbrio, bom uso, inteligência e eficiência. De eficiência falamos quando pensamos na consulta online.
A terapia online é uma alternativa totalmente válida, segura e fiel aos requisitos da prática da profissão de psicólogo. Qualquer profissional tem de estar devidamente inscrito e ser membro efetivo da Ordem dos Psicólogos Portugueses e seguir as normas éticas e deontológicas aplicáveis à prática clínica de atuação presencial. Alguns profissionais têm mais dificuldade em lidar com esta modalidade de terapia, assim como alguns clientes/pacientes também.
Tanto profissionais como pacientes/clientes devem ter privacidade, boa conexão de internet, usar headphones (facultativo) para facilitar a concentração e entrega à sessão.
Na prática da terapia online é necessário ter a sensibilidade de perceber se a pessoa em acompanhamento beneficiaria mais de um acompanhamento presencial devido, principalmente, à sua estrutura de personalidade, doença mental grave e/ou ideação suicida muito exacerbada e eminente.
As vantagens económicas, desbloqueadoras de resistências e de facilidade de ligação entre psicólogo – paciente/cliente permite que sonhemos com uma maior saúde mental acessível a todos.
Permite que vivamos um presente eficiente de recursos.
Permite que juntemos lugares a consultórios, profissionais de saúde a pessoas que deles possam precisar e com isso seguir em vidas mais plenas, mais seguras, mais conscientes. Permite assim, sem arrogâncias nem utopias, que sonhemos com um mundo melhor. Conte com o meu auxílio através de consulta presencial ou online.
Na nossa sociedade só tratamos de assuntos importantes quando uma tragédia acontece. Só se discute a importância de limpar as matas e florestas quando há fogos e se perdem vidas, só se fala de violência doméstica quando os números são assombrosos e só se fala de depressão e saúde mental quando os casos são mediáticos. Cabe a cada um de nós mudar esta realidade.
Enquanto continuarmos a desvalorizar a depressão e a doença mental, enquanto continuarmos a avaliar a felicidade e o bem-estar através das fotografias que temos nas redes sociais, não só não evoluiremos enquanto sociedade, como nunca seremos capazes de nos ajudar a nós ou aos outros. Nunca me fez tanto sentido a ideia de nos regermos por uma atitude de não julgamento e do erro que é acharmos que somos donos da verdade só pelo que vemos. Nunca devemos tomar por garantido que sabemos o que o outro sente, pensar por o que está a passar.
Em Portugal, a depressão e os transtornos ansiosos têm aumentado de forma significativa nos últimos anos, sendo acompanhado pelo aumento do consumo de medicação anti-depressiva e ansiolítica.
Em alguns casos, esta medicação é necessária, contudo, deve haver sempre a possibilidade de acompanhamento em psicologia, pois a medicação atua apenas no sintoma e não na causa.
O trabalho psicoterapêutico é central para o tratamento destas psicopatologias, que têm na sua génese crenças, pensamentos e emoções que se perpetuam e alimentam comportamentos e padrões disfuncionais. Centra a terapêutica na medicação, faz com que muitas vezes se perca a oportunidade de sentir e pensar sobre a nossa vida, sobre os nossos pensamentos, sobre os nossos objetivos e sonhos. Adormecer a dor e os sintomas, adormece também a nossa mente.
Quantas vezes já ouvimos ou dissemos a alguém que está triste ou ansioso, “isso vai passar” ou “tem calma, respira fundo”? O nosso “querer ajudar” é muitas vezes um reafirmar da dor e do problema. Queremos normalizar a situação, mas o que fazemos é desvalorizá-la e criar no outro a sensação de que é errado ou inaceitável que se sinta triste ou ansioso.
É muito importante, principalmente no contexto deste ano de 2020, estarmos conscientes das nossas emoções, das nossas fragilidades, dos nossos receios e medos.
Nem por um momento devemos desvalorizá-los, culpar-nos da sua existência ou tentar contorná-los.
Sermos mais gentis e cuidadosos connosco é o primeiro passo para o nosso bem-estar, e socialmente temos o dever de desmistificar ideias como “só os malucos vão ao psicólogo”, “a medicação torna-nos seres sem emoções”, “precisar de medicação é uma fraqueza”.
A saúde mental é um bem tão precioso quanto desvalorizado. E a saúde mental não passa apenas pela inexistência de uma psicopatologia. É muito mais do que isso: é sentirmo-nos bem com as nossas escolhas, é sentirmo-nos amados nas nossas relações, é sentirmo-nos confiantes e motivados nas nossas profissões, é resolver e aceitar situações do passado, é mudar hábitos e comportamentos que sabemos serem negativos, é procurar a nossa felicidade dentro de nós.
Todos temos direito a cuidar da nossa saúde, a saber identificar sinais e sintomas e a ter a possibilidade de falar com um profissional que nos possa ajudar, de forma tão natural como quando marcamos uma consulta quando sentimos uma dor física.
Sente-se cansad@. Com falta de energia?
Sente pouco entusiamo nas tarefas do dia-a-dia?
Sente-se ansios@ e preocupad@?
Os seus padrões de sono e/ou alimentação têm sofrido alterações?
Sente que as emoções estão a flor da pele, e que isso tem consequências na relação com os outros?
Sente-se feliz?
Sente que quer dar um novo rumo à sua vida?
Estas são apenas algumas questões que nos permitem olhar para dentro, perceber quais as nossas necessidades e de que forma as dinâmicas do dia-a-dia afetam a nossa saúde mental. Nunca foi tão importante estarmos conectados connosco mesmos. Com tantos estímulos, afazeres e rotinas, esquecemo-nos das nossas necessidades, intenções, vontades e sentimentos. Esta avaliação, mesmo que dolorosa, só pode ser feita fazer por nós. Pensar sobre o nosso bem-estar psicológico é tão ou mais importante do que pensar na nossa saúde física, algo que fazemos com muito mais frequência. Está nas mãos de cada um de nós alterar este paradigma.