“Work-Life Balance is Bullshit - Work Less, Live More”
Sadhguru
Nesta frase, Sadhguru oferece uma introdução a uma reinterpretação profunda sobre este tema — em vez de tratar o “trabalho” e a “vida” como dois blocos separados, ele sugere ver tudo o que fazemos como vida. Isso pode ser libertador se o seu trabalho estiver alinhado com aquilo que você realmente valoriza. Mas, na prática, muitas pessoas ainda lidam com o cansaço, os limites e uma atenção limitada, de forma recorrente.
Então, aqui está uma forma de integrar a visão de Sadhguru sem perder o equilíbrio mental e emocional, que sinto como útil e aplico, em Consulta de Psicologia (Infantil, Adolescente e Adulto) e Coaching.
O teu trabalho precisa de ser vivido, e a tua vida precisa de ser trabalhada. E não existe tal coisa como trabalho e vida — é vida, simplesmente. Se o teu trabalho não for vida, porque deverias fazê-lo? O teu trabalho também é vida. A tua vida existiria se não houvesse trabalho? Não me refiro apenas aos aspectos económicos. Portanto, o trabalho é realmente parte da vida. Não façamos esta separação pelo sentir de que existe algo chamado trabalho e algo diferente chamado vida. Existem diferentes aspectos da vida, e eles precisam de ser cuidados. Isso acontece principalmente porque as pessoas partem sofrer cada vez mais com o próprio trabalho. Quem conhece a alegria da atividade não vai querer uma pausa.
O corpo físico precisa de uma pausa às vezes, mas se tu precisas de uma pausa do trabalho, isso significa que poderás estar a fazer algo com o qual não te importas de verdade.
As pessoas estão a tentar dividir a vida de modo a que o trabalho seja algo que se faz apenas pelo dinheiro e a família seja algo para tocar a vida das pessoas.
Em algum momento da tua vida, tu talvez sintas e desejes que as pessoas sejam tocadas pela atividade que tu realizas. Por exemplo, se tu fizeres um filme, gostarias de fazê-lo se ninguém quisesse assistir? Ou construir uma casa onde ninguém quisesse morar? Tu não gostarias de produzir algo que ninguém desejasse usar. De alguma forma, torna-se importante “tocar” a vida das pessoas. Esse aspecto não precisa de se restringir apenas à família. Pode se estender a todas as áreas da vida.
No entanto, tu deves sempre pensar-te em relação ao que te está a ser pedido. Qual é o nível de responsabilidade que te está a ser oferecido? Qual é a oportunidade de criar algo realmente valioso, tanto para ti quanto para todos ao teu redor? Qualquer trabalho que tu faças no mundo só será verdadeiramente significativo para ti se for capaz de tocar profundamente a vida das pessoas.
Neste sentido, e no contexto de Consulta Psicológica e de Coaching, é muito frequente este “conflito interno” com sintomatologia relativamente a estas áreas da vida.
Quer em contexto de Consulta Infantil, do Adolescente, do Adulto e de Coaching.
Tive a oportunidade de visitar e conhecer vários projetos de trabalho e de aprendizagem onde se aprende a ser feliz no trabalho que se escolhe fazer. Nestes diversos projetos que visitei em diversos países, como Escolas, Projetos Comunitários, Clínicas, etc., existia sempre uma Equipa de Happiness Managers, para poder trabalhar recursos internos, como competências psicológicas diversas e percursos educativos e profissionais, assentes numa autenticidade e felicidade, com a exploração do Self para melhor escolher atividades que se quisessem desenvolver em termos profissionais. Além disto, os ambientes eram de cuidado, funcionando o ambiente como um “cuidador” extra além dos que existem nas nossas vidas. Por exemplo, a arquitetura dos espaços, os ritmos de aprendizagem e de trabalho com base na respiração humana, o cuidado anímico através de uma nutrição amorosamente preparada e partilhada, nas reflexões de como fazer melhor e melhor contribuir para o outro e para o Mundo.
Por outro lado, na Learn2Be, Clinica de Psicologia e de Coaching nós os Psicólogos e os Coaches, tivemos a oportunidade de fazer a Mentor “Learn to Be Your Best” com o CEO, Psicólogo e Coach Miguel Gonçalves, da nossa mesma Equipa, que foi fantástica onde trabalhamos e exploramos estas questões, cada um de nós e em conjunto, para melhor vivermos a nossa vida, que inclui a nossa profissão, como vossos cuidadores. Fez toda a diferença, refletir e trabalhar estes recursos internos da nossa psique, para melhor contribuirmos nos nossos sistemas de vida, em que se inclui o ser Psicólogo/Coach.
Aproveitando esta reflexão, gostaria de partilhar convosco, algo que me preocupa e que foi parte do meu trabalho de pesquisa sobre Escolas Inovadoras, que é o facto de as nossas crianças e adolescentes, trabalharem tanto na Escola.
Deveria ser, além dos locais de aprendizagem e dos percursos de Orientação Vocacional de Perfil dos jovens e dos jovens adultos, uma das prioridades de desenho dos sistemas de vida, em que aprender não significasse sofrimento/esgotamento de recursos internos e tantas horas de instrução, por vezes, não inspiradora, de tantas avaliações de desempenho em formato numérico, e de tantas “horas vazias” que muitas das vezes são a base da sintomatologia partilhada em Consulta Psicológica. O mesmo se aplica aos Adolescentes e Adultos, nos seus locais de trabalho e profissões.
Quando começo por fazer uma Roda da Vida, quer com crianças, quer com adolescentes e adultos, dá para sentir, que muitas áreas da vida que nos permitem viver melhor e com mais consciência de nós e dos outros, estão completamente postas de lado, porque não há tempo. Quando também treinamos uma das Competências Psicológicas base (para mim), como o “Estado Seguro”, que é uma competência de auto-regulação física e emocional, que acaba por ser um exercício de “Grounding”, acaba por “saber muito bem flutuar neste estado de Flow”, ou fluir, em que emoção e pensamento estão equilibrados.
Assim, esta mensagem partilhada acima, faz-me sentido e acabo por trabalhá-la dentro de mim, a diário.
Neste sentido, também, tu, poderás fazer esta reflexão e talvez pensar sobre estes pontos importantes que partilho, aqui em baixo.
"Se você se esforçar constantemente para criar aquilo com que realmente se importa, esteja você em um local de trabalho ou na rua, sempre sentirá como se estivesse de férias"
Sadhguru
- Ver tudo como vida — mas não tudo como igual. Sim, tudo é vida. Mas:
– Algumas atividades nutrem-te.
– Outras drenam a tua energia
– Algumas tu escolhes.
– Outras são obrigações.
Reconhecer isto é saudável. Esta consciência ajuda-te a reorganizar o dia para que ele se torne mais harmonioso. A questão das prioridades.
- Alinhamento → Energia natural:
Um ponto importante é que, quando o teu trabalho está alinhado com os teus valores, tu não desejas fugir dele. Pergunta-te:
– Por que faço este trabalho?
-Isto importa para mim? Para quem serve? Que contributo traz?
– Qual parte disso tem significado?
Não precisas amar todas as tarefas. Mas se a direção geral é significativa, a energia nasce naturalmente. É a missão de contributo.
3- Precisas de descansar — mesmo que adores o que fazes. Mesmo quem ama profundamente o seu trabalho pode-se esgotar. O descanso não é sinal de preguiça. O descanso é manutenção. Pensa:
– Os músculos precisam de recuperação.
– A mente precisa de pausa.
– A criatividade precisa de espaço.
-Não descansamos porque odiamos trabalhar. Descansamos porque somos humanos.
- Substitui “equilíbrio” por “ritmo”
A ideia de equilíbrio perfeito pode ser angustiante. Em vez disso, procura ritmos saudáveis:
– Fases de foco profundo
– Pausas e renovação
– Conexão social
– Movimento
– Momentos de leveza e diversão
A vida parece-se mais com um ciclo de respiração, com momentos de concentração (inspiração) e momentos de expansão (expiração).
5- Cria micro-limites, não muros. Em vez de separares totalmente trabalho e vida pessoal:
– Estabelece pontos claros de parar;
– Cria rituais curtos de transição;
– Evita misturar tarefas de domínios diferentes
– Use um “interruptor mental” (uma caminhada, banho, anotação rápida, etc.). Na realidade, quando dizemos, que precisamos de desconectar, precisamos sim de conectar, connosco e com os nossos sistemas de vida. Desconexão é sobreviver, conexão é viver.
Isto ajuda o sistema nervoso a mudar de modo com mais facilidade.
- Confia mais no teu estado interno do que na tua agenda. A questão real não é quantas horas tu trabalhas — é como tu te sentes enquanto vives essas horas. Pergunta semanalmente:
– Estou a sentir-me vivo(a)?
– Estou a sentir-me preso(a)?
– Estou conectado(a)?
– A minha energia está sustentada?
O teu corpo e as tuas emoções são mais honestos que o relógio.
Em essência:
Tu não precisas de um “equilíbrio entre trabalho e vida”.
Tu precisas de uma vida que não pareça um conflito interno.
A visão de Sadhguru convida a dissolver esta fronteira.
O teu bem-estar convida a respeitar os teus limites.
As duas verdades podem coexistir lindamente.
Faz uma vida feliz!
Simone André da Costa
Psicóloga