Temos uma equipa de profissionais nas áreas de Psicologia e Coaching, preparados para o auxiliar na sua vida!
Seja o melhor de Si_
Miguel Gonçalves
Diretor Clínico do Learn2be
Atravessamos uma das fases mais desafiantes das nossas vidas. A atual pandemia de Covid-19 é desafiadora em vários sentidos. É-nos exigida uma adaptação rápida à nova realidade, uma mudança de paradigmas e uma revisão dos nossos hábitos.
Nas famílias, pais e mães profissionais vêem-se confrontados com uma nova forma de trabalho – o teletrabalho. Reiventaram-se e adaptaram-se, da melhor forma que conseguiram, no sentido de encontrarem as melhores formas de trabalharem e, simultaneamente, educarem e gerirem as necessidades dos seus filhos.
Pais e filhos convivem agora 24h por dia entre aulas online, telescola, brincadeiras, tarefas, explicações, actividades físicas, reuniões, teletrabalho, avaliações, tarefas domésticas e algum descanso.
É importante perceber que o novo modelo de vida e estas novas dinâmicas familiares fazem cada pai e mãe refletir sobre a sua relação consigo mesmo e com a sua família. Certo é que se não estão bem consigo próprios, não estarão com ninguém, inclusive com os seus filhos.
As relações, nos últimos tempos, tornaram-se mais intensas. Esta intensidade reflete-se, inevitavelmente, na saúde mental e na diminuição do autocuidado.
O burnout parental está relacionado com o extremo cansaço sentido por pais e mães. Traduz-se na exaustão, distanciamento emocional, mudanças de humor, irritabilidade, falta de paciência, dificuldade em gerir emoções, sentimento de incapacidade e incumprimento do papel de pais. Esta não é uma situação exclusiva da mãe. Também o pai a sente.
As causas são diversas, mas, regra geral, estão aliadas à sobrecarga de funções dos pais. Voltando ao início, o teletrabalho tem contribuído sobremaneira para o desenvolvimento e agravamento deste sindroma. Quando pensamos na vida pré-quarentena, recordamos que o contacto diário com os filhos era menos intenso, motivado pelas vidas profissionais e educacionais de um lado e outro. Agora tudo mudou. Na maioria das situações, nunca pais e filhos conviveram durante tanto tempo, no mesmo espaço, num momento de tantas incertezas.
Apesar de estarmos longe de medir totalmente os impactos da Covid-19 na nossa sociedade, começamos a poder observar algumas mudanças. Percebemos também que foi necessário desacelerar. De fato, estávamos num ritmo de vida acelerado e numa espécie de “piloto automático”.
Porém, e voltando aos pais, estes mostram hoje, neste “novo normal”, um sentimento de culpa e irritação por não acompanharem devidamente a educação dos seus filhos, por não terem paciência, por assumirem novas funções, por considerarem que não lhes dão a segurança necessária e as certezas de um futuro melhor.
Hoje, como no passado, o importante não é a quantidade, mas sim a qualidade do tempo dedicado aos filhos. Mais do que estar permanentemente com os filhos, é importante dar-lhes também o seu espaço, permitindo-lhes também desenvolverem as capacidades de estar sozinhas e gerir o seu tempo e emoções. Também elas vivem esta mudança repentina.
E, não sendo possível mudar uma situação, há que encará-la e olhá-la de forma diferente. Mude a forma de ver a situação.
Não procure resposta para tudo. É preciso saber lidar com as incertezas. Não existem pais perfeitos. Nós não temos pais perfeitos. Não somos pais perfeitos. Não temos filhos perfeitos.
É importante ter cuidado para não repetir o modelo dos seus pais, ou seja, educar como foi educado. Cada família terá as suas características distintas e únicas. Selecione o que considera que faz sentido para si. Ser um modelo de pai ou de mãe não é uma exigência, nem tampouco uma meta.
Conversem mais. A comunicação resolve o conflito. Procure a comunicação assertiva. Elimine a comunicação tóxica. Estimule a escuta ativa e não a defensiva. Ouvir para compreender e não para defender. Baixe a guarda. Perceba que podemos aprender muito com os nossos filhos e que estes podem ajudar-nos no nosso processo de desenvolvimento.
Sempre que possível, guarde um tempo para fazer algo que lhe faz bem. Relaxe!
Procure baixar o nível de exigência consigo. Fique atento às autocríticas e julgamentos. Se os pais tendem a ser perfeccionistas, irão projetar nos filhos essa expectativa de perfeição, serão demasiado críticos e julgadores.
É importante perceber que a rotina e organização podem aumentar a obediência dos filhos que passam a ver o dia estruturado e a ter uma maior sensação de segurança. Os filhos podem realizar tarefas em família, participando nas tarefas, de forma a sentirem-se incluídos. Provavelmente, com a experiência de participarem na elaboração de determinadas tarefas, respeitarão melhor as regras, perceberão melhor os objetivo da rotina, organização e regras.
Os pais precisam dizer “não” sem culpa. Dizer “não” é também amar. Precisam estar atentos na forma como dizem “não”, a qual fará toda a diferente. Os filhos precisam aprender a lidar com limites, os quais fazem parte da vida. Sim, todos precisamos de limites, de respeitar regras, ser responsáveis, inclusive as crianças. Porém, a flexibilidade é também necessária. É necessário não ser rígido, – ponderar e encontrar um equilíbrio são fundamentais.
Se considera que está a atravessar uma dificuldade neste sentido, se sente angústia por não conseguir resolver a situação, procure ajuda de um profissional. Falar sobre o que sente é o melhor remédio para aliviar a dor, resolver os seus problemas e superar os desafios.
Cuidar das suas crias é um elemento central da vida de algumas espécies animais, particularmente os mamíferos. O cuidado parental, particularmente desenvolvido nos humanos, adquiriu ainda maior relevância quando estes se foram agrupando em pequenas unidades constituídas por laços de sangue, as famílias. Garantir as necessidades imediatas dos filhos e, preparar o seu futuro como seres independentes, constituem funções sociais muito importantes nos humanos.
A complexidade das estruturas sociais, a diversidade de papéis, as modificações dos tipos de famílias desafiam atualmente a educação parental.
Compreender e responder à enorme diversidade de questões colocadas pelos filhos tornou-se uma competência sofisticada e difícil.
Assegurar o desenvolvimento da personalidade e a independência resulta do contributo de vários fatores.
O temperamento, conjunto de caraterísticas biologicamente herdadas, as experiências vividas ao longo dos primeiros anos de vida, nas quais se destacam as vividas com os cuidadores, habitualmente os pais, e as caraterísticas dos ambientes onde o indivíduo cresce, pelas oportunidades e experiências que disponibilizam e pelo conjunto de referências culturais e ideológicas que transmitem.
A capacidade de um ser biologicamente humano se transformar verdadeiramente num indivíduo humano depende muito da possibilidade de este usufruir de um ambiente humano.
A qualidade humana de um ambiente é assegurada pela existência de relações que conduzem ao estabelecimento de vínculos afetivos entre as pessoas.
Uma evidência desta realidade foi dada pelos casos de Victor de Aveyron, conhecido como menino selvagem, e de Amala e Kamala, conhecidas como as crianças lobo. Todos eles biologicamente da espécie humana não concretizaram o desiderato de se tornaram pessoas pela falta de contato com outros humanos. O caráter decisivo das relações humanas no desenvolvimento de crianças e adolescentes valoriza o contributo dos cuidadores e, consequentemente, coloca o comportamento parental no epicentro desse desenvolvimento.
O modo como os pais realizam o seu papel de cuidadores fornece um contributo diferencial na construção da personalidade dos filhos.
Apesar da relação ser uma condição necessária, ela não é suficiente para garantir o desenvolvimento psicológico. Não basta haver uma relação afetiva pois a atividade parental deve assegurar um conjunto de condições decisivas para a formação da personalidade e do caráter dos filhos. Entre elas, destaco a aquisição da segurança interna suficiente para existir a iniciativa, exploração e persistência capazes de garantir as aprendizagens e competências significativas. Outra competência imprescindível consiste na autonomia e independência suficientes para a inclusão afirmativa nos contextos sociais. Um terceiro fator muito importante á a construção da empatia e integridade necessárias a uma sensibilidade socio-emocional e moral.
É fundamental que os pais sejam carinhosos com os seus filhos pois o afeto constitui a base que sustenta e regula as relações humanas. O conteúdo de uma ação parental pode sempre fazer a diferença, mas a ausência de uma forma afetiva e de cuidado nessa ação pode aniquilar o objetivo em causa e prejudicar o desenvolvimento do filho. Porém, o afeto e o cuidado devem ser complementados com uma atitude de supervisão que promova o autocontrolo e assegure a aquisição da segurança interna necessária. Esta segurança tem de estar acompanhada de um sentido de autonomia que permita à criança e ao adolescente irem construindo e afirmando a sua personalidade. A supervisão, mais que orientada para o comportamento presente, deve ter uma orientação futurista de modo a garantir as condições que permitem a confiança para explorar o mundo, a iniciativa para efetuar as aprendizagens necessárias à transformação desenvolvimental e à independência progressiva.
Deste modo, o estilo parental mais favorável é aquele que equilibra afeto e cuidado com uma supervisão clara e promotora de autocontrolo e autonomia. Os pais devem interagir a proximidade afetiva e o cuidado com uma atitude que permita a expressão espontânea de sentimentos e necessidades; e, devem fazê-lo num contexto delimitado pelas regras apenas necessárias. Quando os pais conseguem equilibrar estas componentes os filhos mostram habitualmente maior segurança, responsabilidade, autonomia e independência.
Ambas as componentes têm um efeito significativo no comportamento das pessoas, incluindo as ações parentais. Conhecer os próprios valores e crenças e compreender como eles interferem na atividade parental permite aos pais aumentar a consciência do seu estilo educativo e dos efeitos que ele causa nos seus filhos. Deste modo, o autoconhecimento traz um valor acrescentado para o treino comportamentos parentais positivos de forma sistemática e orientada para objetivos claros. Estas duas valências, particularmente no processo de Coaching Parental, fazem com que este seja uma ferramenta particularmente atrativa para os pais.
Os filhos modelam os comportamentos que observam nos seus pais pelo que a capacidade firme para tomar decisões e resolver problemas é fundamental para os filhos desenvolverem atitudes positivas e construírem um valor pessoal (autoestima) estável e positivo. A forma como os pais ajudam os filhos a regular as suas ações de forma a alcançarem os seus objetivos, a assumir a responsabilidade das suas decisões, a lidarem com as situações desafiadoras ou complexas, a respeitarem os direitos e necessidades dos outros, é crucial para formar indivíduos com capacidade de resposta adaptativa às exigências da sociedade contemporânea.
Assegurar uma parentalidade positiva requisita capacidades parentais de escuta, compreensão, respeito e valorização das opiniões dos filhos, transmitindo um modelo de compreensão empática. Também fundamentais são as atitudes de apoio e incentivo à autonomia, responsabilidade e independência contributivas da formação de uma identidade positiva. Ainda indispensável é o incentivo a acreditarem no seu valor pessoal.
Todas estas capacidades podem ser melhoradas através do processo de autoconhecimento e treino de competências disponibilizado pelo Coaching Parental. Conte com a minha ajuda neste processo.