O medo da rejeição é uma dor emocional que, não sendo visível aos olhos, precisa de ser reconhecida e tratada, tal como a dor de uma ferida física.
Segundo o Dicionário de Psicologia, o medo é uma emoção desencadeada por um estímulo que representa perigo para o organismo, e a rejeição é uma reação negativa de indiferença, afastamento ou hostilidade de uma pessoa para com outra, com quem supostamente deveria estar a desenvolver relações positivas.
Assim, a pessoa que tem medo da rejeição sente-se em permanente risco de deixar de ser amada ou aceite pelas pessoas próximas, ou até de ser excluída de um grupo.
Este medo da rejeição ou da exclusão pode ter diferentes causas. Pode resultar, por exemplo, do afastamento de um ou de ambos os progenitores durante a infância, ou de experiências de bullying. Pode ainda ter tido início na infância e sido reforçado na adolescência por eventos novos e diferentes. Mesmo sem um evento específico, o medo pode desenvolver-se durante a primeira infância, quando os pais ou cuidadores começam a introduzir o conceito do certo e do errado de forma impositiva e inegociável, rejeitando constantemente a naturalidade e a espontaneidade da criança.
A ferida da rejeição manifesta-se como uma dificuldade acentuada em iniciar ou manter relações pessoais ao longo do tempo, pois a pessoa não consegue confiar nem expor-se aos outros. O medo de vir a ser rejeitada ou excluída faz com que invista pouco nas relações, seja pouco natural na sua expressividade e se mantenha em estado de alerta quase contínuo, apresentando comportamentos de impulsividade, dependência ou evitação para não voltar a sentir-se excluída. Em contrapartida, pode também passar a fazer, cuidar e dar tudo, colocando-se sempre em último lugar em relação às pessoas que a rodeiam.
Como consequência, é a própria pessoa que evita confiar, entregar-se e construir relações mais duradouras ou profundas, para não dar aos outros o tempo ou o poder de serem eles a terminar a relação.
As pessoas que sentem o medo da rejeição são muto desconfiadas e, ao mínimo sinal de desconforto, reagem impulsivamente, chegando, por vezes, à agressividade. Se sentirem uma forte ameaça de rejeição, podem terminar a relação — seja ela amorosa, familiar, de amizade ou laboral — sem se aperceberem de que são elas próprias que não estão a investir na relação nem a comprometer-se com a mesma, limitando assim as suas vidas sociais.
Para tratar esta ferida e superar o medo da rejeição ou da exclusão, é necessário observar e analisar os seus comportamentos para perceber até que ponto não está a afastar os outros ou a desistir das situações perante as primeiras contrariedades.
Procure aceitar e compreender que essa é apenas uma forma de sobrevivência social, resultado de uma dor emocional. Cultive a autocompaixão, evite o autojulgamento implacável e seja acolhedor com a sua própria dor, tal como gostaria que fossem consigo, tratando-se com o respeito, a bondade e a compreensão com que gostaria de ser tratado.
Depois desta tomada de consciência, pode então começar a mudar atitudes como:
- Observar a qualidade da sua vida social, amorosa ou profissional e perceber que tipo de vida gostaria de ter.
- Refletir sobre de que forma as suas crenças e comportamentos contribuíram para a realidade atual, sem se culpabilizar.
- Perceber até onde vai a sua responsabilidade e o seu poder de escolha nesse processo de mudança que pretende iniciar.
- Iniciar um trabalho de autoconhecimento e ressignificação que o conduza a relações interpessoais mais saudáveis.
- Partir do pressuposto de que as atitudes dos outros nem sempre estão relacionadas diretamente consigo. Às vezes são “apenas” questões deles.
- Compreender que uma opinião é apenas uma opinião, seja sua ou de outra pessoa, e expressá-la exatamente como tal.
- Observar as suas particularidades e fazer uma lista das suas características positivas e negativas, com o objetivo de se perceber como um todo, pois tanto umas como outras podem ser ajustadas e, na maioria das vezes, até se complementam.
- Fazer uma lista de tarefas, experiências e desejos que gostaria de concretizar a curto, médio e longo prazo, e começar a realizá-los um por um. Isto vai ajudar a reforçar a confiança na sua capacidade de execução.
- A cada “não” ouvido, analisar ou perguntar o que faltou para o “sim” e, se fizer sentido, procurar ajustar e continuar em busca desse “sim”.
- Agradecer sempre cada “não” recebido, pois ele dá-lhe a oportunidade de reajustar até conseguir o ”sim”.
- Sempre que possível, procurar ajuda e opiniões de pessoas com experiências diferentes, para obter perspetivas diferentes.
- Trabalhar as suas inseguranças e desafiar-se a fazer coisas novas ou diferentes.
- Lembrar-se de que desistir é, quase sempre, o caminho mais fácil. Seja resiliente e perseverante.
- Fazer sempre o seu melhor — isso é o bastante. Lembre-se sempre de que Feito é melhor do que perfeito, até porque a perfeição, em si, não existe
- Substituir o diálogo interno negativo por frases como: “Eu consigo!” ou “Eu confio na minha capacidade de execução”.
- Praticar atividades físicas e meditação para ajudar a controlar a ansiedade que o medo costuma gerar.
- Preservar as boas amizades e criar novas
- E, por fim, se sentir que está a ser difícil, procure ajuda profissional. Marque uma consulta e permita-se ser o melhor de si!